Brasil

Bolsonaro diz que desistiu de conferência do clima no Brasil por custo de R$500 milhões

Agora o país que sediará COP-25 em 2019 será o Chile
Presidente eleito, Jair Bolsonaro, deixa gabinete da sua equipe de transição em Brasília no dia 11 de dezembro de 2018 Foto: EVARISTO SA / AFP
Presidente eleito, Jair Bolsonaro, deixa gabinete da sua equipe de transição em Brasília no dia 11 de dezembro de 2018 Foto: EVARISTO SA / AFP

BRASÍLIA — O presidente eleito, Jair Bolsonaro , atribuiu ao alto custo e à  possibilidade de "constrangimento" do governo a decisão do Brasil de deixar de sediar no próximo ano a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) .  "Abrimos mão de sediar a Conferência Climática Mundial da ONU pois custaria mais de R$ 500 milhões ao Brasil e seria realizada em breve, o que poderia constranger o futuro governo a adotar posições que requerem um tempo maior de análise e estudo", escreveu Bolsonaro em sua conta pessoal no Twitter na tarde deste sábado.

O Brasil sediaria a COP-25, como é chamada a Conferência do Clima da ONU, em novembro de 2019. Um mês depois de Bolsonaro ser eleito presidente da República, o Itamaraty comunicou que o país desistiu de sediar o evento. O órgão citou como justificativas as "necessidades financeiras associadas à realização do evento" e o "processo de transição para a recém-eleita administração".

A decisão foi afinada com o que desejava Bolsonaro. O presidente eleito já manifestou a intenção, por exemplo, de que o Brasil deixe o Acordo de Paris, um pacto assinado por 195 países para conter a emissão de gases agravantes do aquecimento global. Agora o país que sediará a COP-25 em 2019 será o Chile.

A COP-25 já tinha parte do custeio assegurada no Orçamento da União de 2019, segundo fontes diplomáticas do atual governo. Este valor seria da ordem de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões. O valor, no entanto, não estava fechado. A conferência seria bancada ainda com dinheiro do Ministério do Meio Ambiente, Fundo do Clima e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Os gastos se aproximariam de R$ 400 milhões, conforme essas fontes.

Um encontro entre o atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e o próximo chanceler, Ernesto Araújo, tratou da urgência sobre a definição a respeito da sede da COP-25. Ernesto levou a questão para Bolsonaro, que decidiu por não avalizar a realização do encontro no Brasil. Antes de o presidente eleito vetar, a realização da conferência no país enfrentava o veto da Venezuela, o que não permitia uma definição exata sobre o orçamento para a COP-25.