A SPTrans informou na tarde desta quarta-feira (7) que não
implantou o Plano de Apoio Entre Empresas Frente a Situações de
Emergência (Paese), em função a paralisação dos ônibus da
capital paulista, porque ele só é adotado quando carros de
outras linhas são colocadas para suprir as que estão paradas.
Como toda a frota não circula, segundo a SPTrans, não havia como
adotar o Paese.
Ainda de acordo com a companhia de transportes, as
linhas permissionárias (antigas cooperativas) estão funcionando
e tiveram seu itinerário estendido para atender a demanda maior
de passageiros. A SPTrans calcula que, dos 27 terminais de
ônibus da cidade, só três na Zona Norte não pararam. Outros
tiveram o funcionamento prejudicado. Já no Expresso Tiradentes,
no Centro, os ônibus não circularam.
A paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus, iniciada na
manhã desta quarta, deixa os pontos lotados na Zona Sul de São
Paulo. No início da tarde, passageiros estavam preocupados
porque não sabiam como chegar ao trabalho. Os poucos ônibus que
passavam seguiam lotados.
O porteiro Aílton de Queiroz Santana, de 23 anos,
chegou ao ponto de ônibus pouco antes das 11h, mas ainda
esperava pela condução por volta das 13h. “Eu sabia [da
paralisação], mas falaram que ia começar às 11h. Cheguei às
10h45 e não encontrei nenhum ônibus. Até saí mais cedo de casa”,
contou enquanto esperava em um ponto da Avenida Adolfo Pinheiro,
na Zona Sul.
Os pontos próximos ao Largo 13 de Maio estavam
lotados e as pessoas disputavam o espaço nas calçadas. Alguns
passageiros foram pegos de surpresa, como a estudante Carmem
Rosa, de 21 anos, que faz estágio em uma empresa. Por volta das
13h, quando já deveria estar no trabalho, ela ainda esperava o
ônibus. “Eu não sabia, o pessoal [do ponto] que me falou”,
disse. "Já avisei o chefe e daqui a pouco vou ter que
avisar de novo."
Os passageiros recorriam aos microônibus e aos ônibus intermunicipais, que seguiam lotados. Os veículos das poucas linhas que ainda circulavam tinham o espaço muito disputado. Por volta das 13h15, um ônibus que faz a linha Jardim Herplin/Praça da Árvore parou em um ponto na Avenida Adolfo Pinheiro e partiu lotado – o motorista teve dificuldades para conseguir fechar a porta.
A paralisação, que começou às 11h, deve durar até as 14h, de
acordo com o Sindicato dos Motoristas e dos Trabalhadores do
Transporte Urbano de São Paulo. A orientação do sindicato é que
os ônibus que terminem a viagem sigam para as garagens. Na
cidade, circulam 15 mil coletivos gerenciados pela SPTrans.
Os funcionários marcaram uma reunião em cada uma
das 29 garagens da capital em uma assembléia informativa,
segundo informou Saulo Isao, o Jorginho, presidente do
sindicato. Ele está desde o início desta manhã em uma garagem da
Vip/Itaim Paulista na região do Guarapirangam na Zona Sul de São Paulo.
A paralisação deixou vazios os terminais da cidade de São Paulo. De acordo com a SPTrans, às 11h não havia mais ônibus nos terminais Varginha, Parelheiros e Santo Amaro, na Zona Sul, e Penha e São Miguel, na Zona Leste. Muitos passageiros também buscavam no local meios de chegar ao trabalho.
No Terminal Santo Amaro, a operadora de telemarketing Maria Alexsandra Barbosa dos Santos, de 25 anos, ficou aflita por causa do horário do trabalho. "Eu cheguei às 10h30 para pegar o Terminal Bandeira e já não tinha mais", contou. Ela precisa chegar ao trabalho, no Centro de São Paulo, às 13h10. "Eu trabalho com telemarketing e uma hora que eu perco é descontada do meu salário", disse. A alternativa encontrada por ela foi pegar um trem e seguir até um ponto onde é possível a baldeação com o Metrô.
O pedreiro Clemente José da Silva, de 53 anos, não conseguiu voltar ao trabalho. Ele havia ido à Zona Sul para pegar um documento e, sem condução, decidiu ir para casa. “Eu consegui avisar [o chefe] e não tem problema”, disse.
A categoria exige reajuste com base no Índice de Preços ao
Consumidor (IPC), de 5,5%, mais aumento real de 5%. O salário de
motorista é de R$ 1.279 e o de cobrador, R$ 738.
Eles também reivindicam aumento da participação
nos lucros e resultados para um salário mínimo. Hoje os
motoristas recebem R$ 300 e os cobradores, R$ 200, de acordo com
o sindicato. A categoria pede também melhoria na cesta básica e
no convênio médico.
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