Futebol Americano
Marcelo Gomes, de Recife (PE) 1y

A história de um pai que criou o Retrô FC para fazer dos dois filhos jogadores profissionais

Empresário da educação cria o Retrô FC Brasil para que os filhos, adolescentes, tornem-se jogadores de alto nível


Laércio Guerra bem que poderia ser filho de um coronel rico e poderoso do Nordeste do Brasil, mas não é.

Aos 45 anos, ele é o tipo de cidadão que obteve com o trabalho e a própria criatividade sua ascensão profissional.

Filho de taxista e costureira, Laércio saiu do subúrbio do Recife para vender remédios em consultórios médicos até virar um empreendedor na educação.

Em 2007, teve a ousada ideia de criar uma universidade particular.

Começou alugando duas salas comerciais na capital pernambucana até chegar hoje a um conglomerado de campos universitários, com mais de 35 mil alunos e dezenas de cursos.

Assim, ficou milionário e tornou-se poderoso, inclusive no mundo do futebol.

Tudo porque resolveu criar um clube do zero para tornar realidade o sonho dos dois filhos, Diego e Cauã (o Cacau), que almejavam jogam profissionalmente.

Essa é uma história de pouco tempo e muito sucesso, que o empresário nem sabe ao certo quantos milhões investiu até agora.

“Começamos com um time de futsal, que deu muito certo e ganhou tudo que disputou nas competições do Norte e do Nordeste. Aí eu me entusiasmei e resolvi montar um novo time, com grandes pretensões”, disse Laércio.

Torcedor fanático do Sport, ele chegou a ser diretor de futebol do clube rubro-negro, mas depois que fundou o Retrô FC Brasil, há pouco mais de seis anos, se viu obrigado a torcer integralmente pelo time que montou.

Hoje, o Retrô não é apenas um clube que visa tornar os filhos do dono em jogadores profissionais. As pretensões vão muito além dos sonhos de família.

Trabalham no clube mais de 400 atletas que, assim como Diego e Cacau, sonham em brilhar no mundo da bola.

Por lá existem muitas crianças e adolescentes de comunidades carentes, a maioria oriunda de várias cidades das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Para fazer parte do clube, os sonhadores têm que seguir uma cartilha criada pelo próprio dono do Retrô, que não abre mão de algumas condutas.

São regras como respeito aos funcionários e companheiros, não fazer corpo mole em treinos e jogos, não cair em campo, não fingir contusões, não praticar antijogo, respeitar os métodos do clube, que preza pelo futebol ofensivo, criativo e solidário, entre outros.

Laércio criou a filosofia de resgatar a velha e, segundo ele, a boa escola do futebol brasileiro, aquela do drible, da ousadia, da criatividade e do show com a bola no pé.

“A ideia era retroagir ao futebol antigo. Eu senti que o futebol brasileiro estava ficando chato, mecanizado. Minha proposta é resgatar a nossa identidade, aquele cara de canela fina, do drible. A gente criou pilares fundamentais baseados nisso”, disse.

Um oásis da bola

Quem chega pela primeira vez no centro de treinamento do Retrô, no bairro Aldeia, no município de Camaragibe, na região metropolitana do Recife, se impressiona.

Como muitos chamam por aqui, o CT é a “Europa Nordestina”, a “Disneylândia do Futebol”, afinal a estrutura é de causar inveja a maioria dos clubes do Brasileirão.

São dez campos de futebol, hotel, refeitórios, auditório, academias, espaço para fisioterapia, consultório odontológico, psicólogo, podólogo, consultório médico, enfim.

Aliás, quando se fala em captação de talentos, o Retrô não só lapida as pérolas que chegam ao CT como também premia os garimpeiros, aqueles profissionais responsáveis por descobrir os mais variados craques para as mais variadas posições.

“Nós temos um sistema de captação muito diferente e solidário. Hoje, o cara está lá no Amazonas, no Acre. Ele filma o atleta e manda pra gente. Temos três avaliadores que podem pedir mais informações. Se o atleta for aprovado, ele passa um mês aqui em avaliação, com toda a assistência médica. Sendo aprovado, a gente premia o descobridor”.

“Por exemplo, recentemente nós vendemos dois atletas, um para o Red Bull Bragantino e outro para o Botafogo. A gente partilha o valor com o cara do projetinho lá do início. É uma forma solidária de encarar o processo, incentivar e ser justo”, completou Laércio

Os resultados desse gigantesco e ousado investimento poderão ser vistos na Copa São Paulo de futebol júnior, que começa em janeiro de 2023.

O Retrô vai participar, e o filho mais velho de Laércio, Diego, jogará. Ele tem 16 anos e assinou nesta semana o primeiro contrato profissional com o clube.

Ou seja, também poderá estar em campo no Estadual contra os três grandes do futebol pernambucano, além da Série D e da Copa do Nordeste.

Então, fiquemos de olho no modelo de jogo e nas joias raras do empresário, dono do time que sonha lançar para o cobiçado mundo do futebol, dois filhos craques.

^ Ao início ^