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Russa cria petição para punir brasileiros que assediaram mulher

A ativista Alena Popova pede ainda que cada um peça desculpas publicamente
Russa criou petição para responsabilizar brasileiros que assediaram mulher em vídeo Foto: Reprodução
Russa criou petição para responsabilizar brasileiros que assediaram mulher em vídeo Foto: Reprodução

RIO — A ativista russa Alena Popova criou um abaixo-assinado para que os brasileiros que aparecem em um vídeo assediando uma mulher em seu país durante a Copa do Mundo sejam responsabilizados. As imagens repercutiram nas redes sociais, gerando revolta entre personalidades e internautas. A petição é endereçada ao Ministério do Interior e à Embaixada do Brasil na Rússia.

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"Acreditamos que os cidadãos estrangeiros presentes no vídeo devem se desculpar publicamente tanto para a mulher quanto a todos os cidadãos russos por machismo, desrespeito às leis da Federação Russa, desrespeito aos cidadãos russos, insultos e humilhação da honra e dignidade de um grupo", escreveu,Popova na petição publicada no site "Change.org".

Em entrevista ao GLOBO, Alena disse que a reação dos russos ao caso em que brasileiros aparecem em vídeos assediando mulheres russas "é o espelho da luta ideológica" vivida na Rússia.

— Temos a ideologia progressista com as ideias de igualdade, direitos femininos e nova economia tecnológica e a ideologia conservadora com os “valores tradicionais”, em que mulher deve ser mãe e esposa, mas não ter personalidade independente, em que mulher não pode estar na política e em que homens são chefes da família — contou.

Alena fez uma "experiência" nesta quata-feira com o vídeo em que brasileiros aparecem assediando mulheres russas. As imagens foram mostradas a homens e mulheres nas ruas de Moscou e, de acordo com a reação, foram feitos alguns questionamentos.

— A reação dos homens foi negativa e a reação das mulheres foi neutra. A maioria das mulheres disse que nossos homens russos se comportam mais desrespeitosos quando bebiam. Quando perguntei: você acha que está tudo bem se alguém está bêbado e humilha a honra e a dignidade de alguém? A resposta deles foi típica de que talvez isso seja culpa dessa garota. Quando eu perguntei: Por que você acha que pode culpar a vítima? Suas respostas eram, em média, as mesmas: se ela estava sorrindo e dançando, significa que ela as provocava para prestar atenção nela — disse.

Na petição, a feminista anexou tanto as imagens em que os homens cantam músicas em alusão à cor do órgão sexual de uma mulher na Rússia quanto uma reportagem local sobre o caso.

De acordo com ela, a legislação russa oferece vasta gama de opções para penalizar indivíduos que agridem publicamente a honra e a dignidade de outra pessoa. No caso dos brasileiros, Popova frisou que eles não humilharam apenas a mulher que aparece no vídeo, como também "todas as mulheres da Rússia (já que no começo do vídeo um dos homens acrescenta a palavra "russos", no plural)".

"Assim, os cidadãos estrangeiros em vídeo podem ser responsabilizados por cometer um delito nos termos da Parte 1 do art. 5.61 do Código da Federação Russa sobre Infracções Administrativas", explicou a ativista na descrição do abaixo-assinado.

A ativista explica ainda o significado de "insulto" e indica qual seria a punição indicada para tal delito: "humilhação da honra e dignidade de outra pessoa, expressa de forma indecorosa, implica a imposição de uma multa administrativa aos cidadãos no valor de mil a três mil rublos, ou levados à responsabilidade sob a Parte 1. 20.1 do Código Administrativo da Federação Russa (pequeno vandalismo), isto é, por violação da ordem pública, expressando óbvio desrespeito à sociedade, acompanhado de linguagem obscena em locais públicos, insultando o assédio dos cidadãos".

Popova acompanha o noticiário no Brasil e citou uma das reportagens do GLOBO sobre o advogado Diego Valença Jatobá, ex-secretário de Turismo, Esporte e Cultura de Ipojuca, na Região Metropolitana de Pernambuco, que foi condenado por apropriação indébita de fundos e dívidas por pensão alimentícia para sua mulher. Ela mencionou também estar ciente sobre a participação do tenente da Polícia Militar de Santa Catarina Eduardo Nunes. Segundo a ativista, seu comportamento não correspondeu "ao status dos militares".