Edição do dia 28/08/2012

29/08/2012 00h35 - Atualizado em 29/08/2012 01h02

Portugal tem 15,2% da população ativa desempregada

O desemprego se tornou um dos maiores problemas econômicos do país.
Um em cada três jovens está sem trabalho.

André Luiz AzevedoLisboa, Portugal

O desemprego se tornou um dos maiores problemas econômicos de Portugal, que precisa manter uma dura austeridade em troca da ajuda financeira recebida no ano passado. Quem mais sofre as consequências é a nova geração: um em cada três jovens está sem trabalho.

É a 5º vez que a comissão formada pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e a Comissão Europeia vai examinar as contas de Portugal. O país parecia mesmo que estava cumprindo ao pé da letra tudo que mandaram, mas os números da economia portuguesa não melhoraram. A promessa de conter o déficit público não está dando certo e os portugueses reclamam que a conta está alta demais.

A receita para colocar Portugal nos trilhos parece ser a de sempre: aumentar a arrecadação e diminuir as despesas, mas essa combinação de aumento de impostos e corte nos benefícios tem mostrado a face mais cruel: o aumento da fila dos desempregados.

Carlos Silva é um motorista de caminhão que não consegue trabalho desde o ano passado. “Mais um bocadinho, mais um bocadinho porque os jovens não têm experiência, têm medo de apostar nos jovens e a gente faz uma pergunta: até aí, quando acabarem os velhinhos, fecham as empresas?”, fala.

Para o ex-ministro do emprego e segurança social, José da Silva Peneda, o desemprego é consequência da falta de investimento. Ele diz que está começando uma nova leva de emigração de portugueses, principalmente jovens e bem preparados.

“Os primeiros a dar o salto, os primeiros a saírem são sempre os mais dinâmicos e os mais capazes. Um país o seu recurso mais valioso são os recursos humanos e, portanto, quando saem os mais valiosos e os mais capazes o país está a perder”, fala o ex-ministro.

Pelos números oficiais, Portugal tem atualmente 15,2% da população ativa desempregada. Mas a situação é particularmente dramática para os mais jovens: entre quem tem entre 15 e 24 anos, um em cada três portugueses está desempregado. A taxa do desemprego para os mais jovens chegou a 36,6%.

Acaba de ser divulgado uma pesquisa que mostra o desalento da juventude portuguesa: 69% dos jovens universitários portugueses querem deixar o país após a conclusão do curso. A pesquisa foi coordenada pelo Luís Rabello, que é da Universidade do Porto. “Temos que lembrar que essas pessoas são as pessoas mais qualificadas, com melhores habilitações que Portugal tem. Se vamos estar a abrir das pessoas que têm mais capacidades, mais estudos, certamente é um caminho errado”, diz o coordenador da pesquisa, Luís Rabello.

Assim como muitos colegas, Luís Rabello, que coordenou o levantamento, está no penúltimo ano de engenharia civil, também pensa em emigrar. O Brasil é uma das principais opções atualmente. “Eu pessoalmente tenho algum receio de estar concluindo meu curso, está pra muito breve, estar não ter grandes perspectivas de trabalho em Portugal”.