Por Fernanda Soares, G1 — Região Serrana


Prova de concurso de Sumidouro — Foto: Reprodução/Rede Social

Os candidatos ao concurso da prefeitura de Sumidouro, Região Serrana do Rio, aplicado no domingo (5), tiveram que responder a perguntas sobre qual o partido do prefeito da cidade, o cargo exercido antes das eleições pelo governador Wilson Witzel e qual filho do presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento no caso Marielle Franco. As questões repercutiram ao serem divulgadas em redes sociais.

Quem se inscreveu para concorrer a uma vaga de merendeira encontrou a seguinte questão: “A vereadora Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro na cidade do Rio de Janeiro em março de 2018. Dentro das investigações, qual o filho do presidente Jair Bolsonaro teve que prestar depoimento à polícia?”.

O texto se refere ao fato do vereador Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, ter comparecido à Delegacia de Homicídio do Rio de Janeiro logo após o assassinato para prestar depoimento como testemunha no caso Marielle Franco. Assim como ele, outros vereadores e assessores foram chamados pela polícia, que, na época, colhia informações sobre a rotina e o relacionamento da vítima com os outros parlamentares.

As investigações correm sob sigilo.

A pergunta envolvendo a família Bolsonaro gerou polêmica nas redes sociais. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), outro filho do presidente, replicou uma publicação que classificava a iniciativa de "inacreditável".

Quem também usou a internet para expor a própria opinião e ainda se retratar foi o prefeito de Sumidouro, Eliésio Peres da Silva. No vídeo, ele afirma que achou as perguntas absurdas, e pede desculpas à família do presidente Jair Bolsonaro e ao próprio presidente.

“Quero deixar aqui o meu pedido de desculpas à família do presidente Jair Bolsonaro, ao presidente Jair Bolsonaro, ‘ao qual’ eu tenho o maior respeito, e dizer que em nenhum momento eu tive acesso às perguntas formuladas”, afirma Eliésio Peres, acrescentando que só soube do conteúdo após o concurso público, quando foi questionado por alguns candidatos.

A empresa Instituto Nacional de Concurso Público (INCP) foi contratada pela prefeitura para realizar o concurso, sendo responsável pela elaboração das questões que foram aplicadas.

O G1 entrou em contato com o INCP, que esclareceu, por meio de nota, que o objetivo das perguntas era testar o nível de conhecimentos gerais dos candidatos. Disse ainda que “o critério adotado pela banca na elaboração das questões é objetivo e segue fielmente à finalidade a que se destina a disciplina”.

De acordo com a INCP, “por conhecimentos gerais entende-se ato ou efeito de conhecer a realidade, os acontecimentos no país e mundo”. A nota acrescenta que as questões da prova que envolviam assuntos políticos, tiveram, “única e exclusivamente”, o objetivo de testar se o candidato conhece a realidade do município de Sumidouro e as notícias veiculadas na mídia recentemente.

O resultado preliminar e as notas das provas serão divulgados no dia 26 de janeiro. Segundo a prefeitura, o concurso é para o preenchimento de 115 vagas em 79 cargos na administração municipal.

No dia do concurso, uma forte chuva gerou transtornos na cidade, causando o transbordamento do Rio Paquequer e o fechamento de algumas vias. Muitos inscritos não conseguiram chegar ao local da prova, o que fez com que 60 pessoas registrassem ocorrência na 111ª Delegacia de Polícia para ter o direito de fazer a prova em outra data. Segundo a prefeitura, 4.253 pessoas compareceram, enquanto 1.566 faltaram.

O G1 tenta contato com a prefeitura para saber se os candidatos prejudicados pelo temporal ainda poderão participar do concurso, e se apesar das críticas a prova aplicada tem validade, mas até o momento não obteve resposta.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!