A capital baiana recebe a partir da quarta-feira (10) a mostra "Modigliani: Imagens de uma vida", que apresentará pela primeira vez em Salvador, obras do artista italiano Modigliani.
A exposição conta com 12 pinturas do artista e cinco esculturas em bronze e fica em cartaz com acesso gratuito no Palacete das Artes. O acervo desta mostra pertence ao Modigliani Institut Archives Légalés Paris-Roma e a diversos colecionadores particulares e está sendo apresentada pela primeira vez na América Latina. Após a capital baiana a mostra segue para o México.
A exposição reúne ainda pinturas, desenhos, diários, fotos e manuscritos que destacam o principal período artístico de Modigliani, a época parisiense. O público poderá conhecer as cartas que foram trocadas entre o artista italiano e os amigos Pablo Picasso, André Derain e Max Jacobs, além de conhecer também o diário pessoal da mãe do pintor e alguns documentos e objetos do período que viveu com Jeanne Hébuterne, sua companheira e o grande amor de sua vida.
"Essa exposição está circulando o mundo desde o final de 2010. No Brasil ela teve início pelo Espírito Santo, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e agora Salvador. A capital baiana foi escolhida pela quantidade de interessados em obras de artes", explicou o curador brasileiro da mostra, Olívio Guedes, diretor cultural do Museu a Céu Aberto, que trouxe a exposição ao país.
"A ideia da mostra é revelar Modigliani como indivíduo e artista, por isso resolvemos inserir uma 'linha do tempo' com arquivos de amigos e familiares, que permite conhecer como esses arquivos e essas histórias vividas influenciaram no trabalho dele. A mostra tem um carater transdiciplinar e educativo", revela o curador.
Obras
Entre as obras em tela do pintor estão "Jovem Sentado", "Jovem Sentada", "Moça dos Olhos", "Moça" e "Grande Figura Nua Deitada", está última, a principal obra do artista nesta mostra. De acordo com Guedes, o nu artístico apresentado na exposição revela-se como a mais importante obra da mostra porque participou da primeira individual de Modigliani, na Gallerie Berthe Weill, em Paris.
"A partir de 1916 e 1917 o artista se tornou evidente na Europa, participando da primeira mostra individual, que estava programado para durar 1 mês, mas durou apenas três horas porque a quantidade de obras que revelavam nus artísticos era muito grande. A sociedade naquela época não estava acostumada em ir para uma exposição de pinturas para ver nu artistico. A população de Paris ficou chocada e a exposição fechou", revela Guedes.
Durante a apresentação de "Modigliani: Imagens de uma vida" no museu Bonn, na Alemanha, a obra "Grande Figura Nua Deitada" teve sua autenticidade questionada, já que supostamente o quadro conteria um pigmento não utilizado pelo artista. Sobre essa polêmica, o curador explica.
"Esse é um assunto que vai ser encontrado em qualquer obra de um grande artista, como é Modigliani, Van Gogh e Picasso. Essa mostra já passou pelo Masp e pelo museu Oscar Niemeyer e não entramos mais nessa discussão. A mostra levou cinco anos para ser idealizada, contando com a parceria dos colecionadores individuais e do próprio Modigliani Institut Archives Légalés Paris-Roma. Esse quadro é verdadeiro e a polêmica foi criada por alguém que pretendia aparecer mais do que o artista", disse Guedes.
Sobre o valor individual do quadro, Guedes diz que não tem permissão do dono da obra para poder revelar. A mostra tem um custo total de R$ 3,5 milhões, financiado pelo Ministério da Cultura.
O público baiano pode conferir também réplicas de esculturas criadas pelo artista no pedíodo entre 1910 e 1911.
Modigliani
Modigliani chega à Paris em 1906 e durante quase três anos faz da boemia sua melhor amiga. Durante esse período, ele conviveu com muita gente interessante pelos bares de Paris. Sem recursos, o artista abandonou a pintura e dedicou-se a escultura, voltando para a arte que o consagrou no período de 1910-1911. Foi nessa época que, com a ajuda do amigo, poeta e marchand Leopold Zborowski, ele montou sua primeira exposição, que se tornou lendária por ter exposto uma grande quantidade de nus artísticos e ter durado apenas 3h.
Seu grande amor foi sua principal musa, Jeanne Hebuterne. O artista morreu de tuberculose em 24 de janeiro de 1920, aos 35 anos de idade e foi sepultado no cemitério Pére-Lachaise, em Paris. Um dia depois, sua esposa se suicida atirando-se do quinto andar de um edifício. Eles tiveram uma filha, que recebeu o mesmo nome da mãe.
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