Diversão e Arte

Mostra traz obras do ícone da pintura latino-americana Armando Reverón

Nahima Maciel
postado em 08/12/2012 11:56
Reverón gostava das tonalidades envelhecidas que davam à pintura um ar antigo: ideias impressionistas

A excentricidade que fez de Armando Reverón uma figura à parte na história da arte latino-americana vai tomar a galeria principal do Museu Honestino Guimarães, amanhã. A mostra Relâmpago capturado traz a Brasília 174 obras de um dos mais bem guardados segredos da arte da América do Sul. O nome de Reverón é hoje conhecido, mas não chega a ser tão difundido quando o de Torres Garcia ou Diego Rivera. Nascido em Caracas no final do século 19, em uma família abastada, Reverón rompeu com a academia para buscar uma expressão autêntica e genuína, sem amarras que o atassem a um estilo ou o associassem a uma escola. Para tal se exilou em Macuto, um balneário no Caribe onde pretendia construir um espaço propício à criação, espécie de cenário povoado de objetos construídos para não terem utilidade alguma. Conseguiu se tornar uma expressão bastante particular na produção da América do Sul.

A condição de isolamento ajudou a manter a obra do artista restrita à Venezuela até o final do século 20, quando Reverón começou a ser descoberto pelo hemisfério norte como pioneiro da vanguarda venezuelana. Com curadoria de Wagner Barja, diretor do Museu da República e responsável por selecionar as obras na Galería de Arte Nacional (GAN), em Caracas, Relâmpago capturado foi inaugurada ontem como parte da programação da cúpula do Mercosul, que vai discutir a entrada do Equador e da Bolívia no grupo. Barja conta que a ideia da exposição foi de Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores, que desejava um evento marcante para celebrar o encontro. ;Eu não queria fazer uma coisa política, queria algo artístico e ele (Patriota) deu a ideia do Reverón;, explica o curador. ;Selecionei objetos, desenhos, pinturas e muita fotografia, porque a vida dele se transformou num acontecimento e foi muito documentada.;

Artista construía bonecas que, muitas vezes, serviam como modelos

O estilo luminoso, o aspecto diáfano e a falta de contornos claros das figuras e paisagens pintadas por Reverón alimentaram a ideia de que ele seria um impressionista dos trópicos, mas Barja prefere falar em pós-impressionista e pré-abstracionista. ;Ele tem essa modernidade implícita, é um pré-vanguardista;, explica. A pintura era uma espécie de resultado final de um processo que começava nos delírios do artista. Em Macuto, ele construiu o Castillete, uma vila na qual ergueu o ambiente necessário à sua criação.

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