Os oitentões deste Brasil novo estão aí, produzindo, dando exemplo de vida, mostrando muita vitalidade.
As aparências enganam muito quando se trata de Eli Heil, uma senhora de 82 anos com um jeito tranquilo. Mas só o jeito. “Eu acho que tinha um vulcão dentro de mim que espetaram e aquilo explodiu”, se diverte.
A explosão não para de irradiar cores, criar formas e criaturas, propagando um impulso incontrolável de fazer arte. A idade não acalmou o espírito criativo dessa senhora artista plástica de Florianópolis. “Eu precisava de muito mais anos para fazer o que eu tenho na minha cabeça”, comenta.
Aos 85 anos de idade, o velho pescador já não vai para o mar, mas continua bem perto das jangadas. Da raiz macia da timbaúba ele faz as miniaturas perfeitas. Em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza, o artesão José Oliveira trabalha sem pressa.
“Dá para fazer uma por dia. Se for para trabalhar mesmo, dá para terminar no dia, como eu venho terminando depois de uma soneca. Depois do almoço dá para terminar”, conta o artesão José Oliveira.
Da cabeça de Abelardo da Hora, um senhor de corpo franzino, surgem mulheres exuberantes, cheias de curvas e muita sedução. Mas há espaço também para a crítica social e os tipos populares que povoam praças e parques do Recife. As imensas esculturas em concreto chegam a pesar mais de uma tonelada. As obras nascem assim: do contato das mãos com a argila. Abelardo se diverte trabalhando.
A rotina diária de trabalho é uma necessidade quase vital para o mestre Abelardo da Hora. Este senhor de 86 anos que nem pensa em aposentadoria. cheio de planos. O escultor que formou várias gerações de artistas é um exemplo de vitalidade e de amor à arte. “Realmente o trabalho é uma alegria permanente. Toda vez que você realiza alguma coisa, você lava a alma”, conta o mestre.