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Cérebro; inteligência emocional ; estudos da mente ; mudança de comportamento ; carreira ;  (Foto: Dreamstime)

A tecnologia que pode tornar isso possível é a interface cérebro-computador (sigla em inglês: BCI) (Foto: Dreamstime)

Hoje em dia não é raro sentir que as big techs estão lendo sua mente. Depois de mencionar ou pensar “eu quero comprar esse casaco”, por exemplo, rapidamente o mesmo aparece no seu feed de redes sociais, como Instagram e Facebook. Apesar de essa relação ser explicada pela coleta de milhares de dados externos a partir de cliques, pesquisas, curtidas, conversas, compras e etc, as empresas de tecnologia podem no futuro realmente ter acesso a informações coletadas diretamente do cérebro.

A tecnologia que pode tornar isso possível é a interface cérebro-computador (na sigla em inglês, BCI). O BCI é um dispositivo que permite comunicação direta entre cérebro e máquina. Hoje está sendo desenvolvida por cientistas para ajudar pessoas com deficiências na comunicação. Mas empresas de tecnologia, como Facebook, já estão de olho nessas soluções.

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Em abril deste ano, um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco instalou dispositivos eletrônicos nos cérebros de cinco pessoas para gravar suas atividades cerebrais e o movimento de suas bocas enquanto liam livros infantis. Os dados serviram para treinar dois algoritmos: um para avaliar como o cérebro coordenava o movimento da boca e outro como os movimentos faciais resultavam em sons.

Os participantes foram convidados a ler novamente os livros, dessa vez apenas movimentando a boca, sem emitir som. O sistema de inteligência artificial conseguiu decifrar o que estavam dizendo e produzir versões sintéticas das frases.

Apesar de essa tecnologia estar em desenvolvimento para pessoas com problemas neurológicos, em 2017 o Facebook anunciou que investiria no seu próprio BCI para os usuários “digitarem com o cérebro”.

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Nesse meio tempo, a empresa começou a investir em pesquisas nessa área, incluindo o grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia. Num desses estudos, participantes deveriam responder em voz alta ao escutar perguntas de múltipla escolha. As respostas eram gravadas diretamente a partir de seus cérebros, as quais eram usadas para treinar algoritmos. Depois, os voluntários respondiam novamente às perguntas e o software transformava simultaneamente em texto.

Os resultados ainda estão longe do objetivo do Facebook de “ler” a mente de seus usuários. Segundo Marc Slutzky, professor de neurologia da Universidade Northwestern, decodificar discurso “imaginário” exigiria transformar pensamentos abstratos em linguagem – o que está longe de acontecer. "Se alguém imagina dizer uma frase, mas nem ao menos tenta articulá-la fisicamente, não está claro como e onde no cérebro a frase é concebida", diz ao jornal The Guardian.

Os sistemas atuais, segundo reportagem do The Guardian, ainda só funcionam como preditivos. Semelhante os usados nos assistentes de voz, Siri e Alexa, o software informa os algoritmos as palavras e consegue transformar um erro como “eu é” por “eu sou”.

Além de dificuldades técnicas, especialistas prenunciam restrições éticas. Enquanto os institutos de pesquisas são regulamentados para não compartilhar dados sensíveis dos participantes estudados, ainda não existe regras para as big techs.

O empresário Elon Musk, por exemplo, quer criar uma “simbiose com a inteligência artificial”. A sua empresa Neuralink quer instalar sensores no cérebro humano para conectá-lo a computadores e smartphones.

“Quando os BCIs decodificam a atividade neural em algum tipo de ação [como mover o braço de um robô], um algoritmo é incluído no processo cognitivo ”, afirma Adina Roskies, professora de filosofia na Universidade de Dartmouth. "À medida que esses sistemas se tornam mais complexos e abstratos, pode não ficar claro quem é o autor de alguma ação, se é uma pessoa ou uma máquina".

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