Weintraub escolhe gestores não ligados à educação para secretarias do MEC

Escolhidos têm experiência nas áreas de economia e administração

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Brasília

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, definiu o primeiro escalão da pasta dando preferência a profissionais da área de gestão. Os novos secretários não têm ligação com o debate educacional

A Folha havia revelado na quarta-feira (10) que o novo ministro iria trocar as secretarias do MEC, com exceção do titular da Alfabetização, Carlos Nadalim, ex-aluno do escritor Olavo de Carvalho. Weintraub também é admirador de Olavo.

Abraham Weintraub, novo ministro da Educação
Abraham Weintraub, novo ministro da Educação - Pedro Ladeira/Folhapress

Para a Secretaria Executiva, o nome escolhido foi Antonio Paulo Vogel de Medeiros, como adiantou o Painel. Vogel vem da Casa Civil e substitui o brigadeiro Ricardo Machado, no cargo desde o dia 29.

A movimentação representa o esvaziamento da ala militar na pasta. Um conflito entre militares e discípulos de Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, paralisou o ministério e resultou na demissão de Ricardo Vélez Rodríguez.

Weintraub disse na terça-feira, na transmissão de cargo, que chega para decretar a paz. Mas caso alguém não esteja de acordo, terá de sair.

A secretaria de Educação Básica será ocupada por Janio Macedo. Advogado, atuou por 35 anos no Banco do Brasil. Era secretário-adjunto da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal, ligada à Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.

A Folha apurou que, em um primeiro encontro com integrantes da subpasta, ele deixou claro a mesma postura de que descontentes com a nova equipe deveriam sair. Também pediu a produção de uma lista de dez prioridades.

Para a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, foi escolhido Silvio José Cecchi, como revelou a Folha. Ligado ao MDB, ocupou o mesmo cargo na gestão Michel Temer. Também atuou em posições importantes de grandes grupos educacionais, que exercem pressão sobre a subpasta.

O novo titular da Secretaria de Educação Superior será o economista Arnaldo Barbosa de Lima Junior. Era diretor de Seguridade na Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo. 

A Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica será comandada por Ariosto Antunes Culau. Economista de formação, é servidor público federal do quadro do Ministério da Economia.

O ministro também anunciou o secretário-executivo adjunto. Rodrigo Cota era analista de Comércio Exterior do Ministério da Economia.

A deputada Tábata Amaral (PDT-SP) disse ver com preocupação o perfil da equipe. "Quero ver se vai prevalecer a visão do Ministério da Economia, que pensa na desvinculação de recursos para a educação, ou a visão de quem luta por uma educação de qualidade para todos", diz.

O destino da secretaria de Modalidades Educacionais continua incerto. Apesar da definição de trocar o titular, Bernardo Goytacazes, a subpasta não foi citada no anúncio do MEC. 

Goytacazes e os ex-secretários de Regulação, Marco Faria, e de Educação Profissional, Alexandro de Souza, eram ex-alunos de Vélez trazidos por ele para o MEC. Já o ex-titular da subpasta do Ensino Superior, Mauro Rabelo, era remanescente da gestão Temer. 

As mudanças ainda consolidam a saída de Rubens Barreto, adjunto da secretaria executiva. Barreto chegou ao MEC com o ex-secretário executivo Luiz Antonio Tozi e foi anunciado por Vélez para seu lugar. Mas olavistas fizeram pressão e o ex-ministro não pôde nomeá-lo.

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