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Riscos à saúde marinha e humana: pesquisa do LABOMAR sobre óleo no mar do Nordeste é publicada em revista internacional

Em agosto e setembro de 2022, um novo derramamento de óleo no litoral do Nordeste despertou a atenção de cientistas de todo o País. Dentre as várias pesquisas sobre o caso lideradas pelo Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), da Universidade Federal do Ceará, uma acaba de ser publicada na revista Science of the Total Environment. O estudo alerta sobre os riscos do incidente para a cadeia alimentar marinha e para a saúde humana.

Bolas de piche (tarballs) coletadas para a pesquisa continham, em sua superfície, crustáceos da espécie Lepas anatifera, conhecidos como cracas. Os pesquisadores identificaram a contaminação desses animais por altos níveis de hidrocarbonetos de petróleo, materiais tóxicos, provocando riscos associados à ingestão por outras espécies marinhas ou, indiretamente, por humanos, uma vez que as cracas são consumidas por caranguejos, estrelas-do-mar e peixes.

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“Como alguns dos contaminantes presentes em petróleo são teratogênicos, carcinogênicos e de fácil bioacumulação, certamente se trata de um risco ecológico, além do fato de que qualquer substância exógena que entre na cadeia alimentar marinha significa risco para os seres humanos”, explicou o coordenador da pesquisa, Prof. Rivelino Cavalcante.

A coleta do material oleoso foi feita nas praias do Futuro, Icaraí, Cumbuco, Pecém e Almofala, no Ceará; e da Baía Formosa e Tabatinga, no Rio Grande do Norte.

Conforme aponta a literatura internacional, após um acidente com petróleo, décadas de monitoramento são necessárias. Portanto, a busca por respostas não para por aí. “Estamos agora avançando no impacto ecológico desse óleo em organismos de grande interesse comercial, como peixes, caranguejo e sururu, avaliando a influência desse acidente na saúde desses organismos e, consequentemente, na segurança alimentar”, explicou o pesquisador.

Imagem: Detalhe de uma bola de piche com cracas aderidas à superfície (Foto: reprodução do artigo)

Assinam o artigo, além do Prof. Rivelino, os também docentes do LABOMAR Luís Ernesto Arruda Bezerra e Laercio Lopes Martins; os alunos de pós-graduação em Ciências Marinhas Tropicais Luiza Mello, Adriana Nascimento, Beatriz Lopes e Antônia Lima. Como parceiros externos, estão a Profª Liana Mendes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; e os pesquisadores Luciana Bastos, Arlene Nossol e Mário Martins, da Federal de Uberlândia.

DERRAMAMENTOS INEXPLICADOS – Desde agosto de 2019, quando milhares de toneladas de óleo atingiram o litoral nordestino, a região tem sido alvo de repetidos derramamentos, cuja responsabilização e cujos impactos seguem sem a completa explicação, o que continua mobilizando a ciência.

Trabalhos como os do LABOMAR ajudam a desvendar esses desastres e despertam a atenção para a necessidade de melhorias no sistema de monitoramento das atividades petrolíferas.

A pesquisa publicada na Science of the Total Environment identificou, por exemplo, que o derramamento de óleo em agosto e setembro de 2022 não tem relação com os anteriores, uma vez que o material possui características diferentes, o que significa que um novo incidente ocorreu mesmo após o desastre de 2019.

Imagem: Desde 2019, repetidos derramamentos de óleo têm sido identificados e estudados (Foto: Agência Petrobras)

“A UFC vem se empenhando em trabalhar o antes, o durante e o depois de acidentes com material fóssil. De forma rápida, somos capazes de avaliar a similaridade entre óleos e as prováveis bacias nas quais eles foram formados. Na área de status de poluição ambiental, conseguimos atestar se o ambiente foi contaminado por óleo recentemente ou no passado”, explicou o Prof. Rivelino.

Pesquisas nesse sentido ocorrem, principalmente, no LABOMAR e nos Departamentos de Química e de Engenharia Química da UFC, que têm colaborado com os órgãos ambientais por meio de pesquisas de alto impacto.

Boa parte delas resultou em publicações. Em parceria com instituições norte-americanas, a UFC apontou, por exemplo, que o material derramado em 2019 não se tratava de óleo cru, e sim de combustível. Outro trabalho investigou se o material encontrado no litoral no início de 2022 tinha a mesma similaridade química que o de 2019, concluindo que se tratava de um novo derramamento.

Fonte: Prof. Rivelino Cavalcante, docente do LABOMAR e um dos autores da pesquisa – fone: 85 33667035 / e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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