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Por Manuela Tecchio — São Paulo


A Meta, dona do Facebook e do Instagram, precisa reduzir ainda mais seu quadro de funcionários e frear os investimentos no metaverso. Pelo menos é esta a opinião de grandes investidores da companhia, que vêm mostrando descontentamento com a gestão nas últimas semanas. Nesta segunda-feira, dois dias antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre, o CEO da gestora Altimeter Capital, Brad Gerstner, publicou uma carta pedindo que a empresa de Mark Zuckerberg pare de cometer excessos.

“A Meta precisa reconstruir a relação de confiança com investidores, funcionários e a comunidade de tecnologia para atrair, inspirar e reter as melhores pessoas do mundo”, escreveu Gerstner na carta. “Como muitas outras, a companhia caiu em um mundo de excessos, muitos funcionários, muitas ideias e pouca urgência. A Meta precisa se reencontrar."

Não é só ele que está descontente. Nos últimos 18 meses, as ações da companhia acumulam queda de 50%, o que representa um tombo de mais de US$ 600 bilhões no valor de mercado. Em 12 meses, a desvalorização foi de 60%.

Meta: Mark Zuckerberg e seu avatar no metaverso — Foto: Meta/Reprodução
Meta: Mark Zuckerberg e seu avatar no metaverso — Foto: Meta/Reprodução

A Altimeter recomendou que a empresa estabeleça um limite máximo de (meros) US$ 5 bilhões por ano em investimentos no metaverso. Desde que o programa do metaverso foi anunciado pela Meta, no começo do ano passado, já foram gastos US$ 15 bilhões com desenvolvimento. Os atuais US$ 100 bilhões previstos para o projeto nos próximos anos são “assustadores, mesmo em padrões do Vale do Silício”, na opinião do sócio da Altimeter.

O montante é provavelmente a maior aposta sem garantia de retorno do mundo da tecnologia. Para efeitos de comparação, é mais do que três vezes o valor que a Waymo, da Alphabet, a GM, a Amazon, Argo AI, Motional e Apple investiram em seus projetos de carro autônomo — um total de US$ 27 bilhões de acordo com um levantamento do site americano The Information.

Gerstner também avalia que a empresa poderia realizar um corte de 20% do pessoal sem grande impacto nas receitas. No início do mês, a mídia americana noticiou que o Facebook estaria estudando dispensar 15% de seu quadro de funcionários.

A Altimeter Capital, que tem cerca de US$ 18 bilhões sob gestão, não está entre os 15 maiores acionistas da companhia de Zuckerberg, mas detém expressivas 2,5 milhões de ações, de acordo com registro do fim do segundo trimestre deste ano.

Para Dan Ives, um analista de ações de tecnologia da Wedbush Securities, o problema não é necessariamente o nível de gastos, mas sim a falta de comunicação com o mercado. "A transparência com os investidores tem sido um desastre", disse à Business Insider. "Continua sendo uma aposta arriscada de Zuckerberg e da equipe porque, por enquanto, eles estão apostando dinheiro no futuro enquanto continuam tendo grandes obstáculos em seu negócio principal.”

Um analista da Benchmark, Mark Zgutowicz, calculou que pelo menos 60% das despesas operacionais dos Reality Labs — os centros de pesquisa e desenvolvimento do metaverso dentro da Meta — se devem aos enormes custos com a construção de tecnologia própria. Para o grupo, é difícil adquirir soluções via M&A dadas as limitações regulatórias. A Meta já é grande demais para comprar outras companhias concorrentes.

A dúvida é se o metaverso, como está sendo idealizado pelas big techs, terá de fato alguma utilidade comercial e quando. "Não existe metaverso, pelo menos do ponto de vista escalável, até que todo mundo consiga usar óculos e outros dispositivos de realidade virtual que não nos façam parecer alienígenas ou algo assim”, disse Zgutowicz.

Grandes companhias de varejo estão tentando entender como se inserir neste mundo e, principalmente, uma forma de obter retorno com os investimentos. Ainda no ano passado o Walmart solicitou nos EUA uma série de patentes para NFTs e moedas digitais. O plano é vender itens de vestuário, livros e jogos, além de eletrodomésticos, instrumentos musicais, produtos para pets e de higiene... para os avatares.

Aqui no Brasil, a Lojas Americanas, por exemplo, entrou no MetaEXP, lançado pela DAO (Organização Autônoma Descentralizada) Enablers. Em suas unidades, vai vender alimentos, energéticos e outros produtos que comercializa na vida real - mas ainda é difícil entender se há demanda e em que volume.

Nem mesmo dentro do próprio Facebook parece haver estrutura (ou engajamento) para fazer do metaverso uma realidade. No início deste mês, Zuckerberg orientou suas equipes a fazerem suas reuniões no mundo virtual, sem saber que a maior parte de seus funcionários não tinha acesso ao Quest 2, os óculos de realidade aumentada da companhia. Naquela ocasião, uma fonte disse ao The New York Times que algumas equipes estavam correndo para comprar e configurar os dispositivos.

Nem todo mundo é tão cético. O analista de tecnologia da Tigress Financial Partners Ivan Feinseth disse à Insider que acredita na visão de longo prazo de Zuckerberg e na idealização que o CEO tem do metaverso. "Quando o Facebook comprou o Instagram, as pessoas riram dele e disseram que ele era louco. Eles disseram: 'esse cara vai jogar todo esse dinheiro fora', e o Instagram acabou sendo uma das melhores aquisições de todos os tempos. Não só para o Facebook – mas em toda a história dos M&As."

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