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Edição Atual
Volume 21 - Nº05 - Maio/2006

SUMÁRIO
Em maio, as chuvas ocorreram abaixo da média no Brasil Central e acima da média em grande parte do Pará, Tocantins, norte de Roraima, em áreas no norte e leste da Região Nordeste e no leste do Rio Grande do Sul. A incursão da primeira massa de ar frio do mês provocou queda significativa de temperatura nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste e no sul da Amazônia, provocando um fenômeno meteorológico denominado de friagem.

A Temperatura da Superfície do Mar (TSM) ficou próxima à média histórica no Pacífico Equatorial e, embora anomalias negativas de TSM ainda tenham sido observadas no leste do Pacífico Equatorial, próximo à costa da América do Sul, as condições são de neutralidade em relação ao fenômeno La Niña.

O número de focos de queimadas passou de aproximadamente 800 em abril passado para 1800 neste mês, como resultado das chuvas mais escassas no centro e sul do Brasil.

A maioria das bacias brasileiras apresentou diminuição das vazões em comparação ao mês anterior, apesar do excesso de chuvas no norte da bacia do Amazonas e no norte da bacia do Tocantins. No sul da bacia do Paraná, na bacia do Uruguai e na bacia do Atlântico Sudeste ainda predomina a situação de estiagem.


Durante maio, os valores de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) apresentaram-se próximos à média em quase toda a extensão do Oceano Pacífico Equatorial (Figura 1), mantendo um padrão similar ao mês anterior. Na costa oeste da América do Sul (região Niño 1+2) persistem as anomalias negativas, porém menos intensas que no mês de abril (Figura 2 e Tabela 1). Esta configuração já evidencia condições de neutralidade em relação ao fenômeno ENOS. Anomalias positivas de TSM foram observadas na região de atuação da Zona de Convergência do Pacífico Sul (ZCPS). No Oceano Atlântico Tropical, predominaram anomalias positivas de TSM variando entre 0,5ºC e 1ºC, com destaque para a área adjacente ao leste do Brasil. A área com anomalias positivas de TSM próxima à Bacia do Prata diminuiu, porém uma grande área de anomalias positivas ocorreu no setor central do Atlântico Sul. No Atlântico Equatorial, as anomalias positivas de TSM continuam favorecendo o posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) próximo ao nordeste da América do Sul, onde ocorreram chuvas acima da média (ver seção 2.1).

No campo de anomalias da Radiação de Onda Longa (ROL), notou-se o enfraquecimento da convecção anômala sobre a região da Indonésia, observada em abril passado, que é outro indicativo do desaparecimento do fenômeno La Niña (Figura 5). Pequenas áreas com anomalias negativas de ROL também são observadas na região das ZCPS, concordando com o campo de anomalias positivas de TSM. Destacou-se uma área com anomalias negativas de ROL próximo à Foz do Rio Amazonas, coincidentemente com região onde se verificou um excesso de precipitação (ver Figura 14 ).

O campo de Pressão ao Nível Médio do Mar (PNM) apresentou valores ligeiramente acima da média em todo o Oceano Pacífico Equatorial (Figura 6). Destacou-se uma intensa área de pressão mais alta que a média, desde o centro-sul da América do Sul até o sul do Oceano Atlântico, onde as anomalias atingiram 10 hPa. Esta configuração foi associada à rápida passagem de sistemas frontais pelo sul do País, a qual agravou a situação de seca na Região Sul do Brasil. Ressalta-se, contudo, a intensa incursão de massas de ar frio e a ocorrência do fenômeno da friagem na Região Norte (ver seção 3.2). Notou-se, também, um enfraquecimento das altas subtropicais do Atlântico e Pacífico.

No escoamento em 850 hPa, destacou-se a enfraquecimento dos alísios a leste de 150ºW, igualmente consistente com o final deste episódio de La Niña (Figura 7). Na bacia do Atlântico e Pacífico Sul, destacou-se a enfraquecimento dos anticiclones subtropicais semi-permanentes. O centro do anticiclone subtropical do Atlântico Sul, em particular, posicionou-se nas proximidades da costa sudoeste da África, contribuindo para o enfraquecimento dos alísios de sudeste adjacente à costa leste do Nordeste (Figura 8).

No campo de anomalia do vento em 200 hPa, destacou-se o deslocamento do jato subtropical para posições mais ao norte sobre a América do Sul (ver seção 4.1), o que contribuiu para o avanço dos sistemas frontais para latitudes mais baixas e para as anomalias negativas nos ventos de oeste sobre o Atlântico Sudoeste, em torno de 40ºS (Figuras 9 e 10).

O campo de altura geopotencial em 500 hPa, no Hemisfério Sul, permaneceu com um número de onda 3 tanto em latitudes subpolares quanto na faixa extratropical (Figura 12).


No mês de maio, as chuvas foram mais escassas no centro e sul do Brasil, mantendo-se a situação de estiagem na Região Sul. Os maiores totais de chuva foram observados na Região Norte e em áreas no norte e leste do Nordeste. De modo geral, estas chuvas estiveram associadas à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), à formação de Linhas de Instabilidade (LI’s), à ocorrência de Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) e ao avanço de sistemas frontais. As Figuras 13 e 14 mostram a precipitação observada em todo o Brasil e os desvios em relação aos valores médios históricos. A distribuição espacial das estações utilizadas na análise de precipitação é mostrada na Figura 15. A análise detalhada do comportamento das chuvas para cada uma das Regiões do Brasil é feita a seguir.

As chuvas que ocorreram no norte da Região Norte estiveram associadas à posição mais ao sul da ZCIT e às linhas de instabilidade que se deslocaram continente adentro, principalmente durante a primeira quinzena de maio. Os maiores totais de precipitação foram observados nas cidades de Belterra-PA e Tucuruí-PA, com valores mensais iguais a 453,5 mm e 336,5 mm, respectivamente. A precipitação ficou acima da média em grande parte do Pará, norte de Roraima, em algumas áreas no nordeste do Amazonas e extremo sul de Rondônia. Nas cidades de Conceição do Araguaia-PA, Itaituba-PA, Marabá-PA, Itacoatiara-AM e Parintins-AM, choveu até 100 mm acima da média histórica.

A atividade convectiva foi baixa durante quase todo o mês e, somente no período de 20 a 23 de maio, a atuação do quarto sistema frontal favoreceu a ocorrência de chuvas, principalmente no extremo oeste do Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul (ver seção 3.1). Os totais pluviométricos ficaram abaixo da média histórica em praticamente toda a Região e houve predominância de totais acumulados inferiores a 50 mm.

Na primeira quinzena de maio, as chuvas estiveram associadas à ZCIT, à formação de linhas de instabilidade e às frentes frias que se deslocaram para latitudes mais ao norte, enquanto a atuação de distúrbios de leste foi notada na segunda quinzena. De modo geral, chuvas acima da média histórica foram observadas no centro e norte dos Estados do Maranhão e Piauí, no leste e sul do Ceará e no oeste dos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. A formação de aglomerados convectivos, no período de 21 e 25, proporcionou totais diários superiores a 30 mm entre o litoral sul de Pernambuco e o litoral norte da Bahia (ver seção 3.3.3). Nestas áreas, choveu acima da média histórica.

Os sistemas frontais deslocaram-se rapidamente pela Região Sudeste, o que resultou em baixos valores de chuva na maior parte do mês. Houve predominância de totais acumulados mensais inferiores a 50 mm e ocorrência de anomalias negativas de precipitação em praticamente toda Região, com exceção de áreas isoladas em Minas Gerais, no oeste do Rio de Janeiro e no sudoeste do Espírito Santo.

A atuação das frentes frias foi maior durante a segunda quinzena de maio, favorecendo o nordeste do Rio Grande do Sul, onde choveu acima da média histórica. Contudo, em praticamente toda Região, as chuvas ocorreram abaixo da média histórica, mantendo a situação de estiagem observada principalmente nos meses de abril e fevereiro deste ano.

As temperaturas máxima e mínima diminuíram em relação a abril passado - em particular os valores de mínima no sul do País - e ficaram abaixo da média principalmente nas Regiões Sul e Sudeste e nos Estado do Acre e Rondônia. Houve a ocorrência de três episódios de friagem (ver seção 3.2). A temperatura máxima variou entre 18ºC, na região serrana do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a 32ºC, nos setores centro e norte do País (Figura 16). Com exceção de áreas isoladas, as temperaturas máximas ocorreram próximas à média em todo o País (Figura 17). Os mais baixos valores de temperatura mínima, menores que 10ºC ocorreram na Região Sul e no sudeste de Minas Gerais (Figura 18). Em Campos do Jordão-SP, a temperatura mínima atingiu 0,2ºC no dia 04, sendo a mais baixa registrada no Estado de São Paulo, neste ano. As temperaturas mínimas ficaram abaixo da média histórica, entre 1ºC e 4ºC, em grande parte da Região Sul, no Mato Grosso do Sul, centro-sul do Mato Grosso e Goiás, sul de Rondônia e no Acre (Figura 19). A temperatura média variou entre 15ºC, no sul de São Paulo, e 19ºC, no sudeste dos Estados de Minas Gerais e Rio de janeiro (Figura 20), com desvios negativos de até -1ºC no sudoeste do Estado de São Paulo (Figura 21).

Em maio, seis sistemas frontais atuaram no Brasil, ficando este número dentro da média climatológica (Figura 22). A ocorrência de vórtices ciclônicos e cavados em altos níveis sobre o oceano, próximo à Região Sul, contribuiu para a formação de três ciclogêneses.

O sistema frontal que atuou no último dia de abril encontrava-se no dia 01 em Ubatuba-SP. Pelo interior, a frente avançou até Franca-SP e Campo Grande-MS. No interior, esta frente causou pouca nebulosidade e, no litoral, chuva de fraca intensidade.

No dia 01, houve a configuração de um sistema de baixa pressão no litoral de Florianópolis-SC, cujo centro de 1002 hPa encontrava-se na altura da Bacia do Prata, na Argentina. Este sistema originou uma ciclogênese que causou ventos fortes no litoral do Uruguai e no Rio Grande do Sul-RS. O sistema frontal associado uniu-se à frente fria que estava sobre o oceano e deslocou-se, pelo litoral, até Ilhéus-BA. Pelo interior, esta frente fria proporcionou aumento da nebulosidade e o anticiclone pós-frontal causou declínio acentuado de temperatura (ver seção 3.2).

O segundo sistema frontal configurou-se a partir de uma ciclogênese que se formou adjacente ao litoral da Região Sul, entre os dias 09 e 10, e foi intensificado pelo vórtice ciclônico em médios e altos níveis da atmosfera. Esta frente deslocou-se desde Ubatuba-SP até o litoral de Sergipe e, pelo interior, atuou desde Minas Gerais até o sul do Pará. No dia 16, esta frente fria posicionou-se sobre o oceano. A nebulosidade que permaneceu sobre o leste do Nordeste até os dias 19 e 20 esteve associada à convergência de umidade em baixos níveis e ao cavado que se configurou em médio e altos níveis da atmosfera.

No dia 11, a terceira frente fria atuou no extremo sul do Rio Grande do Sul, deslocando-se para o oceano no dia seguinte.

A quarta frente ingressou pelo Rio Grande-RS, no dia 19, e avançou tanto pelo interior como pelo litoral do Brasil. Pelo interior, esta frente deslocou-se pelas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e, pelo litoral, atuou até Salvador-BA, de onde se deslocou para o oceano.

O quinto sistema frontal atuou no litoral do Rio Grande do Sul nos dias 27 e 28, deslocando-se posteriormente para o oceano.

No dia 30, o sexto e último sistema frontal do mês ingressou na Região Sul, encontrando-se em Florianópolis-SC no dia 31. Pelo interior atuou em Passo Fundo-RS e Foz do Iguaçu-PR.

Cinco massas de ar frio ingressaram no País. A maior parte dos anticiclones tiveram sua trajetória continental, causando declínio de temperatura em quase todas as regiões do Brasil. No sul da Região Norte, ocorreram três episódios de friagem, nos dias 04, 15 e 25 de maio.

A última massa de ar frio de abril continuou avançando pelo oeste da Região Sul no primeiro dia de maio, deslocando-se para as Regiões Centro-Oeste, Sudeste e sul da Região Norte no período de 02 a 05. Nas cidades do Paraná, as menores temperaturas foram registradas neste período. No dia 02, registrou-se temperatura mínima igual a 4,7ºC em Foz do Iguaçú-PR e, no dia seguinte, 3,4ºC em Campo Mourão-PR. No dia 04, registraram-se 10,1ºC em Votuporanga-SP e 0,2ºC em Campos do Jordão-SP, onde houve formação de geada nos pontos mais altos. Neste mesmo dia, a temperatura mínima no aeroporto de Poços de Caldas-MG foi de 1ºC e, no Vale do Paraíba, em São Paulo, os aeroportos registraram temperatura entre 8ºC e 9ºC. O aeroporto em Pirassununga, interior de São Paulo, que registrou 3ºC. Em Tarauaca-AC, a temperatura mínima foi de 18,7ºC, também no dia 04.

No dia 06, a primeira massa de ar frio avançou pelo interior da Região Centro-Oeste e pelo litoral das Regiões Sul e Sudeste, permanecendo até o dia 10. Em Franca-SP, a temperatura mínima foi de 10,8ºC, no dia 06.

A segunda massa de ar frio ingressou no sul do País, no dia 11, atuando em quase todo o território brasileiro até o dia 15. O anticiclone associado deslocou-se desde o Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro. Nos dias 16 a 19, o anticiclone permaneceu no litoral da Região Sudeste. Em Vilhena-RO e Vera Gleba Celeste-MT registraram-se temperaturas mínimas iguais a 11,2ºC e 14ºC, respectivamente, no dia 13. Em Catanduva-SP, a temperatura mínima foi de 8,7ºC, no dia 15. Em Tarauaca-AC, registrou-se 14,5ºC, no dia 15. A mais baixa temperatura, igual a 0,8ºC, ocorreu em Cruzeiro-SC.

No dia 20, a terceira massa de ar frio continental ingressou no Rio Grande do Sul, deslocando-se para as Regiões Sudeste e Centro-Oeste e sul da Região Norte, nos dias subseqüentes. No dia 24, o centro do anticiclone associado encontrava-se no oceano. Os dias 22 e 23 foram os mais frios. No dia 22, houve registro de 2,3ºC na cidade de Santa Vitória do Palmar, 0,9ºC em Santa Maria-RS, 2,6ºC em Uruguaiana, e 2.4ºC em Bom-Jesus todas no Rio Grande do Sul (dados do INMET). Na cidade de Cambará-RS, a mínima registrada foi de -0,3ºC. Houve formação de geada na região serrana e também no interior gaúcho. Na grande Porto Alegre, registraram-se as menores temperaturas do ano e a primeira ocorrência de geada de 2006 (Fonte: METSUL).

A quarta massa de ar frio ingressou no sul do País, no dia 29, atuando no litoral sul do Rio Grande do Sul e deslocando-se posteriormente para o oceano.

A quinta e última massa de ar frio ingressou no sul do Rio Grande do Sul, no dia 31.

Em praticamente todas as pêntadas do mês, a atividade convectiva continuou mais acentuada sobre o norte da América do Sul (Figura 23). A ZCIT e a formação de Linhas de Instabilidade (LI’s) continuaram sendo os principais responsáveis pelo aumento da atividade convectiva no norte do Brasil (ver seção 2.1). Na 2ª e 3ª pêntadas, destacou-se o avanço dos sistemas frontais para posições mais ao norte (ver seção 3.1) e, somente na 5ª pêntada, houve aumento da atividade convectiva na Região Centro-Oeste do Brasil, decorrente da atuação do quarto sistema frontal de maio.

A atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) foi mais intensa nos primeiros dias do mês de maio, o que contribuiu para as chuvas no norte da Região Nordeste. Nas últimas pêntadas de maio, deslocou-se para posições mais ao norte. De modo geral, a ZCIT atuou em torno de sua climatologia, durante maio (Figura 24). Na 1ª e 2ª pêntadas, a ZCIT esteve próxima ao Nordeste, conforme ilustra a Figura 25, e proporcionou aumento da atividade convectiva sobre essa Região. Na terceira pêntada, pode-se observar a organização de linhas de instabilidade associadas à brisa marítima que se deslocaram para dentro do continente.

Neste mês, foram identificados doze episódios de Linhas de Instabilidade (LI’s) entre as Guianas e o Ceará, como pode ser visto através das imagens do satélite GOES-12 (Figura 26). A maioria destas LI’s apresentou intensidade de fraca a moderada. A freqüência de LI’s foi mais baixa, se comparado aos mês anterior, e foi devida à atuação de cavados em altos níveis em alguns dias deste mês e à migração da ZCIT para o latitudes mais ao norte.

A formação de aglomerados convectivos associados à propagação de Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) ocorreu em apenas três episódios durante o mês de maio. O primeiro episódio configurou-se entre o final do dia 21 e a madrugada do dia 22 (Figuras 27a e 27b) e foi intensificado principalmente pela configuração de um cavado em 500 hPa, com eixo sobre o leste do Nordeste. As chuvas associadas foram de intensidade moderada e ocorreram entre o litoral do Rio Grande do Norte e Pernambuco. O segundo episódio ocorreu entre os dias 23 e 24 (Figuras 27c e 27d), com chuvas mais significativas entre o leste do Rio Grande do Norte e o nordeste da Bahia. O terceiro episódio foi notado entre os dias 24 e 25 (Figuras 27e e 27f) e causou chuvas moderadas no leste da Região Nordeste. No dia 25, registrou-se 49,6 mm na cidade de Maceió-AL e 33,4 mm em João Pessoa-PB (dados do INMET). É importante mencionar que a ocorrência de distúrbios de leste costuma ser maior neste período do ano.

Em maio, o jato subtropical apresentou magnitude média mensal entre 30m/s a 40 m/s, posicionando-se preferencialmente sobre as Regiões Sul e Sudeste do Brasil (Figura 28a). Considerando o escoamento climatológico, o jato subtropical configurou-se ligeiramente ao norte neste mês. O jato subtropical esteve intenso durante quase todo mês, notando-se a configuração de vários episódios de vórtices ciclônicos associados à sua bifurcação sobre a América do Sul e oceano adjacente (ver seção 4.2). No período de 07 a 11, o jato subtropical apresentou magnitude de até 60 m/s sobre a Região Sudeste do Brasil, com destaque para o dia 13, quando sua magnitude atingiu 70 m/s sobre o Oceano Atlântico (Figura 28b). Neste período, houve a configuração do primeiro sistema frontal à superfície, que conseguiu avançar para latitudes mais ao norte (ver seção 3.1). No dia 30, o jato subtropical voltou a atingir magnitude entre 50 m/s e 60 m/s sobre o sul do Brasil (Figura 28c). Neste dia, foi observado o último sistema frontal do mês (Figura 28d), com ocorrência de chuvas que excederam 50 mm sobre o leste e sudeste do Rio Grande do Sul.

Em maio, ocorreram seis episódios de Vórtice Ciclônico em Altos Níveis (VCAN) ao sul de 25ºS (Figura 29). De modo geral, a configuração do centro destes vórtices ciclônicos esteve associada à bifurcação do jato subtropical que se apresentou mais intenso em alguns dias e ligeiramente ao norte de sua posição climatológica (ver seção 4.1). Destacou-se o VCAN que se configurou nos dias 09 e 10, intensificando o sistema frontal em superfície.

Em maio, ocorreram baixos valores de precipitação na maioria das bacias brasileiras. Somente no norte da bacia do Amazonas e norte da bacia do Tocantins, os valores excederam 200 mm. Nestas áreas e em parte da bacia do São Francisco, as anomalias de precipitação foram positivas. Durante maio, as vazões na maioria das bacias diminuíram em comparação ao mês anterior. No sul da bacia do Paraná, na bacia do Uruguai e na bacia do Atlântico Sudeste, persiste o período de estiagem.

A Figura 30 mostra a localização das estações utilizadas nestas análises. A evolução temporal da vazão, para cada uma destas estações, e as respectivas Médias de Longo Termo (MLT) são mostradas na (Figura 31). Os valores médios das vazões nas estações utilizadas e os desvios em relação à MLT estão disponibilizados na Tabela 2.

As vazões na estação Manacapuru-AM foram calculadas a partir das cotas observadas no Rio Negro, utilizando um modelo de correlação (ver nota no 8 no final desta edição). Neste mês foi registrada uma altura média de 28,03 m, com máxima de 28,71 e mínima de 27,27 (Figura 32).

As vazões observadas nas estações localizadas no norte da bacia do Amazonas foram superiores às do mês anterior e excederam à MLT, em resposta às altas precipitações e às anomalias positivas de precipitação. Na estação de Samuel-RO, no sudoeste desta bacia, a vazão observada diminuiu em relação ao mês anterior e ficou abaixo da MLT. Comportamento similar ocorreu nas duas estações localizadas na bacia do São Francisco. Na estação Tucuruí-PA, no norte da bacia do Tocantins, a vazão também diminuiu em relação ao mês anterior, porém excedeu a MLT.

Na bacia do Paraná, as vazões também foram menores que às do mês anterior em todas as estações consideradas. Considerando a MLT, ocorreram desvios positivos nas estações Emborcação, Itumbiara e São Simão, em Minas Gerais, e em Ilha Solteira-SP. As demais estações desta bacia apresentaram desvios negativos. Destaca-se a estação Salto Santiago-PR, onde predomina a situação de estiagem.

O mesmo comportamento foi observado na maioria das estações localizadas na bacia do Atlântico Sudeste e na estação Passo Fundo-RS, na bacia do Uruguai, onde as vazões diminuíram em comparação a abril passado e estiveram abaixo da MLT. Nas estações de Blumenau-SC e Passo Real-RS, na bacia do Atlântico Sudeste, e na estação de Passo Fundo-RS, na bacia do Uruguai, também persiste a situação de estiagem. No Vale do Itajaí, ocorreram desvios negativos das precipitações (Tabela 3), consistente com a vazão observada na estação de Blumenau-SC.

Durante maio, foram detectados cerca de 1.770 focos de queimadas no País, pelo satélite NOAA-12 (Figura 33). Este valor representa o dobro do total de focos observados em abril, porém esteve dentro do esperando para o mês de maio, quando começa o período de estiagem nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Em relação ao mesmo período de 2005, houve uma redução significativa das queimadas na Região Nordeste e nos seguintes Estados: 73% no Mato Grosso (550 focos de queimadas), 62% no Mato Grosso do Sul (122 focos) e 31% em Goiás (80 focos). Em alguns Estados das Regiões Sul e Sudeste, em função da estiagem, houve elevação no número de queimadas, citando: Paraná, com 241 focos observados, o que representa um aumento de 200% em relação a maio de 2005; Minas Gerais, com aumento de 80% (160 focos observados); e São Paulo, com aumento de 30% e 490 focos observados.

Algumas Unidades de Conservação, federais e estaduais, incluindo áreas vizinhas e terras indígenas, foram atingidas pelo fogo, destacando-se as localizadas em Roraima, Tocantins, Bahia e São Paulo.

Em maio, foram observadas anomalias negativas de Pressão ao Nível do Mar (PNM) em todo Oceano Austral, atingindo até -14 hPa no mar de Bellingshausen e na Península Antártica (Figura 34). No nível de 500 hPa, registrou-se anomalia negativa de geopotencial no platô antártico, invertendo a tendência positiva dos últimos dois meses (ver Figura 12), seção 1).

O campo mensal de anomalia de vento em 925 hPa destaca o escoamento anticiclônico sobre o setor sudoeste do Oceano Atlântico Sul (Figura 35a). Este escoamento contribuiu para as anomalias negativas de temperatura no sul do Brasil (Figura 35b). Nas análises diárias, foram registrados quatro episódios de escoamento de ar de sul para norte, totalizando dez dias. Em maio de 2005, este fluxo ocorreu em dois episódios, com a duração de dois dias, causando temperaturas acima da média no sul do Brasil.

A temperatura do ar em 925 hPa apresentou-se acima da média Península Antártica e no mar de Weddell (até 5ºC) e abaixo da média nos mares de Amundsen e de Ross (Figura 36a). No nível de 500 hPa, registraram-se temperaturas cerca de 2ºC acima da climatologia no platô antártico. Desvios negativos de temperatura ocorreram nas regiões da Terra de Marie Byrd e Terra de George V. Destacou-se a advecção de ar mais aquecido de norte, no nível de 925 hPa (ver Figura 35a), proveniente do sul dos oceanos Pacífico e Atlântico em direção aos mares de Bellingshausen, Amundsen, Ross e de Weddell. Esta situação contribuiu para a retração do gelo marinho destes mares, neste mês (Figura 36b).

Na estação brasileira, Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), registraram-se ventos predominantes de oeste e norte; sendo que a magnitude média mensal foi igual a 7,4 m/s, recorde da média de maio (5,5 m/s). A temperatura média do ar foi igual a -0,3ºC e ficou 2,8ºC acima da normal (-3,1ºC). Este foi o segundo mês de maio mais quente (em maio de 1999, registrou-se -0,2ºC), considerando o período 1985 a 2006. Dados anuais completos e resumos mensais, bem como a climatologia da EACF, encontram-se disponíveis no site http://www.cptec.inpe.br/prod_antartica/ data/resumos/climatoleacf.xls.

[Figura A] [Figura B]


[Figura 1] [Figura 2] [Figura 3] [Figura 4] [Figura 5] [Figura 6] [Figura 7] [Figura 8] [Figura 9] [Figura 10] [Figura 11] [Figura 12] [Figura 13] [Figura 14] [Figura 15] [Figura 16] [Figura 17] [Figura 18] [Figura 19] [Figura 20] [Figura 21] [Figura 22] [Figura 23] [Figura 24] [Figura 25] [Figura 26] [Figura 27] [Figura 28] [Figura 29] [Figura 30] [Figura 31] [Figura 32] [Figura 33] [Figura 34] [Figura 35] [Figura 36]

[Tabela 1] [Tabela 2] [Tabela 3]

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