Captadas na Amazônia por Capobianco, as fotos se misturam às tintas de Rubens Matuck (Foto: Divulgação)O fotógrafo e ambientalista João Capobianco há 15 anos percorre verenas da Amazônia e, em suas andanças, capta retratos da floresta. As imagens documentais ganham a intervenção lúdica dos pincéis do artista plástico Rubens Matuck. Do encontro das duas linguagens, sugiram as obras da mostra “Aquarela sobre fotografia”, em cartaz até 29 de setembro na Kamara Kó Galeria.
Sob curadoria de Rosely Nakagawa, a exposição reúne 25 fotografias escolhidas em meio aos livros de viagens da dupla paulista que desde 1997 atravessa regiões isoladas do Brasil. Entre os insistentes destinos, a Amazônia, onde tudo começou. “Aldemir Martins, artista, quando me viu, um pobre iniciante paulista cheio de arrogância, disse: ‘vá viajar pelo Brasil. Para um artista se formar, precisa conhecer sua terra’. Assim, de madrugada, cheguei a Belém”, lembra Rubens sobre sua visão primeira da cidade paraense, ainda em 1985. Desde então, o artista volta sempre, mas nunca se depara com o mesmo. “Sinto que preciso de muitas vidas para começar a apreender um pouco desta imensidão que se descortina sempre que visito a Amazônia”.
A dupla mergulhou no universo indígena em expedições das mais diversas, como quando integrou a comitiva do cantor Milton Nascimento pelo Acre em busca de material musical para o disco Txchai. “Cresceu muito minha admiração por estas pessoas que vivem na Amazônia, por seus migrantes nordestinos e sua grande influência cultural, assim como a participação da exuberante cultura portuguesa, além da força da tradição dos povos indígenas. Tudo isso aliado ao poder transformador da fotografia como instrumento artístico e incorporado ao processo de artes plásticas no meu trabalho e do trabalho de João Paulo Capobianco”, declara Matuck.
O trabalho rendeu calendários e a publicação do livro “Brasil que Resiste”, de 2002. “São lugares que nos impactam de forma radical pelas espetaculares e infindáveis variações de paisagens, fauna e flora e suas relações com o homem que as interpreta e com elas se relaciona de forma diversa, às vezes inusitada e sempre surpreendente",diz Capobianco, que, além de fotógrafo, mantém intensa atuação como ambientalista, e já ocupou o cargo de secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, entre 2003 e 2008. "Vivenciar e, depois, revelar esse Brasil profundo é o que nos mobiliza”, completa.
Serviço: Exposição “Aquarela sobre fotografia”, de Rubens Matuck e João Paulo Capobianco, na Kamara Kó Galeria, que fica na Travessa Frutuoso Guimarães , 611, Campina, em Belém. Visitação de 15/09 a 29/09, de 15h às 19h (terças, quartas, quintas e sextas), e de 10h às 13h (sábados). Entrada franca. Informações: 3261-4809.
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