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Julgamento do Mensalão

Filho de Dirceu diz sofrer com possibilidade de ver o pai preso

Filho do ex-Chefe da Casa Civil disse estar preparado para enfrentar a situação

16 abr 2013 - 10h21
(atualizado às 10h21)
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O clima de confiança expressado pelo ex-ministro José Dirceu em conseguir a revisão de sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e evitar o cumprimento da pena de dez anos e dez meses de prisão sentenciado na Ação Penal 470 - que julgou os réus do escândalo político conhecido como mensalão - não é compartilhado por seus familiares residentes em Cruzeiro do Oeste, a 536 km de Curitiba. "Toda família está sofrendo com a possibilidade de o ver ser preso a qualquer momento", desabafa o deputado federal Zeca Dirceu (PT), filho mais velho do ex-ministro.

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Em entrevista exclusiva ao Terra em Campo Mourão, a 360 km de Curitiba,  Zeca revelou que a família vive um drama diário, que atinge inclusive sua filha de 19 anos - neta de Dirceu -, que mora em Cruzeiro do Oeste e estuda em uma faculdade na cidade vizinha de Umuarama. "É difícil o dia a dia para ela,  por ser neta do Zé Dirceu. Não vou expor o que ocorre porque ninguém me deu autorização. Mas é um momento de dor e sofrimento para a família e o momento mais difícil da vida do meu pai", disse ele.

Zeca afirma que, ao contrário dos demais familiares, está preparado para enfrentar  a situação. "Eu sou da luta, meu pai é da luta. Não me tira um minuto de sono e disposição as circunstâncias e a forma difícil como as coisas estão ocorrendo", afirmou. 

Zeca não quis comentar as acusações de José Dirceu de "assédio moral" que teria sido feito pelo ministro Luiz Fux, do STF. "Eu sou filho, amo meu pai, tenho uma relação com ele que é afetiva e de paixão. Não me peça para fazer uma análise política, técnica ou equilibrada sobre este assunto, que eu não tenho esta condição, como filho e apaixonado pelo pai que sou. O que ele fez foi se defender e expor situações que ocorreram", resumiu.

Sem reflexos

Cumprindo seu primeiro mandato na Câmara Federal, Zeca Dirceu é um político em ascendência no Paraná. Antes de assumir o atual mandato, era prefeito de Cruzeiro do Oeste, cargo para o qual fora reeleito. O deputado é conhecido pelos prefeitos da região Oeste do Estado por ter facilidade para obter verbas em Brasília e estar sempre presente nas bases.

Quando conversou com o Terra, o deputado participava de uma solenidade na prefeitura de Campo Mourão, anunciando a liberação de recursos no valor de R$ 750 mil do governo federal, através de indicações de sua autoria, para as áreas de Saúde, Educação, Cultura e Infraestrutura.

Para ele, mesmo com a eventual prisão de Zé Dirceu não haverá reflexos sobre seu trabalho. "As pessoas aqui não estão preocupadas com o que ocorre em Brasília. Querem investimentos e melhorias para os municípios. Além disso, a popularidade da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula mostram que este assunto não vai influenciar os resultados das eleições. É um assunto já desgastado e não sei por que a imprensa o trata como o assunto mais importante do País". 

Dupla identidade

Quando José Carlos Becker de Oliveira e Silva, conhecido como Zeca Dirceu nasceu, em 1978, seu pai era Carlos Henrique Gouveia de Mello, pseudônimo inventado por José Dirceu para viver em Cruzeiro do Oeste. Deportado em troca da libertação do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, em 1969, o ex-ministro se exilou em Cuba, após rápida passagem pelo México. Naquele país, passou por cirurgia plástica e retornou clandestinamente ao Brasil, em 1975, instalando-se na pequena cidade do oeste paranaense.

Apresentando-se inicialmente como pecuarista e depois empresário, José Dirceu casou-se com Clara Becker, mãe de Zeca, com quem conviveu quatro anos. Um ano após o nascimento de Zeca, o ex-ministro revelou à sua mulher sua verdadeira identidade e retornou a Cuba para poder voltar ao Brasil com sua identidade real, após a anistia política. A dupla identidade de Zé Dirceu só foi divulgada publicamente em 1986. 

Fonte: Especial para Terra
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