PUBLICIDADE

Política

Por dívidas, prefeita devolve portal de cidade no PR: 'é o caos'

14 jan 2013 - 12h36
(atualizado às 14h44)
Compartilhar
Exibir comentários

O sonho de assumir a prefeitura de Farol (PR), a 481 km de Curitiba, se transformou em um pesadelo para a enfermeira Ângela Kraus (PT do B) nos primeiros dias de seu governo. Com apenas R$ 14 mil nas contas bancárias da prefeitura, ela será obrigada a devolver o portal instalado na entrada da cidade, que não foi pago pela antecessora. "É o caos", disse ela. Com a recusa da prefeita anterior para compor uma comissão de transição, após o resultado das eleições, Ângela diz que só ficou sabendo do "tamanho do problema" ao entrar no gabinete após a posse em janeiro.

A prefeitura de Farol (PR) vai devolver o portal da cidade devido às dívidas deixadas pela administração anterior
A prefeitura de Farol (PR) vai devolver o portal da cidade devido às dívidas deixadas pela administração anterior
Foto: Carlos Ohara / Especial para Terra

Tentando estabelecer uma condição mínima de governo e diagnosticar a real situação da administração, a prefeita foi obrigada a decretar a interrupção do atendimento ao público até o final de janeiro, mantendo apenas o expediente interno. Mesmo assim, o prazo pode ser dilatado. Não há equipe suficiente e nem dinheiro para contratações. Na gestão anterior, segundo ela, havia mais de 100 cargos comissionados no pequeno município de cerca de 3 mil habitantes. "No momento, consegui nomear apenas nove pessoas nestes cargos para ocupar posições essenciais ao funcionamento da cidade. Não há verba para pagamento e até o recolhimento do INSS está atrasado, inviabilizando a obtenção de novos recursos pois o município está negativado", afirmou Ângela.

Computadores desaparecidos e prédios trancados

Na infraestrutura do município, o quadro é pior. "Misteriosamente, todos os pneus da frota de veículos ficaram 'carecas' nos últimos três meses. Computadores desapareceram e até motores de veículos. A coleta do lixo estava paralisada e não existe um comprimido na área da Saúde. Tivemos que arrombar as portas de alguns prédios públicos porque as chaves não foram entregues. O estado é de caos total", disse Silvio Roberto Zamora, que assumiu a secretaria de Administração do município.

A nova prefeita pretende encaminhar os resultados de uma sindicância instaurada para apuração do Ministério Público. Na delegacia de polícia do município, já foram realizados o registro de boletins de ocorrência sobre furtos de equipamentos pertencentes à prefeitura.

Em uma avaliação preliminar, Zamora diz que, até agora, já foram contabilizados quase R$ 2 milhões em dívidas, o que representa 20% do orçamento anual de Farol que gira em torno de R$ 10 milhões. "Mas esse número deve aumentar. A cada dia aparece um fornecedor aqui para receber algo que nem sabemos se foi comprado pelo município. E tem coisas absurdas, como um portal instalado nos últimos dias da administração que terá que ser devolvido ao fornecedor. Não tem como pagar e nenhum documento que mencione a aquisição", fala o secretário.

A nova prefeita estabeleceu um período de moratória de 90 dias. "Neste prazo, não haverá nenhum pagamento a fornecedores. Depois, só serão feitos os pagamentos cujos procedimentos foram oficiais", afirma ela. Ângela tenta ainda conseguir uma verba emergencial, "ou com o governo estadual ou federal" para compra de medicamentos e obter pelo menos R$ 200 mil para pagar impostos em atraso para obter uma certidão positiva e obter uma verba federal de cerca de R$ 400 mil para a Educação, em fase de liberação.

Escassez de combustível

"O período letivo vai começar e nem mesmo peças para colocar os ônibus escolares nas ruas existem. Os fornecedores não querem nem vender combustível para o município. O crédito está fechado aqui e até mesmo em Campo Mourão, onde são realizadas algumas compras", disse a prefeita. Com a escassez do combustível, ela tem evitado até mesmo utilizar o veículo Vectra, placa BEM 1768, confeccionada especialmente pela ex-prefeita, Dirnei Cardoso (PMDB), para homenagear a forma carinhosa como ela chamava o marido, Gilmar Cardoso, que ocupava um cargo de "supersecretário" na gestão anterior.

Os números da placa fazem referência à data de aniversário da ex-prefeita: 17 de julho de 1968. O Terra tentou entrar em contato com Dirnei, que prefere ser chamada de Dina, mas ela não foi encontrada. 

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade