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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva incentivou os brasileiros
a continuarem consumindo responsavelmente apesar da crise. A
declaração foi feita durante a mensagem de fim de ano exibida em
rede nacional nesta segunda-feira (22). Segundo ele, a economia
está sólida e o país sairá “mais forte” da turbulência
internacional.
“Você, meu amigo e minha amiga, não tenha medo de
consumir com responsabilidade. Se você está com dívidas, procure
antes equilibrar seu orçamento. Mas, se tem um dinheirinho no
bolso ou recebeu o décimo terceiro, e está querendo comprar uma
geladeira, um fogão ou trocar de carro, não frustre seu sonho,
com medo do futuro”, afirmou. "Porque se você não comprar,
o comércio não vende. E se a loja não vender, não fará novas
encomendas à fábrica. E aí a fábrica produzirá menos e, a médio
prazo, o seu emprego poderá estar em risco."
De acordo com Lula, a crise foi provocada pela
“falta de controle do sistema financeiro” nos países mais ricos.
“A jogatina foi longe, mas, um dia, a conta chegou. Bancos
quebraram, um grande número de empresas entrou em dificuldades e
milhões de trabalhadores perderam suas casas ou seus empregos”,
disse.
O presidente também comentou os números da
economia neste ano. Segundo Lula, a inflação de 2008, “mesmo com
a explosão dos preços internacionais”, deve ficar dentro da
meta. De acordo com ele, em 2008, até outubro, 2,14 milhões de
empregos foram criados. No
entanto, nesta segunda-feira, o Ministério do Trabalho
divulgou a primeira queda no nível de emprego no ano.
Lula disse também que, a partir do ano que vem, o
país começa a explorar as reservas do pré-sal. “Com isso, o
Brasil passará a ser um dos grandes produtores de petróleo do
mundo”, afirmou.
Leia a íntegra do pronunciamento
Minhas amigas e meus amigos,
Esta noite quero conversar com vocês sobre a crise
econômica mundial. É uma crise muito diferente das anteriores.
Não surgiu num país emergente ou na periferia do sistema. Ao
contrário, nasceu e explodiu no coração do mundo desenvolvido.
Mais precisamente, nos Estados Unidos e na Europa.
Esta crise, que afeta todo o mundo, foi provocada
pela falta de controle do sistema financeiro nos países mais
ricos. Em vez de cumprirem seu papel na economia, financiando o
setor produtivo, os bancos viraram um grande cassino.
A jogatina foi longe, mas, um dia, a conta chegou. Bancos quebraram, um grande número de empresas entrou em dificuldades e milhões de trabalhadores perderam suas casas ou seus empregos.
Aqui no Brasil não tivemos este tipo de crise.
Nosso sistema bancário estava e está saudável. Nossa economia,
arrumada e organizada vem crescendo a taxas robustas, as maiores
dos últimos 30 anos.
Portanto, a crise coincide com nosso melhor
momento. É uma pena, mas como estamos muito bem, a situação é
menos complicada. Todos concordam que somos um dos países mais
preparados para enfrentar este desafio.
Nas crises anteriores, em poucos dias o Brasil
quebrava e era obrigado a pedir socorro ao FMI. Desta vez, o
Brasil não quebrou, nem vai quebrar. Esta enfrentando a situação
de cabeça erguida.
Enquanto a maioria dos países ricos está em
recessão, o Brasil vai continua crescendo. É verdade que, com o
vento a favor, poderíamos ir mais longe. Mas, mesmo com o vento
contra, podemos e vamos seguir progredindo.
Se hoje estamos em melhores condições para
enfrentar qualquer crise, é porque soubemos fazer as opções
acertadas. É porque aceleramos o crescimento da economia em
bases consistentes. E crescemos distribuindo renda e reduzindo
as desigualdades entre as regiões.
Em primeiro lugar, mantivemos a inflação sobre
controle. Quando assumi o governo, a inflação estava acima de 9%
. Foi declinando ano a ano. Em 2008, mesmo com a explosão dos
preços internacionais, ela vai ficar dentro da meta.
Também diminuímos a dívida pública. Em 2003, ela representava 52% do PIB. Foi caindo e este ano deve ficar em 36%.
Além disso, diversificamos nossas exportações.
Viajei pelo mundo afora, como um verdadeiro mascate dos nossos
produtos. Alguns nos criticaram. Mas hoje, quando os Estados
Unidos e a Europa estão no olho do furacão, vemos como foi
acertada a decisão de diversificar nossas relações comerciais.
Minhas amigas e meus amigos,
Outra vantagem são as nossas grandes reservas em
moeda internacional. Quando assumimos, o Brasil devia muito ao
FMI e ao Clube de Paris. Hoje, não deve um só centavo.
Naquele tempo, nossas reservas em moeda
estrangeira eram muito baixas. Hoje chegam a 207 bilhões de
dólares. Com isso, deixamos de ser devedores para ser credores
internacionais. Uma diferença e tanto. Agora temos um colchão de
segurança para nos proteger.
Mas nossa maior defesa hoje é a força do mercado
interno. Ele fez progressos extraordinários nos últimos anos.
Para isso, foram decisivos o Bolsa-Família, a melhoria do
salário mínimo e a expansão do emprego.
De 2003 para cá, o salário mínimo cresceu em
termos reais, 51% e o emprego também cresceu fortemente.
Em 2007, batemos um recorde: 1 milhão 812 mil
novos empregos com carteira assinada. Em 2008, novo recorde: até
outubro, 2 milhões 148 mil empregos. Resultado: a taxa de
desemprego caiu de 12,3% em 2003 para 7,6% em outubro de 2008.
Nosso desenvolvimento econômico e social fez com
que, nos últimos anos, mais de 20 milhões de pessoas entrassem
na classe média.
Tudo isso fez a roda da economia girar mais forte
e abriu um círculo virtuoso no nosso país. Mudamos de cara e de astral.
Minhas amigas e meus amigos,
Esses avanços estão permitindo ao Brasil enfrentar
com firmeza e serenidade o atual momento.
E estamos agindo em todas as frentes desde que a crise começou. Já adotamos medidas para normalizar o crédito, para apoiar nossas empresas exportadoras e para manter a atividade nos setores que geram mais empregos, como as pequenas e médias empresas, a agricultura, a construção civil e a indústria automobilística. Reforçamos o poder de fogo dos bancos estatais e baixamos impostos para que as empresas e os consumidores pudessem ter um pouco mais de dinheiro em caixa e no bolso.
Ao mesmo tempo, o governo manterá todos os
investimentos previstos no PAC, e nos programas sociais. Em
hipótese alguma, haverá cortes nos investimentos governamentais.
Porque eles são decisivos para o Brasil enfrentar a crise e sair
dela mais reforçado.
Minhas amigas e meus amigos,
Quero dizer, com toda a serenidade, que a crise
não nos assusta. O país está preparado e tem comando. Seguiremos
acompanhando com lupa a situação da economia, 24 horas por dia.
O que tiver que ser feito, será feito. No tempo certo e na dose
adequada. E sempre dialogando com o país.
Mas é fundamental que todos façam sua parte.
É importante que os empresários sigam investindo.
É imprescindível que os trabalhadores defendam a produção e o
emprego. Já o setor financeiro, deve trabalhar para estimular o
crédito e baixar os juros, que estão muito altos.
E você, meu amigo e minha amiga, não tenha medo de
consumir com responsabilidade. Se você está com dívidas, procure
antes equilibrar seu orçamento. Mas, se tem um dinheirinho no
bolso ou recebeu o décimo terceiro, e está querendo comprar uma
geladeira, um fogão ou trocar de carro, não frustre seu sonho,
com medo do futuro.
Porque se você não comprar, o comércio não vende.
E se a loja não vender, não fará novas encomendas à fábrica. E
aí a fábrica produzirá menos e, a médio prazo, o seu emprego
poderá estar em risco.
Assim, quando você e sua família compram um bem,
não estão só realizando um sonho. Estão também contribuindo para
manter a roda da economia girando. E isso é bom para todos.
Minhas amigas e meus amigos,
Posso assegurar que o Brasil não só vencerá a
crise, como sairá dela mais forte. Temos todas as condições para
isso. Em 2009, vamos começar a explorar as imensas reservas do
pré-sal. Com isso, o Brasil passará a ser um dos grandes
produtores de petróleo do mundo. Estamos todos no mesmo barco. E
se remarmos juntos na mesma direção, venceremos as turbulências
e prosseguiremos na rota do crescimento. Só depende de nós.
Um feliz natal para você e para sua família. Que
2009 seja um ano ainda melhor que 2008. Que seja um ano de
saúde, de paz e de prosperidade.
Acredite no Brasil porque antes de tudo, você
estará acreditando em você.
Boa noite.