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Por Jornal Nacional


Professora brasileira é uma das dez finalistas do maior prêmio de educação do mundo

Professora brasileira é uma das dez finalistas do maior prêmio de educação do mundo

Uma brasileira de São Paulo ficou entre os 10 finalistas do principal prêmio para professores do mundo, considerado um Nobel da educação. Aqui, no Brasil, o Global Teacher Prize é parceiro do Prêmio Educador Nota 10, que tem a participação da Globo, da Abril e das Fundações Roberto Marinho e Victor Civita.

É uma janela nova na vida da Débora. A professora vê agora um mundo diferente do que está acostumada. Homens e mulheres com roupas longas, cobertos da cabeça aos pés. E quantos prédios gigantes e ultramodernos no meio do deserto. Assim é Dubai, nos Emirados Árabes.

“É uma cidade espetacular. Muito diferente. A gente olha pela janela do quarto e fala: mas é um deserto mesmo? E tudo isso construído? É sensacional”, diz Débora Garofalo, professora de tecnologias.

Esses olhos que agora se surpreendem com o mundo árabe são os mesmos que, uma vez, no Brasil, enxergaram o que quase ninguém costuma dar bola: o lixo. Débora juntou esse olhar com o que ela sabe fazer de melhor: ensinar.

Ela é professora na Escola Municipal Almirante Ary Parreiras, em São Paulo. Começou a recolher sucata pelas ruas da cidade e trazer para a sala de aula para ensinar robótica aos estudantes de 6 a 14 anos. A escola fica perto de quatro favelas conhecidas pela violência e com sérios problemas de despejo de lixo.

“Eles começaram a me relatar que eles não iam para a escola em dia de chuva por causa da questão do lixo. A rua da escola, o muro da escola, era um muro tomado de lixo. Era necessário fazer alguma coisa”, contou Débora.

O resultado saiu das mãos dos alunos: robôs, controles remotos e diversos protótipos do que os estudantes mais gostam: carrinhos, aeronaves, barcos, até máquina de refrigerante. Eles já aproveitaram mais de uma tonelada de materiais recicláveis das ruas. Hoje, dois mil estudantes atuam na comunidade como agentes defensores da sustentabilidade. É alegria no rosto e um legado que ninguém nunca mais vai tirar desses jovens: o saber.

“Ela ensinou a gente a nos reeducar com o lixo: reutilizar, reciclar e fazer tudo certinho, tratar o lixo melhor”, diz Jayne, aluna de Débora.

Em Dubai, onde é impossível não notar o sol, uma vez ao ano as atenções se voltam para o brilho de outros astros: dez professores, de diferentes países, mostram os projetos que desenvolveram em suas comunidades que transformaram o jeito de ensinar e, de quebra, eles vêm concorrer ao prêmio de melhor professor do mundo.

Débora foi selecionada entre 30 mil professores de todo o planeta. Eles concorrem a US$ 1 milhão para investir em educação. O Global Teacher Prize é parceiro do Prêmio Educador Nota 10, de que a TV Globo faz parte em parceria com a Editora Abril e as Fundações Roberto Marinho e Victor Civita.

Juan Manuel Santos, Prêmio Nobel da Paz e ex-presidente da Colômbia, disse que o evento é um incentivo para a excelência dos professores latino-americanos.

“Todos nós, brasileiros, já somos vencedores”, disse Débora.

A entrega do prêmio, em Dubai, foi na noite de domingo (24) - uma cerimônia de gala concorridíssima - num fórum mundial sobre educação com participantes de 144 países.

O ator Hugh Jackman, apresentador do prêmio, brincou com ela: “Não chore ainda, temos muita coisa pela frente”.

O vencedor foi o queniano Peter Tabichi, que dá aula para jovens muito pobres na área rural desértica. Mesmo com pouquíssimos recursos, eles se superaram e venceram a competição nacional de ciências do Quênia.

“Ver os pequenos se engrandecerem. É a hora em que todos professores se tornam campeões. Nada mais prazeroso para quem, todo dia, tem a arte de ensinar como uma missão”, diz o vencedor.

“O nosso sonho não acaba aqui. Ele só está começando”, completa Débora

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