Logo O POVO+
O país que nem uma pandemia consegue unir
Foto de Guálter George
clique para exibir bio do colunista

Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O país que nem uma pandemia consegue unir

Tipo Opinião
1204gualter (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 1204gualter

A política no Brasil, infelizmente, está optando por um caminho perigoso ao sinalizar negativamente em relação à necessidade que teria de, diante do momento dramático com o avanço do novo coronavírus, mostrar alguma capacidade de se unir diante de um inimigo comum. Tem acontecido, ao contrário, um esforço de muitos de manter incólumes as divergências e as diferenças ideológicas, o que inviabiliza uma concentração total no fundamental, que seria o combate à pandemia.

É uma situação que agrava muito o cenário brasileiro e aumenta o grau de incerteza em relação ao que nos espera mais adiante, quando a retomada da normalidade, social e econômica, começar a parecer possível. Uma sociedade dividida, que não consegue esquecer e relativizar diferenças políticas numa hora em que uma crise de saúde lança todos ao mesmo nível de perigo, certamente também não apresentará esforço de encontrar uma linha comum para percorrer quando o pior estiver sendo ultrapassado e a perspectiva de melhora se desenhar com mais clareza no horizonte.

Os países que conseguirem agora um alinhamento possível no seu ambiente político estarão em melhores condições de sair da crise muito mais rapidamente. Preocupa, assim, que nossa situação seja a que temos apresentado, sem que as forças envolvidas na disputa cega pelo poder aceitem qualquer espaço de folga nos seus objetivos, alheias a um quadro que atinge a todos os lados com a mesma forma e igual intensidade. O vírus já demonstrou que não faz distinção de qualquer nível, muito menos ideológica, quando decide atacar.

Uma postura diferente do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ajudaria bastante, considerando a dificuldade que ele tem apresentado de acenar para adversários e inimigos em direção a uma trégua, momentânea e curta que seja, estimulando seus apaixonados seguidores a fazerem o mesmo.

Quem está escolhido a nos conduzir em momento tão importante e que deveria ser o primeiro a apostar na união nacional, pelo cargo institucional que ocupa, insiste, infelizmente como um mau exemplo e por traçar um caminho que só tem levado o Brasil à divisão.

INVASÃO ADIADA

A ideia dos vereadores brasileiros era invadir Basília entre os dias 27 e 30 de abril próximo, naquela marcha anual que realizam sempre com uma pauta bem extensa de reivindicações. Ainda mais, como está previsto para 2020, tratando-se de um ano eleitoral. O evento, porém, está oficialmente suspenso e a nova data passa a depender do comportamento da pandemia nos próximos meses.

A FROTA OFICIAL

A prefeitura de Sobral apelou aos 21 vereadores locais para que cedessem os veículos oficiais que lhes servem no mandato para uso nas ações de combate ao novo coronavírus no município. No entanto, apenas 13 deles aceitaram o sacrifício e abriram mão do privilégio, o que tem gerado críticas do prefeito Ivo Gomes (PDT) aos oito que recusaram o apelo. Cabe perguntar, até, se é o caso de cada vereador dispor de um carro?!

TRABALHO À DISTÂNCIA

As instituições vão tentando se adequar à situação emergencial e buscando meios de não parar em meio aos desafios que a crise do momento impõe. No caso do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apareceu um balanço bem interessante do que foi possível fazer nas três primeiras semanas de funcionamento sob quarentena, utilizado-se das ferramentas tecnológicas à disposição.

NÚMEROS BONS

No total, foram julgados 674 processos no ritmo de plenário virtual, 48 dos quais no Pleno, 362 nas sessões da Primeira Câmara e outros 264 na Segunda. Uma portaria assinada pela presidência ainda em 16 de março permitiu o funcionamento sob sistema remoto para evitar contágios e auxiliar nas ações do poder público para conter a expansão do vírus no Estado.

QUESTÃO DE MOMENTO

O balanço final das movimentações pelo período em que a legislação abriu uma janela para que os detentores atuais de mandatos pudessem mudar de partido mostrou em Barbalha, terra do governador Camilo Santana, o PT como o principal beneficiado. Passa a ter, inclusive, a maior bancada na Câmara, com cinco dos 15 vereadores. É a força da máquina que sempre aparece.

ENERGIA DESPERDIÇADA

É cruel que uma das preocupações do governador Camilo Santana, a essa altura, seja a de combater fake news envolvendo seu nome e as ações que adota, quase diariamente, para minimizar os efeitos do novo coronavírus sobre a vida do cearense. Na economia e no campo da saúde. A maldade dos tempos modernos, nesse sentido, tem como aliada a velocidade e o alcance das redes sociais.

BATE PRONTO

A legenda que saiu mais fortalecida do período da janela partidária, que fechou no último dia 3, foi o PSD. A coluna ouviu o presidente regional, Domingos Filho, acerca da situação:

O POVO - Por que o PSD cresceu tanto na janela partidária?

Domingos Filho - Atribuo a um trabalho constante de relação com as lideranças municipais e com o fato do PSD ser um partido de centro, moderado, que não atua nos extremos, embora não faça discriminação a nenhum partido político.

O POVO - Qual a projeção que o senhor faz da performance do partido na próxima eleição?

Domingos Filho - Hoje temos mais de cem pre-candidatos à Prefeito. Acho que é razoável que ampliemos o número de Prefeitos que temos hoje filiados ao partido, em, pelo menos, 30%.

O POVO - O senhor tem planos de voltar à política, no sentido de conquista de um mandato?

Domingos Filho - Sim. Na eleição passada não fui candidato por que o TRE, em decisão por maioria de votos, entendeu que por ser Conselheiro, embora em disponibilidade legal, eu não poderia ser candidato. O TSE desconstituiu, por unanimidade a decisão, mas já depois da eleição. Agora estou livre para disputar.

 

Foto do Guálter George

A política do Ceará e do Brasil como ela é. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?