Em ritmo diário, imagens vindas dos recantos mais distantes do cosmo atestam o fato de que a humanidade nunca enxergou tão longe e com tanta definição. Apesar de todo o fascínio e aventura envolvidos na exploração espacial, há muito o que ser visto aqui mesmo, em solo terrestre. Todo um universo invisível a olho nu espera para ser investigado pela fotografia. E é sobre esse mundo que se debruça o concurso e a exposição “Small World”. Promovido pela Nikon desde 1977, tem como lema encontrar a “beleza e a complexidade da vida vistas pelos microscópios”. Os melhores trabalhos compõem a exposição que vai rodar por museus e institutos de ciência dos Estados Unidos até dezembro de 2013.

Essas imagens não se limitam a ser apenas belas ou surpreendentes. A fotografia microscópica ajuda a aprofundar, explicitar e detalhar vários estudos científicos. “Ela é muito importante para que os pesquisadores entendam o que está acontecendo em uma amostra. E o imageamento é uma das maneiras de ter uma ideia de como um experimento está se comportando”, diz Ted Kinsman, professor de microscopia e técnicas avançadas de imageamento do Instituto de Tecnologia de Rochester, nos Estados Unidos. Kinsman é proprietário de uma empresa de fotografia científica e foi o 19º colocado do Small World de 2003, com uma imagem de floco de neve.

Segundo o professor, as técnicas de imageamento evoluíram muito nos últimos anos. “Alguns microscópios modernos conseguem fotografar átomos individualmente. Outros equipamentos podem fazer 30 ou mais retratos a partir de diferentes níveis de foco e combiná-los de modo a gerar uma imagem perfeita. Isso seria impossível com qualquer tipo de lente conhecida”, diz. Esses e outros avanços técnicos ajudam essa arte de fotografar o invisível a atingir outros objetivos. Para Kinsman, as imagens despertam o interesse do público leigo para a ciência e a natureza.

Uma imagem benfeita também traz benefícios mais concretos. Como o trabalho vencedor  do Small World de 2010: uma fotografia do coração do mosquito transmissor da malária, de autoria de Jonas King, estudante da Universidade Vanderbilt (EUA). “Surpreendentemente, conhecemos pouco sobre o sistema circulatório desses insetos, apesar de seu papel-chave na disseminação da doença”, diz Julián Hillyer, professor assistente de ciências biológicas na universidade. Segundo ele, esse tipo de trabalho promove um melhor entendimento da biologia desses mosquitos. Isso contribui para o desenvolvimento de estratégias de controle da doença. Ou seja, quanto mais a fotografia científica evoluir mais vidas humanas serão salvas. O que os olhos não veem o coração sente.

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