Irã continua com seu programa nuclear, incluindo a produção de urânio enriquecido e outras atividades proibidas pelo Conselho de Segurança da ONU, alertou nesta terça-feira a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Em um relatório reservado, enviado aos representantes dos Estados-membros da AIEA em Viena, a agência nuclear expressa sua preocupação com novas informações que recebeu sobre “possíveis dimensões militares” do programa, que inclui supostas atividades realizadas pelo Irã até o ano passado.
Segundo o relato dos inspetores da AIEA, que a Agência Efe teve acesso, o Irã já produziu mais de 4,1 mil quilos de urânio pouco enriquecido (com pureza de até 5%), um material que diz usar para a posterior produção de combustível nuclear.
Além disso, os técnicos iranianos já produziram 56,7 quilos de urânio enriquecido até quase 20%, um nível considerado pela ciência próximo ao “urânio altamente enriquecido”.
O urânio enriquecido acima de 80% pode ser usado para a produção de bombas nucleares.
Com o produzido até agora, a República Islâmica pode fabricar entre três e quatro bombas atômicas, segundo cálculos científicos, objetivo que Teerã nega.
Apenas a instalação de Natanz, no centro do Irã, está projetada para abrigar 50 mil centrífugas que devem produzir combustível nuclear a uma escala industrial.
Em seu relatório, os inspetores da AIEA se mostram preocupados pela falta de cooperação iraniana sobre as “supostas dimensões militares” de seu programa nuclear.
Há vários anos, os responsáveis iranianos se recusam a falar com a AIEA sobre tais alegações, que consideram “fabricadas” e “manipuladas”.
No entanto, fontes diplomáticas em Viena informaram nesta terça-feira à Agência Efe que a AIEA dispõe de novas informações a respeito que falam de mais atividades suspeitas, realizadas inclusive até 2010.
Até agora se acreditava que todas as supostas atividades militares no programa nuclear iraniano tinham sido suspensas em torno do ano de 2004.
Em seu relatório desta terça-feira, a AIEA elabora pela primeira vez uma lista de sete supostas atividades militares relacionadas com o programa nuclear iraniano.
Entre elas, destacam diferentes experimentos com explosivos especiais e a produção de urânio em metal, que segundo a AIEA é “importante para uma bomba nuclear”.
O relatório de nove páginas será analisado pelo Conselho de Governadores da AIEA em sua reunião do meio do ano, que começa em 6 de junho em Viena.
