RIO - A ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) afirmou nesta terça-feira que consta como morta em seu cadastro no no Sistema Único de Saúde (SUS), a exemplo do que ocorreu com a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann. O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, também informou ontem que teve seus dados alterados na plataforma.
Alteração de dados: Gleisi Hoffmann aparece como 'morta' em cadastro do SUS e com apelido de 'Bolsonaro'
D'Ávila disse que seus dados não foram encontrados no dia em que foi se vacinar contra a Covid-19, em 7 de julho, quando foi imunizada com dose única. Na ocasião, segundo ela, os profissionais de saúde fizeram registro manual. O problema, no entanto, se deve ao fato de que seu cadastro aponta que estaria morta desde o fim de 2018.
"No dia em que fui me vacinar contra Covid-19, fiquei algumas horas na fila emocionada. Quando foram preencher meu cadastro não encontraram meus dados. Imaginei que podia ser algo relacionado à legislação sobre figuras politicamente expostas. Fizeram registro manual e disseram que ia demorar mais tempo para constar no Conectasus. Depois me lembrei do ataque hacker em que haviam mudado meu nome e de meu pai. Pois bem, aí está: eles me mataram depois do 1º turno da eleição de 2018", escreveu a ex-deputada no Twitter, ao compartilhar uma imagem de seu cadastro alterado.
Ao GLOBO, D'Ávila confirmou que só soube agora que o cadastro informava sua data de óbito, após uma fonte checar seus dados no sistema. Tanto seu nome como o de seu pai foram alterados na época em que a plataforma foi alvo de um ataque hacker, em 2019, o que já foi retificado. A ex-deputada afirmou que já estuda medidas legais.
— Soube agora porque pedi para uma fonte checar nos dados. No ataque hacker, tinham mudado outros dados que já estão ok (nome dela e de seu pai). Agora me mataram — disse D'Ávilla.
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Ontem, Boulos afirmou que também foi vítima de mudanças no sistema, onde o nome de seus pais foram alterados por ofensas. Em publicação nas redes sociais, o ex-candidato à prefeitura de São Paulo disse que o Ministério da Saúde confirmou que a alteração ilegal de seu cadastro no SUS com xingamentos foi feita por uma "pessoa credenciada". Ele cobrou que a pasta diga que medidas serão tomadas.
A petista Gleisi Hoffmann já havia exposto na semana passada que tivera seu cadastro cancelado após ser declarada como morta. No sistema, seu apelido também constava como "Bolsonaro". A parlamentar recorreu ao deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ministro da Saúde na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, para ajudá-la.
Padilha recordou ataques de hackers ao sistema da pasta em 2019, bem como o vazamento de dados de pelo menos 16 milhões de brasileiros que tiveram diagnótico suspeito ou confirmado de Covid-19, entre eles o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como revelou o 'Estadão'. Na ocasião, o deputado acionou o Tribunal de Contas da União (TCU).
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Hoffmann precisa provar que está viva para conseguir tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19, prevista para setembro. Ela recebeu a primeira dose no dia 26 de junho em Brasília. A própria unidade de saúde onde a deputada foi vacinada informou que seu Cadastro Nacional do SUS havia sido cancelado por motivo de óbito.
— Levei um susto! Segundo a unidade de saúde, impede (que receba a segunda dose). Me avisaram logo para que eu pudesse regularizar logo a situação — disse a deputada ao GLOBO.
Segundo a parlamentar, já foi feito contato com o Ministério da Saúde via serviço de atendimento, por telefone, solicitando o processo de regularização. Questionada sobre as alterações, a pasta não retornou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.