Por Pollyana Araújo, G1 MT


Perícia aponta manchas de sangue humano em blusa — Foto: Reprodução

A perícia identificou marcas de sangue nas roupas da adolescente de 14 anos que matou uma amiga da mesma idade em um condomínio de luxo de Cuiabá no mês passado. Isabele Guimarães Ramos foi morta em 12 de julho baleada na cabeça.

A autora do disparo alegou à polícia que o tiro que atingiu o rosto de Isabele foi acidental, mas laudos periciais divulgados na semana passada contestam essa versão.

A perícia que verificou as roupas da adolescente também faz parte do inquérito da Polícia Civil, responsável pela investigação. Foram analisadas três peças, e em duas delas havia manchas de sangue (veja abaixo).

Isabele morreu na residência em que mora a amiga que atirou. Depois do crime, a jovem foi para a casa do namorado da irmã dela, que fica no mesmo condomínio. Lá, trocou de roupa. O advogado da família da garota disse que ela tomou banho e vestiu outras peças porque estava se sentindo sufocada.

"Amostras colhidas de uma das manchas pardo-amarronzadas da blusa descrita em 'A' (cropped) e de uma porção posterior da barra da saia descrita em 'C' apresentaram resultado positivo para a presença de sangue humano", diz um trecho do laudo.

Blusa cropped passou por perícia — Foto: Reprodução

A mãe do adolescente, que é vizinha da família, foi quem entregou as peças à polícia.

Ela contou que a adolescente e a irmã foram até a casa dela e trocaram de roupa logo depois que Isabele foi atingida.

O advogado da família da menina que atirou disse que ela trocou de roupa e tomou banho porque estava se sentindo sufocada.

Caso Isabele: novos detalhes da perícia da jovem morta com tiro por amiga

Caso Isabele: novos detalhes da perícia da jovem morta com tiro por amiga

Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, morreu ao ser atingida por um tiro na cabeça — Foto: Instagram/Reprodução

Como foi a morte de Isabele

Isabele morreu por volta de 22h30 de 12 de julho na casa da adolescente que atirou. O imóvel fica em um condomínio no bairro Jardim Itália.

Na residência, foram encontradas sete armas de fogo que pertencem ao pai da jovem que disparou. Ele foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo de uso permitido. No entanto, pagou uma fiança e foi liberado em seguida, depois de pagar fiança. O valor da fiança foi alterado várias vezes.

O advogado da família da adolescente que efetuou o disparo, Rodrigo Pouso, explicou que o pai da suspeita do tiro acidental estava na parte inferior da residência e pediu à filha que guardasse a arma no andar superior, onde estava Isabele.

Nesse momento, segundo ela, uma das armas caiu no chão e, quando tentou pegá-la, se desequilibrou, provocando o disparo. A menina negou que brincava com a arma ou que tentou mostrar o objeto à amiga, de acordo com o advogado

A mãe da vítima, Patrícia Ramos, afirmou que estava em casa quando foi chamada pela mãe da menina. Segundo Patrícia, ao chegar no local do crime, encontrou a filha no banheiro e já sem vida.

Perícia contesta versão da autora do disparo

Laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontou que a pessoa que matou Isabele estava com a arma apontada para o rosto da vítima, a uma distância que pode variar entre 20 e 30 cm, e a 1,44m de altura.

Conforme o documento da Politec, Isabele encontrava-se no banheiro da suíte que fica no andar superior da casa da amiga.

Ainda segundo a perícia, em dado momento o autor do disparo também entrou no banheiro, na parte esquerda, com a pistola apontada para a face da vítima, e efetuou disparo acionando o gatilho.

De acordo com o laudo da Politec, a arma de fogo utilizada não pode produzir tiro acidental. Nas circunstâncias alegadas constantes do Termo de Declarações da adolescente, a arma de fogo, da forma como foi recebida pela perícia, somente se mostrou capaz de realizar disparo e produzir tiro estando carregada (cartucho de munição inserido na câmara de carregamento do cano), engatilhada, destravada e mediante o acionamento do gatilho.

Reconstituição

Reconstituição da morte de Isabele Ramos é realizada na casa onde adolescente morreu

Reconstituição da morte de Isabele Ramos é realizada na casa onde adolescente morreu

A reconstituição da morte de Isabele já foi feita, na casa da menina que atirou. Durou 7 horas entre essa terça-feira (18) e madrugada desta quarta-feira (19). Mas a adolescente não participou. A defesa alegou que ela não está em condições psicológicas de participar.

Na reconstituição, ela foi representada por uma atriz que tinha estatura e pesos compatíveis.

Foram reproduzidos todos os movimentos realizados pelos envolvidos no caso para apontar a compatibilidade das versões apresentadas na investigação. A simulação foi feita com três disparos.

A reprodução também contou com um grupo de 41 profissionais entre investigadores, escrivães, delegados e peritos.

Reconstituição da morte de Isabele Ramos contou com a participação de atores e envolveu 41 policiais, escrivães e peritos — Foto: Polícia Civil

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