Agencia EFE

17/03/2013 14h33 - Atualizado em 17/03/2013 14h33


Ex-diretor do Centro Niemeyer na Espanha acusa políticos de 'destroçá-lo'

Agencia EFE

Madri, 17 mar (EFE).- Os políticos em Astúrias 'destroçaram o principal projeto cultural do país', afirmou neste domingo à Agência Efe, em referência ao Centro Niemeyer, Natalio Grueso, que foi diretor da instituição entre 2006 e 2011 e hoje é diretor de Artes Cênicas da comunidade autônoma de Madri.

Grueso, que dirigiu o centro desde que o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer - falecido no último mês de dezembro aos 104 anos - o doou ao Governo das Astúrias, teve que depor nesta semana no processo de diligências prévias que foi instruído em um tribunal da cidade asturiana de Avilés para verificar um relatório sobre as contas da instituição.

O diretor esteve à frente do Centro Niemeyer até que o governo anterior das Astúrias o afastou do cargo no dia 15 de dezembro de 2011.

Em declarações à Efe, Grueso disse se sentir 'muito tranquilo' no que se refere a sua administração, mas 'ao mesmo tempo, muito triste, já que, segundo ele, os políticos em Astúrias destroçaram o principal projeto cultural deste país e, além disso, destruíram o futuro de uma cidade como Avilés'.

'Agora eles têm que explicar perante a população o que fizeram e encontrar culpados onde não há. Aí sempre culpam o elo mais fraco que é quem é independente e não milita em nenhum partido político', apontou o ex-diretor.

O processo foi iniciado depois que a Fundação Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer-Principado das Astúrias apresentou uma denúncia no último mês de dezembro contra Grueso. Após uma auditoria feita no período entre 2007 e 2011, o ex-diretor teria que justificar despesas que poderiam passar dos US$ 523 mil.

Grueso, assim como já afirmou perante o juiz nesta semana, negou a existência de qualquer tipo de delito ou ilegalidade em sua gestão, que, segundo ele, passava por fiscalizações a cada ano e cujas finanças estavam submetidas ao Tribunal de Contas.

'Todas as partes reconhecem que nem mesmo um dólar desapareceu ou foi desviado. O problema é saber se o uso dos fundos foi adequado ou não', afirmou o ex-diretor, que completou: 'O que me assusta é que se ponha em dúvida que Avilés, uma cidade de 80 mil habitantes, 'tenha gerado cerca de US$ 523 milhões em imagem pública, multiplicado o turismo e gerado notícias na imprensa de 146 países'.

Niemeyer, que além de ser 'um grande amigo' era um 'sábio', lhe dizia quando foi gerada a polêmica sobre o centro, no qual investiram cerca de US$ 56,2 milhões, que 'o importante sempre é criar coisas, não destruí-las'.

'Tinham lhe negado o visto para entrar nos Estados Unidos por ser comunista e, algum tempo depois, ele vai e constrói o edifício da ONU. Queriam lhe prender no Brasil e depois lhe deram honras de Estado. Estas coisas - ele me dizia - acontecem na vida habitualmente', declarou Grueso.

Erguido junto à foz de Avilés com a pretensão de representar o mesmo que o Museu Guggenheim foi para Bilbao, o Centro Niemeyer é o único edifício do arquiteto brasileiro na Espanha e foi inaugurado oficialmente no dia 25 de março de 2011.

O prédio, que já foi visitado por Woody Allen, Jessica Lange e Kevin Spacey, também abrigou a 1ª Cúpula Ibero-Americana da Criatividade da ONU.

O Parlamento asturiano constituiu no último dia 10 de dezembro uma comissão de investigação para analisar a gestão de Grueso, sendo que um mês depois a Fundação Oscar Niemeyer anunciou um plano para saldar em dez anos a dívida contraída pelo Centro Cultural, que hoje ultrapassa os US$ 4,4 milhões. EFE

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