Quando o país chegou a 100 mil mortes por Covid-19, Jair Bolsonaro afirmou que o isolamento não funcionava e acusou a imprensa de espalhar pânico. Foi só o começo. Dias depois, ele disse que as pessoas estariam vivas "caso tivessem sido tratadas lá atrás" com cloroquina.
Era agosto de 2020. Autoridades de saúde de todo o mundo já diziam que o medicamento era ineficaz contra a Covid-19. Mesmo assim, o governo mobilizava embaixadas, as Forças Armadas e uma rede de médicos alinhados ao presidente para comprar, fabricar e distribuir o remédio.
Em cinco meses, o Brasil já contava 200 mil mortes. Bolsonaro dobrou a aposta: disse que as vacinas contra a doença não tinham segurança e que metade da população recusaria o imunizante.
Não era palpite, era torcida. O presidente rejeitou a vacinação como saída para a pandemia. Em vez de esperar um processo longo e custoso de imunização, ele continuou incentivando o contágio sob a falsa proteção de um remédio milagroso.
Mesmo depois que 300 mil brasileiros já tinham morrido, Bolsonaro continuou empenhado na sabotagem às medidas emergenciais. Atacou o que chamava de "politica de feche tudo radical" e foi ao Supremo contra os governadores.
Em abril, a marca bateu em 400 mil. "Chegou a um número enorme de mortes agora aqui, né?", disse o presidente. Especialistas alertavam desde o início para o potencial mortífero da pandemia, mas Bolsonaro preferiu enganar o país.
Agora, o presidente pisa sobre as 500 mil vítimas da doença com uma famosa trinca negacionista. Na última quinta-feira (17), Bolsonaro afirmou que o uso de máscaras reduz a oxigenação do sangue, sugeriu que vacinas em aplicação no Brasil são ineficazes e afirmou que a contaminação é a forma mais eficaz de se imunizar. Nada daquilo era verdade.
O presidente implantou um programa de governo baseado na mentira, na sabotagem e na contaminação proposital. A política explica como o país chegou a esse meio milhão.
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