Rio Bairros

América Latina de coração aberto

Casa Daros quer mostrar obras de artistas que não façam arte por arte e despertem a mente dos visitantes

Casa quer que obras despertem a mente dos visitantes
Foto: Agência O Globo
Casa quer que obras despertem a mente dos visitantes Foto: Agência O Globo

O que quer dizer Casa Daros? À pergunta, Hans-Michael Herzog, curador e diretor criativo do novo espaço, responde sem titubear: “Não quer dizer nada. Foi inventado.” É com este espírito de liberdade, de não fazer arte pela arte, que Herzog e o diretor de arte-educação, Eugenio Valdés Figueroa, esperam arrebatar o público, mostrando obras não óbvias, de artistas latino-americanos também não muito conhecidos.

Sendo assim, a mostra de abertura da casa se chama “Cantos cuentos colombianos” e reúne, até 8 de setembro, trabalhos de dez artistas daquele país, como Doris Salcedo, José Alejandro Restrepo, Juan Manuel Echavarria e Oscar Muñoz.

— Queremos que seja um lugar para os artistas latino-americanos de encontrarem. Queremos devolver o protagonismo ao artista, precisamos saber escutar — diz Figueroa. — A Casa Daros não é um centro cultural nem um museu. Não queremos fazer mais do mesmo, não queremos um gueto, mas sim que a América Latina dialogue com o mundo.

Herzog completa:

— É um lugar para acolher.

A direção é da brasileira Isabella Rosado Nunes, que diz que a reserva técnica da Coleção Daros Latinamérica fica em Zurique, na Suíça, reunindo 1.200 obras de 117 artistas, produzidas desde a década de 60, em formatos e meios diversos. As aquisições são feitas com recursos próprios, sem preocupação com as tendências do mercado.

Paulo Freire, uma inspiração

A chácara, de 1866, que já abrigou um orfanato para meninas e um colégio, foi restaurada num processo que durou cerca de quatro anos e custou R$ 16 milhões à Daros Latinamerica. No espaço de 11 mil metros quadrados, os organizadores esperam receber 500 visitantes por dia. Paralelamente à “Cantos cuentos colombianos” está em exibição a mostra “Para (saber) escutar , com curadoria de Eugenio Valés Figueroa.

Na exposição está o trabalho inédito “Nossa Senhora das Graças”, de Vik Muniz, feito a partir da imagem da santa que fica na fachada do casarão.

O nome da mostra foi inspirado em uma frase de Paulo Freire, que dizia: “Ensinar exige saber escutar.”

— A capacidade de escutar parece sufocada — afirma Figueroa.

Nas cinco salas expositivas do primeiro andar, o público pode ver fotografias, vídeos, objetos, textos e uma instalação com ações realizadas pela instituição.

Além da área disponível para exposições, a Casa Daros conta com o restaurante Mira! (dos mesmos donos de Miam Miam e Oui Oui) e uma biblioteca com quatro mil volumes, que está disponível para visitação com hora marcada.

Como chegar

Rua General Severiano 159, Botafogo. De quarta a sábado, das 12h às 20h. Domingos, das 12h às 18h. Tel.: 2275-0246. Site: casadaros.net.