Protesto na Câmara de Vereadores de São Paulo termina em confusão
Um grupo de estudantes foi retirado à força da Câmara Municipal de São Paulo, na tarde desta terça-feira (12), após realizar um protesto contra o Projeto de Lei Escola Sem Partido durante a sessão plenária.
Houve tumulto e, durante a confusão, os manifestantes foram agredidos por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Quatro pessoas foram detidas e levadas para o 1° Distrito Policial, na Sé. Um cinegrafista da TV Globo também foi agredido e impedido de filmar.
Os quatro estudantes detidos, três homens e uma mulher, foram acusados de desacato, resistência e dano ao patrimônio. Eles foram liberados por volta das 22h, segundo informações do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Estado de São Paulo (Condepe). O grupo também registrou ocorrência contra os guardas civis por lesão corporal.
O PL da Escola Sem Partido recebeu parecer favorável da Comissão de Finanças da Câmara Municipal de São Paulo nesta segunda-feira (11).
Estudante é carregado por seguranças da Câmara após confusão nesta terça-feira — Foto: Reprodução/TV Globo
Segundo o vereador Toninho Vespoli (PSOL), estudantes ligados a movimentos sociais e estudantis estavam na Câmara pois achavam que PL seria votado nesta tarde. Embora o texto esteja de fato pronto para votação, não foi incluído na pauta.
Eles gritavam palavras de ordem quando o vereador Conte Lopes (PP) começou a discursar sobre um outro assunto. O presidente da Câmara Milton Leite (PMDB) interrompeu a sessão e pediu para que os manifestantes fossem retirados da galeria.
De acordo com assessores dos vereadores Eduardo Suplicy (PT) e Juliana Cardoso (PT), os guardas agiram com truculência.
Em nota, a Presidência da Câmara alega que solicitou a retirada de manifestantes da galeria que gritavam durante sessão plenária "após o grupo ofender vereadores".
"Antes, o presidente estipulou as regras para a realização da sessão, dizendo várias vezes ao microfone que, para que a sessão pudesse ser realizada, os gritos de ordem poderiam ser feitos pelo grupo no intervalo entre as falas dos parlamentares e não durante. Como os vereadores foram interrompidos repetidas vezes e houve conduta inadequada por parte dos manifestantes, foi pedida a retirada dos mesmos da galeria."
O texto diz ainda que a Casa irá apurar a ação da GCM.
Manifestante é carregado por seguranças da Câmara de São Paulo durante confusão nas galerias — Foto: Reprodução/TV Globo
Vereadora agredida
Os jovens foram levados ao estacionamento no segundo subsolo do prédio para serem conduzidos para a delegacia quando ocorreu uma nova confusão.
A vereadora Juliana Cardoso (PT) tentava apaziguar a situação e negociava com os agentes da GCM, que portavam cães, para que os manifestantes não fossem detidos.
Teve início um segundo empurra-empurra, os guardas usaram gás lacrimogêneo. Juliana Cardoso recebeu ordem de prisão de um GCM e foi agredida. Uma assessora do vereador Eduardo Suplicy também foi atingida ao tentar proteger a vereadora.
Confusão envolvendo manifestantes e guardas na Câmara de SP (Imagens: Mônica Seixas)
Em nota, a União Paulista dos Secundaristas (UPES) criticou a postura do presidente da Câmara, o vereador Milton Leite, e condenou a truculência da GCM.
"Secundaristas são detidos por manifestar na casa do Povo. GCM age de forma truculenta, marcando fisicamente de violência e repressão manifestantes que ocupavam as galerias da Câmara para lutar contra a Lei da Mordaça".
"Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo, não consegue viver com o espaço democrático que tem que ser a casa do Povo. Resistiremos", termina o texto.