31/01/2013 09h45 - Atualizado em 31/01/2013 10h55

Desenhista da Marvel fala sobre inspiração visual brasileira nas HQs

Joe Bennet participou de evento sobre quadrinhos em Belém.
Artista conta que se inspira na "bunda brasileira" para fazer personagens.

Ingo MüllerDo G1 PA

O artista Joe Bennett desenha para Marvel e DC (Foto: Ingo Müller / G1)O artista Joe Bennett desenha para Marvel e DC (Foto: Ingo Müller / G1)

Nas histórias em quadrinhos, as aventuras dos super-heróis geralmente ocorrem em grandes metrópoles como Nova York, ou cidades fictícias como Gotham City. Porém, muitas dessas histórias têm origem em um lugar bem distante destes universos fantásticos: a prancheta do artista José Benedito do Nascimento, ou Joe Bennett, que, da sua casa no bairro da Cidade Nova, na região metropolitana de Belém, ilustra as páginas dos grandes heróis da Marvel e da DC Comics, as duas maiores editoras norte-americanas de histórias em quadrinhos.
 

Sempre faço mulheres com bundas brasileiras"
Joe Bennett

Inspiração nacional
Apesar da paixão pela arte, Bennett afirma que hoje não consome quadrinhos com o mesmo interesse de décadas atrás: "Hoje meu lugar é nos bastidores. Sou um profissional, se me mandam desenhar, eu desenho. Marvel e DC são editoras grandes, é um prazer estar nas duas".

Para compor os painéis de suas revistas, Bennett revela que se inspira na "preferência nacional": "sempre faço mulheres com bundas brasileiras", confessa.

Carreira
Atualmente Bennett trabalha nas histórias dos Supremos na Marvel, supergrupo composto por heróis conhecidos como Homem de Ferro, Thor e Capitão América dentro do universo Ultimate - uma espécie de cronologia alternativa da editora, com aventuras mais cinematográficas, tanto que os quadrinhos inspiraram a estética de filmes de super-heróis como "Os Vingadores".

Além do trabalho na Marvel, o artista também ilustra as aventuras do Gavião Negro na DC Comics, empresa que publica histórias de personagens clássicos como Batman e Super Homem. Porém, para conquistar seu espaço, o paraense contou com uma grande dose de persistência.

Em 1991, Bennett entrou no mercado americano através do contato com um editor nacional que traduzia histórias de revistas importadas após chamar a atenção com a história "A insólita família Titã", que misturava super-heróis e cenas de sexo. "Eu achava que já ia trabalhar no dia seguinte para a Marvel e para a DC, mas levou um ano. Em 1992 consegui meu primeiro trabalho para o mercado americano, em uma editora pequena que adaptou um livro do escritor Terry Pratchett", recorda.

Três anos e várias editoras depois, após meses de testes, conseguiu um contrato para desenhar para a linha 2099 da Marvel, que colocava os personagens clássicos da empresa cem anos no futuro. Bennet começou com uma revista menos conhecida, Ravage, mas logo passou a desenhar vários personagens do primeiro escalão, como o Homem-Aranha, que abriu portas para vários outros trabalhos. "Quando eu cheguei no Homem-Aranha, começaram a me perceber. Tudo o que tu possas imaginar na Marvel eu fiz, todos os principais personagens. Na Marvel, eu só não fiz chover", brinca.

Thor e o Capitão América em cena da batalha final do filme 'Os Vingadores' (Foto: Marvel)Thor e o Capitão América em cena da batalha final
do filme 'Os Vingadores' (Foto: Marvel)

Cenas de cinema
Bennet conversou com o G1 sobre a explosão dos super-heróis na cultura popular, especialmente no cinema, fazendo com que as histórias destes mitos modernos deixassem de pertencer a um nicho específico do público. Segundo ele, esta popularidade trouxe consequências positivas para a produção de histórias em quadrinhos. "O desenhista de quadrinhos está sendo levado um pouco mais a sério, porque as pessoas hoje em dia sabem que o trabalho do artista tem alguma coisa a ver com o que veem no cinema. Mesmo não sendo um status pelo que você faz, mas pelo que outra mídia faz, ainda assim é válido", avalia.

Público pode conferir uma exposição de artistas paraenses (Foto: Ingo Müller / G1)Público pode conferir uma exposição de artistas
paraenses (Foto: Ingo Müller / G1)

Dia do quadrinho
 Bennett na última quarta-fgeira (30) de um evento em Belém onde foi comemorado o Dia do Quadrinho Nacional, uma forma de homenagear a publicação da obra Nho Quim no país, feita pelo italiano Angelo Agostini em 30 de janeiro de 1869. "Este evento é para reunir artistas e incentivar os novos talentos", disse Andrei Miralha, um dos organizadores do evento que contou com uma exposição cronológica da história dos quadrinhos produzidos no Pará, além de palestras e bate-papo.

Dentro da exposição, estava uma história de Bennet de 1990, época em que o paraense sequer imaginava que iria trabalhar com as grandes editoras do mercado internacional. "Comecei em 1985, mandava os meus trabalhos para editoras de São Paulo. Na época não havia histórias de heróis no Brasil, então eu fazia histórias de terror", relembra.

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