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À esq., traje de banho Armani para a Itália, que também contará com a grife Miuccia Prada,
e roupa de descanso Ralph Lauren para os americanos

À constelação de atletas que brilharão na Olimpíada de 2012 vão se juntar nomes mais ligados a tesouras e tecidos do que a esportes. É o time fashion que está assinando uniformes ou vestes especiais para o evento em Londres. A estilista britânica Stella McCartney, o americano Ralph Lauren, os italianos Miuccia Prada e Giorgio Armani e a jamaicana Cedella Marley vestirão as delegações de seus países na competição. O Brasil, que teve uniformes assinados por nomes famosos nas últimas disputas, desta vez deve ficar fora da tendência. A fabricante de material esportivo Nike já trabalha na confecção dos modelos, que serão apresentados na sexta-feira 6.

Os Jogos Olímpicos são uma vitrine única. É a oportunidade de expor uma marca a uma qualificada audiência mundial. “É um espaço nobre, associado à juventude, a coisas mais elegantes e com visibilidade global”, diz o publicitário Lula Vieira. Para os países, é interessante porque eles conferem glamour à delegação e divulgam o que têm de melhor em termos de moda. Os estilistas também lucram porque associam suas grifes aos valores difundidos na Olimpíada. Para aproveitar esse espaço privilegiado de publicidade a favor, o Comitê Organizador dos Jogos em Londres convidou jovens designers da Royal College of Art para reinventar o pódio e dar um toque britânico e moderno ao cenário, uniformes e até às flores que farão parte das 4.400 cerimônias de premiação. É uma forma de valorizar o produto nacional.

A maior estrela da moda britânica será responsável pela elegância dos anfitriões. À frente da grife que leva seu nome, Stella, filha de Paul McCartney, desenhou as roupas produzidas pela Adidas. As peças têm traços estilizados em tons de azul, com golas e punhos vermelhos. “Os atletas me disseram: ‘Quando sinto que estou bem, eu rendo mais’. Acho que isso acontece com todo mundo”, disse Stella. A consultora Patrícia Veiga aposta no efeito psicológico das peças com bom caimento, para atletas e também a torcida, que gosta de se ver bem representada. “O importante é que a roupa seja confortável, mas a beleza ajuda muito. Dá mais segurança e pode pesar a favor”, diz a editora de moda da Rede Globo.

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Stella McCartney entre suas criações produzidas pela Adidas para a delegação inglesa

“Em Los Angeles 1984, quando a gente ia amarrar o tênis, a lingueta saía na mão. As camisas vinham grandes ou nos faziam suar muito. Incomodava mesmo”, lembra Maria Isabel Barroso Salgado, a Isabel, ex-jogadora de vôlei que participou da Olimpíada nos Estados Unidos, para quem a roupa pode dar ou tirar segurança. Essa é a aposta de várias delegações. A Jamaica, por exemplo, convocou Cedella Marley, filha do cantor Bob Marley (1945-1981), para vestir os competidores. A italiana Prada também estará em Londres, mais precisamente na baía de Weymouth, onde serão disputadas as provas de vela. As demais categorias vão, literalmente, desfilar de Armani pela Vila Olímpica. O braço esportivo da marca desenvolveu peças em azul-marinho com bandeiras e uma frase do hino da Itália bordada em ouro.

Os 17 mil atletas que vão a Londres usarão uniformes desde o embarque no país natal até o pódio, quando houver. Há roupas para viajar, passear na Vila Olímpica, competir e, aos que conquistarem medalhas, para receber a láurea no pódio. Cada categoria tem um traje de competição compatível com suas necessidades. Nos momentos de descanso, os times americanos, por exemplo, usarão roupas com a grife Polo Ralph Lauren. Os esportistas vestirão peças em estilo náutico, com o branco predominando e o vermelho e azul da bandeira aparecendo em detalhes. Se a teoria de que a roupa bonita e confortável pode contar a favor, vale a pena ficar de olho no desempenho da Espanha. O uniforme da delegação espanhola, criado por uma marca russa, foi considerado horroroso por especialistas, torcedores e atletas.

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Fotos: GIUSEPPE ARESU/AFP PHOTO; Richard Heathcote/Getty Images; JORGE AKIMOTO