RIO - O vídeo em que Roberto Alvim emula um discurso de Joseph Goebbels , ministro de propaganda da Alemanha nazista, repercutiu na imprensa ao redor do mundo. Após a enxurrada de críticas, o presidente Jair Bolsonaro demitiu Alvim do posto de secretário especial da Cultura.
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Segundo o "The New York Times" , a reação ao vídeo foi o mais recente caso "em um debate mais amplo sobre liberdade de expressão e cultura na era Bolsonaro".
"O presidente fez sua campanha prometendo uma correção de curso após uma era de líderes de esquerda, que ele acusa de terem tentado impor o "marxismo cultural". Críticos dizem que ele e seus aliados estão abordando de forma dogmática as artes, o sistema público de educação e os direitos sexuais e reprodutivos", afirma a reportagem.
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Na Alemanha o caso também foi noticiado. A revista "Der Spiegel" citou a mensagem publicada pela embaixada alemã no Brasil, que afimou se opor a qualquer tentativa de "banalizar ou mesmo glorificar o tempo do nazismo". Já o "Frankfurter Allgemeine" destacou que, apesar de ter negado a apologia a Goebbels, Alvim disse que não há nada de errado com sua frase.
Guerra cultural
O "Washington Post" definiu Alvim como "um dos maiores militantes da guerra cultural no governo Bolsonaro" e lembrou que o ex-secretário havia comparado a esquerda a "baratas".
"De novo, foram levantadas perguntas sobre as tendências autoritárias de um governo cujos principais dirigirentes alardearam publicamente a ideia de rescindir direitos, criticaram a democracia, lamentaram o colapso da ditadura militar e ameaçaram a imprensa", avaliou o jornal americano.
O jornal britânico "The Guardian" também descreveu Alvim como um aliado do governo Bolsonaro na "guerra cultural", e lembrou que a mesma ala já promoveu ataques a pautas como as mudanças climáticas e o feminismo. O jornal mencionou o silêncio do presidente brasileiro nas redes sociais.
"Normalmente tuiteiros espontâneos, o presidente admirador de Trump e seus filhos políticos ainda não comentaram o assunto. Ao invés disso, Bolsonaro publicou um vídeo de si mesmo num jet-ski, sendo recebido por fãs".
As emissoras de TV BBC e CNN também reportaram o caso, e citaram como respostas contrárias ao vídeo a reação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia , e da Confederação Israelita do Brasil (Conib).
Na França, o jornal "Libération" classificou o caso como um escândalo, enquanto o "Le Figaro" lembrou que o posto de Alvim era o equivalente ao de ministro da Cultura, pasta que "simplesmente desapareceu no governo Bolsonaro" depois de ser absorvida primeiro pelo Ministério da Cidadania e, posteriormente, pelo Turismo.