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Caixa faz reestruturação e servidores alegam descaso: “Não tem conversa”

Empregados estão sendo “descomissionados” e deverão perder boa parte da remuneração mensal que ganham atualmente

atualizado

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Raimundo Sampaio/Esp. Metrópoles
Caixa Econômica Federal
1 de 1 Caixa Econômica Federal - Foto: Raimundo Sampaio/Esp. Metrópoles

A Caixa Econômica Federal apresentou, no início desta semana, um processo de reestruturação no banco que pegou os empregados de surpresa, uma vez que os servidores não teriam sido avisados com antecedência. Os bancários afirmam que estão sendo “descomissionados” (perda de cargos em comissão e funções) da noite para o dia, o que gerou um clima de apreensão na empresa.

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) estima que mais de 170 imóveis não terão os aluguéis renovados ou serão vendidos. Com isso, empregados chegaram para trabalhar nesta semana e não sabiam para onde seriam transferidos, além estarem vivendo a incerteza de ter o salário reduzido.

Na prática, todo servidor ingressa na Caixa Econômica Federal com a função de técnico bancário. Com o tempo, esse trabalhador é promovido gradualmente e passa a receber, além do salário de técnico bancário, mais uma gratificação, que pode chegar, segundo o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, a quintuplicar o valor base.

Com a reestruturação, servidores têm sido convidados a se realocar em outros setores. Os empregados alegam, porém, que as áreas estão todas “bloqueadas”, restando apenas a função de técnico bancário. Isso faz com que trabalhadores que, por exemplo, dobravam a renda por causa da comissão tenham a remuneração reduzida.

As mudanças devem acontecer nas áreas das vice-presidências de Rede de Varejo (Vired), Tecnologia e Digital (Vitec) e Logística e Operações (Vilop). Gerências de Tecnologia (Gitec), de Logística (Gilog), de Segurança (Giseg) e de Alienação de Bens Móveis e Imóveis (Gilie) terão as filiais extintas e parte das atividades serão transferidas.

A reestruturação também atinge as gerências-executivas de Governo (Gigov) e de Habitação (Gihab), responsáveis pelo planejamento urbano dos municípios. Procurada, a Caixa confirmou o processo de reorganização das estruturas administrativas existentes, mas não disse quantos servidores serão atingidos pela medida.

“Além disso, com o objetivo de fortalecer a governança, economicidade e melhor gestão dos recursos públicos, o banco está trabalhando na devolução de prédios e implantação do trabalho em regime remoto, sempre com ações que respeitam os empregados e que objetivam o aumento da eficiência”, completou.

Servidores ouvidos pelo Metrópoles contestam a versão de que o banco tem respeitado os empregados. Ao estimar que milhares de bancários deverão ser prejudicados (hoje a instituição tem cerca de 84 mil funcionários), Takemoto diz que a atual gestão tem sido “caracterizada pelo autoritarismo”. O banco é presidido por Pedro Guimarães.

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“É uma coisa absurda. É como se a Caixa dissesse ao empregado: ‘Se vira para achar um lugar para trabalhar’. Esta gestão está sendo caracterizada pelo autoritarismo, pela falta de preocupação com o ser humano. Além do mais, as principais áreas atingidas são responsáveis pelo principal papel da Caixa, que é o social”, diz.

Uma fonte, que pediu para não ser identificada, se diz “vítima” da reestruturação de Natal promovida pelo banco. Ela trabalha há mais de uma década na empresa, a maior parte como comissionada. “Me parece uma tentativa de empurrar os empregados para essa coisa do desemprego mesmo”, afirmou, ao Metrópoles.

Ela conta que, com o “descomissionamento”, terá a remuneração mensal reduzida em 60%. Agora, vai tentar o processo de lateralidade e planeja se mudar para outra cidade. “Isso impacta a minha vida. O salário de técnica bancária não paga meu aluguel. Vou ter que pagar multa do meu contrato de locação”, relata.

“As coisas na Caixa Econômica não estão sendo transparentes. Não teve conversa, não teve nada. Foi uma coisa bem arbitrária mesmo. O RH [Recursos Humanos] mandou uma lista, mas todas as áreas estão bloqueadas, a única opção é que os empregados estão indo para as agências”, prossegue.

Por causa disso, a Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal de São Paulo (Apcef-SP) enviou ofício à presidência da Caixa, às vice-presidências de Pessoas (Vipes), de Rede de Varejo (Vired), de Tecnologia e Digital (Vitec) e de Logística e Operações (Vilop) cobrando explicações sobre as informações à respeito da reestruturação.

“É imprescindível que todo e qualquer processo que interfira na vida funcional dos empregados seja debatido com os representantes dos trabalhadores, o que a Caixa tem ignorado sumariamente. A direção não tem sido transparente, o que é um imenso desrespeito aos empregados”, reforça o diretor-presidente da Apcef-SP, Leonardo Quadros.

A Caixa iniciou, na quarta-feira (2/12), um novo prazo para adesão ao Programa de Demissão Voluntária (PDV). Em 9 de novembro, o banco já havia aberto um PDV com a expectativa de que cerca de 7,2 mil funcionários deixassem a instituição. O período para aderir ao programa se encerrou no último dia 20, mas somente 2,3 mil empregados resolveram sair da empresa pública.

O prazo para adesão foi estendido até o próximo dia 11. Os empregados serão desligados até o fim do ano, com direito a um incentivo financeiro equivalente a 9,5 remunerações base. Poderá fazer parte quem atender aos requisitos do programa como também quem já se planejou para aposentadoria ou desligamento.

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