Edição do dia 16/11/2010

16/11/2010 19h12 - Atualizado em 16/11/2010 19h49

PMs são presos suspeitos de formar grupo de extermínio em São Gonçalo

Eles são acusados de matar 15 pessoas, todas do tráfico de drogas.
Um policial civil foi preso em Itaperuna, também suspeito no crime.

Do RJTV

A Polícia Civil do Rio desarticulou um grupo de extermínio que atuava no município de São Gonçalo, na Região Metropolitana. Segundo a polícia, entre os suspeitos presos estão cinco cabos da Polícia Militar. Eles são acusados de matar pelo menos 15 pessoas, todas ligadas ao tráfico de drogas.

Os investigadores informaram que um policial civil, também suspeito no crime, foi preso em Itaperuna, no Noroeste Fluminense. Ele é suspeito de ajudar o chefe da quadrilha a fugir. O policial está preso no presídio Bangu 8. Já os PMs foram levados para levados para o Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, no subúrbio.

Além de torturar e matar traficantes, a quadrilha forjava sequestros e chegou a assassinar parentes e amigos dos criminosos: “É um dos grupos mais sanguinários que a gente já pôde ver aqui. Eles entendiam o dinheiro que eles extorquiam como uma forma de ajuda de custo”, disse o promotor Paulo Roberto Cunha Júnior.

“Minha vida não tem mais sentido nenhum, porque meu filho não merecia morrer daquela forma. Errado ele estava, porque ele se envolveu com coisa que não presta”, disse uma mulher, cujo filho era um traficante que foi sequestrado e morto por uma quadrilha de policiais militares de três batalhões dos municípios de São Gonçalo, Niterói e Rio.

Antes de ser morto, o traficante foi torturado pela quadrilha: “Porque eu esperava, sim, que ele podia ser preso, ou se... Até a polícia mesmo, troca de tiro. Mas não daquele jeito”, desabafou a mãe, cuja identidade foi preservada.

Simulação de sequestros
Era assim que eles ganhavam dinheiro: simulando sequestro. Como as vítimas eram do tráfico, ninguém chamava a polícia. Segundo as investigações, outras cinco pessoas morreram quando foram pagar o resgate exigido pelos bandidos.

“Eles sequestravam traficantes, matavam eles, depois ligavam para familiares ou amigos desses traficantes pedindo dinheiro para que libertasse, quando na verdade eles já estavam mortos. E algumas pessoas até que foram entregar esse dinheiro acabaram sendo mortas pelo grupo”, afirmou o delegado Geraldo Assed.

A quadrilha roubou e usou o aparelho celular de uma das vítimas. A polícia monitorou, com autorização da Justiça, as ligações feitas do número do aparelho e flagrou PMs conversando ao telefone enquanto torturavam um traficante numa casa em São Gonçalo. No imóvel, de acordo com a polícia, morava o suposto chefe da quadrilha, Wanderson da Silva Tavares, conhecido como “Gordinho”.

Eles não acreditavam que a polícia fosse investigar"
Geraldo Assed

Ele, que não é policial, se apresentava como agente penitenciário. Segundo as investigações, cada sequestro rendeu até R$ 15 mil reais para o bando. O dinheiro servia também para pagar uma parte das execuções: “Eles não acreditavam que, pelo fato das vítimas serem do tráfico, que a polícia fosse investigar”, completou o delegado Geraldo Assed.

Depois de dar vários tiros na cabeça das vítimas, os criminosos nem escondiam os cadáveres. De acordo com os agentes, eles queimavam e largavam os corpos em locais como valões e terrenos. O chefe do grupo ainda chegou a cometer outros crimes no sistema financeiro. A polícia apreendeu cartões de crédito que seriam usados pela quadrilha.

Disque-Denúncia oferece recompensa
De acordo com a polícia, Wanderson da Silva Tavares, o “Gordinho”, está foragido. O Disque-Denúncia oferece R$ 2 mil por informações que levem à captura dele: “Eles estão sendo acusados de homicídio qualificado, extorsões mediante sequestro, ocultação de cadáver, quadrilha, e eles vão cumprir 30 anos no regime fechado, que é o máximo que a lei permite”, disse o promotor.

“Restando provado isso tudo, só tem uma palavra pra definir a situação toda, que é expulsão
deles, e eles vão responder na Justiça, logicamente, pelos seus atos”, afirmou o coronel Lima Castros, relações-públicas da Polícia Militar do Rio.

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