Leia-me ou te devoro - Revista Escriba 13ª ed.

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Revista Escriba 13 ed

P ro d u ç ã o

TdL editora Ana do Santos Anabela Souto Pedroso Annacris Andrades Benette Bacellar Camila Rosa Matos Carlos Vilarinho Cátia Castilho Simon Daniela Gruendling Deni Maliska Diego Petrarca Diva Helena Eledir do Prado Rosa Erick Citron Everton Luiz Cidade Gerson Nagel Isabel Furini Janaina Wayne Jeane Bordignon João Antônio Pereira João Das Letras Júlio Alves Liana Timm Lilian Rocha Lota Moncada Magalhe Oliveira Malu Baumgarten Manuela Dipp Mara Garin Maria Alice Bragança Mauro Ulrich Michelle C. Buss Noélia Ribeiro Paulo Jorge Riss da Silva Paulo Rodrigo Ohar Ricardo Mainieri Rosmeri Menzel Zaira Cantarelli Porto Alegre / RS 2022


O machismo é o medo dos homens das mulheres sem medo. (Eduardo Galeano)

A humanidade é masculina, e o homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele; ela não é considerada um ser autônomo. (Simone de Beauvoir)


Arte: Janaina Wayne instagram.com/janaina_wayne


Poderosa névoa feminina véu de névoa na madrugada impossível ver as estrelas mas isso não nos incomoda pois estamos acostumadas a olhar o próprio rosto nos espelhos dos outros mulheres fomos domesticadas como florzinhas de estimação nossas funções? ser uma matriz usar sapato de salto alto e embonecar-nos para despertar admiração a família e as regras sociais erguem-se poderosamente e fortalecem a névoa da mente essa névoa prejudica a visão do mundo e a visão de nosso ser interior e na incerteza do espelho quebrado perguntamos: - quem sou eu? eu sou?

Isabel Furini Curitiba - PR facebook.com/isabel.furini


Alfabeto é pouco (para a Josy)

Ontem pensei em fazer um poema com todas as coisas lindas que ainda não te disse: carrossel, caracol, alfajor, alfazema... Sei lá, mas todas as coisas lindas de um só alfabeto não dizem tudo sobre o meu afeto.

Mauro Ulrich Santa Cruz do Sul - RS facebook.com/mauro.ulrich.5


Se eles entendessem A nossa sacralidade O templo Que é o nosso corpo A potência De gerar, curar, recomeçar Que carregamos Em nosso ventre Talvez nos tratassem Com nada além De respeito, amor Veneração Ou, talvez, seja exatamente por isso Que nos oprimem Diminuem Descartam Por medo de perder O seu frágil Mas estrutural Lugar de privilégio

Daniela Gruendling Santa Cruz do Sul - RS Instagram@danigruendling


8 de março capricha no batom rima o rímel com os cílios perfuma-se abre as portas da manhã e saí à luta. Ricardo Mainieri Porto Alegre - RS r.maini@bol.com.br

Revista Escriba


UM SONHO Encontrei Oyá a chorar, tempestades, vendavais, pranto por suas filhas e filhos, assassinados todos os dias, sem lar. Dos olhos de Oyá escorriam rios, lágrimas sem fim, salgado mar. Como consolo lhe disse que por seus filhos iria lutar. Oyá balançou a cabeça, gargalhou raios, temporais, O que poderia tão fraca, mortal mulher, como iria lutar. É simples, falei a Oyá. Mesmo fracas, mortais, quando uma guerreira cai outra assume em seu lugar.

Maria Alice Bragança Porto Alegre - RS IG maria_alice_braganca


UM NOME PRÓPRIO que a tentação nos vença em todas as horas do dia que os frutos proibidos sejam saboreados como devem que as transgressões nos tirem de um paraíso inexistente – tudo é premente no agora que a rebeldia seja nossa bandeira erguida num mastro de reivindicações que tudo o mais se desmantele no ar quero as diferenças – apogeu das raças e a liberdade no direito de cada um... ser Liana Timm Porto Alegre - RS instagram@/lianatimm


Mulher do Destino Venho de longe Da profana ventania Que nas margens deste rio de sangue Se ouviu o rugido independente Sou intervenção Maldição, nem para todos Bênção para os incomuns Ferro e fogo para outros Sou o toque do destino Que dos inocentes não se ouve o berro Dos injustos só vejo desafeto Imoral? Imaterial Sou? Ainda não existo Nascer? Só há um caminho Dos nossos beijos, coloco mel na boca Do que sai de mim, a criação E do meu peito, entrego a vida Deni Maliska Porto Alegre - RS denimaliska.medium.com


De Penélope a Rapunzel li uma carta tua de amor, mãe amor romântico idealizado o cinema, as novelas a síndrome de Penélope te fizeram Rapunzel

Cátia Castilho Simon Porto Alegre - RS


Escultura mulher Faz-te mulher, marcando teu tempo Singular, plural, inovada, insurgente Voz que aprende a bradar Na soma de forças a revolucionar Antecessoras orientaram teus passos Aplainaram os íngremes terrenos Exorcizaram os fantasmas dos anjos do lar Idealizações femininas de boas mulheres Destinadas a um único lugar Na roda sórica, rompas os grilhões Desteças as urdiduras sorrateiras Das tramas patriarcais Teias que teimam em te aprisionar Olha-te no Espelho de Vênus Passeando no teu gênero Não andarás, não andarás só Olha-te, olha-te no espelho No Espelho de Vênus Faz-te mulher, gestando novas eras De completa igualdade Genuínas liberdades Para ti e para todas nós! Magalhe Oliveira Porto Alegre - RS magalheoliveira3@gmail.com


Mulher Guarani xamânica e incandescente potente entre os córregos abarca rios em pleno caminhar orienta os ventos a cada troca de olhar ocupa seu lugar no luar que vem da terra preservando as nascentes paira inteira e e prevalece nos espaços verdes todo mistério evolui em suas mãos

Diego Petrarca Porto Alegre - RS diegocastilhosp@hotmail.com


A MULHER NA PRAIA À luz da branca lua, uma mulher, sozinha e nua, chora. Exibe para toda a orla o coração deflorado. E o sangue do amor que lhe seca, a areia sêca, molha. À luz da branca lua, ao som da maré cheia, uma mulher, triste e nua, caminha sozinha na areia. E não há nada mais lindo, nem o mar, nem as estrelas, do que ver esta mulher inteira a viver o amor que não tem fim. A própria lua, para vê-la, pára, e todos os peixes vêm ter com ela: um grande amor tornou-a tão bela como toda a vida jamais a deixara. A mulher mais linda do mundo, compreende o mundo mais que ninguém. E vestindo nos olhos um verde profundo, mergulha apaixonada no amor que lhe vem. João Antônio Pereira Porto Alegre - RS instagra@tchejoao


o amante da quenga a quenga tinha um amante rengo tinha uma ideia à venda sem lengalenga a arenga o seu amásio manquitolava de longe se notava ela – que nunca havia dito não certo dia preferiu a solidão fechou a porta fez-se de morta havia refletido o amor já não mais importa ele ainda insistiu até chegar o frio depois não apareceu mais avistei-o claudicante pelas docas do cais carlos vilarinho Palmeira das Missões - RS carloseugeniovilarinho@hotmail.com


“Cerca de 16 meninas afirmam ter sido funcionárias pediu que ficassem de pé vestimentas usadas, antes de serem enca

(fonte: Correio Braziliense, em18/


o ‘constrangidas’ quando um grupo de é na sala de aula para analisarem as aminhadas para a secretaria da escola.”

/03/2022; crédito: arquivo pessoal)


Sou! Sou corpo que age e reage, abraça e afasta, permite ou não. Sou força que move e prospecta, alinha a base, propõe aproximação. Sou premonição que alerta e visiona, rompe barreiras e acolhe, sem predileção. Sou múltipla, no exercício e no questionamento, enfática na busca da valorização. Sou equilíbrio entre coragem e resiliência nos momentos de leveza ou transformação. Sou atuação na sociedade e na família, presença nos planos e na construção. Sou desafio nos projetos e conceitos, do preconceito ao direito, sou libertação. Sou evolução no desenvolvimento e protagonismo no movimento, em todas as áreas, superação. Sou sexo, da volúpia ou da lascívia, sem uniformizar conceitos, sem transgressão. Sou perspicácia, mão estendida, afeto e calor, carrego comigo destreza e proteção. Sou todas as cores, peles, cabelos e vozes, trejeitos e amores, sou tudo isto em questão. Sou mulher! Do íntimo ao superficial, do próximo ao extremo, do ínfimo ao supremo. E no mais, por onde escolher caminhar, me permito diante de todos, ser apenas eu, mulherão!

Rosmeri Menzel Venâncio Aires- RS facebook.com/juntadoletras


Figura de linguagem A antítese da tese antípoda próxima, síntese sem resumo, verso ao inverso. O que sou, afinal, senão a palavra que se lê, ou não, explícita ou calada, inteligível e hermética a que não se explica? Às vezes elipse, às vezes pleonasmo, geralmente hipérbole. Quem sou, afinal? Alquimista fugaz, breve e taciturna, que faz silepse, mas nem sempre sinapse. Tudo isso, e mais. Há sempre mais detrás das mil figuras de linguagem, algumas inventadas, parafraseadas, artificiosamente urdidas, mas, com certeza, prosopopeia jamais! Lota Moncada Porto Alegre - RS facebook.com/lota.moncada


SANTA SORORIDADE A mesma Nossa Senhora É todas Assim como eu Todas as mulheres Sou A santa A puta A submissa A dominadora A tímida A escandalosa A cordata E a faca-na-bota A tal virgindade mariana e anatômica Perdi há tempos A da alma Há nem tanto Ser mulher, pra mim, é um manifesto Hoje sou quem decido incorporar Sou todas Sem deixar de ser Sempre Eu mesma Qualquer delas Que eu seja E todas São Irremediavelmente Minha alma Una

Manuela Dipp Porto Alegre - RS instagram@manueladipp


DONNA Entrelaçamento de vidas adubo semente raiz árvore infinita sal da terra tempera folhas frutos flores (des)fragmenta sangra acasala prepara o ventre é intensa ardente feliz biologia ? destino ? Mãe-irmã-filha-meretriz. Zaira Cantarelli Tapes - RS zairacantarelli@yahoo.com.br


ELAS As mulheres loucas andarilham roucas entoando hinos de prece e paixão Se a farinha é pouca as mulheres loucas reivindicam seu pirão Ao beijar a boca de seus paladinos elas choram à míngua de outra língua que umedeça toda parte Essas doidas varridas doam seu quinhão de vida para sair de Vênus e voar para Marte Noélia Ribeiro Brasília - DF instagram@noeliaribeiropoeta


TAREFAS DA MULHER Na lua minguante abraçar histórias reconhecendo as próprias geografias aninhar o próprio mundo interior. Na lua nova desapegar dos medos trançando ações separar do passado o que foi bom. Na lua crescente ser horizonte liberto honrar as quedas, abrindo as asas. Na lua cheia o corpo dilatado de desejos viver o amor, amando a si. Michelle C. Buss João Pessoa - PB instagram@michellecbuss/


Borralheira O espelho da Branca de Neve me disse que era feia. Batman abriu as portas da mansão para a modelo mais bela: me restou Robin. No rigoroso inverno o valente cavaleiro salvou a linda donzela, talvez pelo veredicto do espelho, morri de frio. No porão escuro da minha alma encontrei pétalas de coragem e as plantei num vaso. Não joguei a flor para o soldado que desfilava garboso no seu tanque de guerra. Recusei o beijo do calouro da promissora faculdade. Quebrei o espelho da princesa e... “que fim levou Robin?” Dancei sozinha com minha flor no cabelo. Fui despetalada pelo destino e acabei fazendo amor como a maioria das mulheres. Diva Helena Muriaé - MG dhelenamf@gmail.com


SIMPLESMENTE MULHER Não ame uma mulher apenas pelos seios e bunda fartos Não ame uma mulher apenas pelo corpo bonito que ostenta Não ame uma mulher apenas pelo prazer sexual que ela te proporciona Porque uma mulher não se baseia em apenas uma vagina E num corpo bonito Uma mulher é feita de sangue e sonhos Uma mulher é capaz de gerar a vida Uma mulher tem a doçura de uma menina Uma mulher é uma flor que desabrocha a cada dia Uma mulher nada mais é que uma criação divina CAMILA ROSA MATOS Cachoeira do Sul - RS


JARDIM SECRETO No meu jardim secreto a grama está alta e eu não vou cortar, tem líquido seminal que jorrou do chafariz, tem sangue de menstruação, do meu coração, gnomas velhas, aposentadas e iradas! Tem bruxinhas disfarçadas de fadinhas! Erva sagrada e erva daninha. Látex perfumado de camisinha sempre livres sem abas Lama, humus e nasceu uma flor! Ana Dos Santos Porto Alegre - RS instagram@/ana.flordolacio/


ASAS Nasci com presentes-surpresa, me surpreendo cada dia. As chamo de asas. Diversas asas loucas para voar alto e forte. Voos amplos, lindos, flexíveis, fraternos e gentis. Um olhar afetuoso, palavras de aceitação, mãos ternas, cantos amorosos, abraços que causam rodopios na alma. Preparo alimentos que aquecem corpos e corações. O mundo tem ceifadores de asas. Rejeitam, distorcem, maldizem. Nosso movimento incomoda os acomodados e desesperançados. Pesados e duros não sabem o que é voar. Só com leveza as asas se abrem, para um dia, voar. Só com leveza se pega carona enquanto ainda não se sabe voar. No passado, muitas asas foram podadas. A mutilação de antes trouxe a possibilidade do agora. Não foi em vão. Nasci com muitas asas, Nasci com o coração em brasa, Nasci mulher! Anabela Pedroso Porto Alegre - RS cantacores@gmail.com Revista Escriba


na maioria das vezes dorme mal porém insônia afasta pesadelos hoje gosta de ser discreta nos seus sapatos cômodos devia ter apontado o dedo e entregue todos os canalhas antes que criem outras máscaras e roteiros cruéis em nome do amor devia ter revelado seu plano de fuga ao sair de cena, sem testemunhas escrito sobre confinamento, assédio afirmar a vida na sua clareza e crueza na aventura fatal de se lançar e não se adequar erotizada até as últimas consequências e acabar destemida no rito libertador de romper a experiência com lágrimas e dor agora deixa fluir em si a liberdade de ser mulher abrir os olhos sem temer abrir a boca livre abrir o corpo abrir-se Benette Bacellar Porto Alegre - RS benettebacellar@hotmail.com


A beleza brota fluida face adornada por longas melenas escorridas negras Cuida ela em ser bem vistosa não por força da boa aparência mas por luta e de glória Traduz o semblante da resistência o que nela habita invoca o sabor da conquista E o que no tempo se perpetua arqueja em leve andar mulher de muitos, traços e vozes Não lamenta uma só tristeza que não cabe borrar essa tez delicada e avessa Conduz ela junto ao peito a fidúcia em tal futuro o qual somente a nós pertença. Gerson Nagel Porto Alegre - RS instagram @revistaescriba


Um Jornalista em Cabul Ontem estava em Cabul Vi uma mulher e uma criança Hoje não vi ninguém Continuo em Cabul De longe, imóvel Desumanamente impotente Triste João Das Letras Rio de Janeiro - RJ


é isso: a gente foi tão reticente construímos nossa história ... entre três pontos ... agente espia ponto por ponto tim-tim por tim tim júlio alves Porto Alegre - RS instagram@/julio13alves66/


Parabéns Porto Alegre 250 Anos

Foto: Annacris Anadrades Porto Alegre - RS instagram@annacrisandrades Revista Escriba


“Ó beira do cais, transbordai os morrinhos que dividis a Porto dos casais à margem do muro sorria Restinga, de Ipanema ao Lami cada traço rústico que constituís.” (Gerson Nagel)

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solitude feminina frente ao escuro vazio pensamento curvado encarando a angústia de ser humana arqueada frente a realidade sombria inexorável só demasiadamente só na profunda e real escuridão do eu Paulo Rodrigo ohar Porto Alegre - RS


A mulher que sou Toda essa imensidão E tudo que ainda posso viver De todos os dias que mantive acesa a chama Sem queimar De todos os desejos Sem cair e ter que levantar por diversas vezes E não ter mais o que inventar Pra não sentir que já estou cansada Não só por uma noite Mas como se fosse no tempo de uma tempestade que passou E que durasse essa minha loucura de achar que os dias deveriam ser mais longos e alegres Sem deixar a minha versão mulher maravilha ir embora E usar as palavras certas Quando deixar o que sinto escrito em algum lugar Eledir do Prado Rosa Venâncio Aires - RS pradorosaeledir@gmail.com


Mega “Cobra!”- disse deus “Cabra”- disse Zeus ‘CALEM AS BOCAS JÁ!” Disse Iemanjá Dando ordem Fazendo ordem Nesses deusinhos que pensam Que as fodem Não podem Nem homenzinhos podem Pois a porta da casa está aberta Para quem da mulher A fereza não aceita Não há mulher comum Deusa esperta Irmãs inclusas Soberanas insulas O cotidiano não anula Tal Força de romper artérias Regei os gozos Em vocação profetizada Não pré-natal ou vestal Mulher não binária universal Do contra senso É teu o maior poder Nesse cosmo imenso. EVERTON LUIZ CIDADE São Leopoldo - RS instagra@evertoncidade/


MULHER Quando ouvires A palavra Mulher Um eco retumbará Subjetividades invisibilizadas Luta e resistência Fragilidade e acolhimento Repressão de individualidades Que coletivamente Renascem Na sororidade e dororidade Olho no olho E gritam Uníssonas Parem de nos matar! Lilian Rocha Porto Alegre - RS Instagram@lilikamarques24


De Tkaronto a Porto Alegre Cresci em pequena cidade grande, cinza, violenta, suja Sabia nada das brancuras da neve tudo do frio das escolhas tristes, das paredes, viadutos, miserê dos pobres. Da menina que vivia numa porta de ferro no Túnel da Conceição: dormia no barulho do trânsito infinito com outros refugiados da vida sem nada. Doze ou treze anos, pele cinzenta, cabelos compridos, magrinha. Violentada lá dentro por um homem grande, fugiu, não era a primeira vez. Andava pela Rua da Praia nos idos anos 70. Sumiu, a menina. Fugi de lá, e das outras cidades, as que vieram depois. Não escapei de mim, meus demônios vivem. Assombram-me, ainda na neve pristina e nova das florestas do Don Valley, nas árvores nuas vestidas de nuvens no sol de inverno que parece uma lua por trás da neblina, na calma fria da luz de fim de tarde das ruas de Tkaronto, o lugar onde árvores crescem dentro d’água. - Aqui também há meninas como aquela. Malu Baumgarten Toronto, Canadá www.urubuquaqua.com *Tkaronto, nome indígena de Toronto Revista Escriba


Graffiti : Erick Citron Porto Alegre - RS instagram@erick_citron/

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Ao sabor das marés Ao sabor das marés segue a vida Nas constantes chegadas e despedidas No ir e vir infinito do teu mar Que transforma o caminho, o caminhar... Ao sabor das marés segue o barco Nas cheias e nas vazantes, em cada marco Um brilho de reconhecimento e ilusão De que tudo é passageiro nesta emoção... Ao sabor das marés sigo eu Sem certezas do que vou buscar Mas querendo teu sorriso nesse mar... Consciente de que nada é meu Além da imagem registrada De alma navegante, perdida e apaixonada! Mara Garin Cachoeira do Sul - RS maragarin@gmail.com


ilu mina entre a voracidade e a intumescência dança poderosa da aparência sonho eterno adorna a adolescência enquanto mudo surge o grito surdo contra a violência que quando pode enfim árvore jubilosa carmim brotar dentre pedras fruto dum fértil terreno qualquer lagrimas assaz incolores despertam lavando tuas flores dores amargas jovem yasmin uivo de independência mas pra qualquer onde se corra há de ser sempre mulher que jazz em mim e brota da grota em cantos solares a espairecer erupção conexão evanesce amanhece torna a voltar jorra abundante da foz a jusante explode estelares espera estertores . quanta na lua faz casa se torna e é sempre perene ferrenha exuberante inquietante mulher

PAULO JORGE RISS DA SILVA Santa Cruz do Sul -RS


Graffiti : Erick Citron Porto Alegre - RS instagram@erick_citron/

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PEDRADA FEMINISTA Mu l h ere s s ã o p er i g o s a s Estão acostumadas a sangrar C onvivem com a dor Estão preparadas para dar o sangue pela liberdade de falar de pensar de escolher de andar junto com quem também é livre, de construir um mundo c ada ve z mais justo. Como ousam! Como afrontam! Como incomodam o macho branco hétero cidadão de bem... Aqu el e qu e pre g a uma mor a l que ninguém na verdade mantém. Como eles têm medo! Dessas bruxas que podem trazer outro ser de suas entranhas! E eles tentam se proteger em muros de intolerância misturada com autoritarismo que s empre anda com o machismo. As mulheres mais perigosas são aquelas que já entenderam onde nasce o fascismo e o poder que elas têm p ar a faz er re voluç ão. Quando se juntam, é potência entrando em ebulição!

Jeane Bordignon Gravataí - RS instagram@jeanebordignon

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