Getty Center

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Getty Center
Getty002.jpg, Getty Center from Central Garden on 2009-02-08.png
Tipo conjunto de edifícios
Inauguração 1997 (27 anos)
Visitantes 1 439 084, 1 509 196, 508 449
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 34° 4' 39" N 118° 28' 30" O
Mapa
Localização Los Angeles - Estados Unidos

O Getty Center é um complexo cultural localizado em Brentwood, um bairro da cidade de Los Angeles nos Estados Unidos. No complexo encontram-se uma série de órgãos ligados ao bilionário Jean Paul Getty: o empreendimento cultural J. Paul Getty Trusts, o museu J. Paul Getty Museum e outras instituições associadas, como o instituto de pesquisas Getty Research Institute, o instituto de conservação Getty Conservation Institute e o instituto de lideranças Getty Leadership Institute, o qual está empenhado em educar museólogos e museólogas principiantes bem como propiciar o aperfeiçoamento a profissionais já experientes nesta área.

O complexo arquitetônico foi concebido pelo arquiteto estado-unidense Richard Meier. Já em meados da década de 1980 o arquiteto estava envolvido no projeto, embora as obras só tenham sido iniciadas em 1991 e se estenderam até 1997. O projeto paisagístico das imediações foi concebido e realizado pela empresa Olin Partnership.

O bilionário Jean Paul Getty reuniu cerca de cinquenta mil obras de arte em seu museu J. Paul Getty Museum, sendo que o seu acesso, logo de início, foi oferecido gratuitamente ao grande público. As coleções concentram peças de arte do período clássico ocidental, como esculturas, pinturas, desenhos, manuscritos e fotografias.

História e localização[editar | editar código-fonte]

As primeiras instalações do que viria a se tornar o Getty Museum foram iniciadas na residência de J. Paul Getty em Pacific Palisades a partir de 1954. Getty reformou sua própria residência, criando uma ala dedicada a obras de arte de sua coleção particular. Exatos vinte anos depois, o milionário estadunidense concluiu a construção de uma propriedade inspirada nas famosas villas romanas visando abrigar sua cada vez mais crescente coleção de peças raras.[1][2] Com a morte de Getty, em 1976, toda a propriedade foi passada ao Getty Trust.[2] Contudo, a coleção ultrapassava a capacidade das instalações, que desde então têm sido denominado Getty Villa, e necessitou de um local maior e mais acessível à população regional.[2] Em 1983, o grupo Getty anunciou a aquisição de uma propriedade de 110 acres na Serra de Santa Mônica, em Los Angeles.[3] O topo da colina ergue-se a 900 pés (270 metros) acima do nível do mar, alto o suficiente para que se aviste não somente toda a cidade de Los Angeles, como também as Montanhas de San Bernardino e o Oceano Pacífico.[4][5]

O custo total de construção do local gira em torno de 733 milhões de dólares, incluindo 449 milhões de dólares das obras, 115 milhões da aquisição da propriedade e 30 milhões de dólares em equipamentos e outras tecnologias.[2]

Em 1984, Richard Meier foi selecionado para dirigir o projeto do novo complexo artístico. Após um extenso processo de autorizações criativas, as obras foram iniciadas pela Hathaway Dinwiddie em agoto de 1989.[6] A conclusão planejada para 1988 foi adiada para 1995 já que a construção sofreu profundos atrasos. Em 1995, contudo, o local era descrito apenas como "meramente incompleto".

Em 16 de dezembro de 1997, o Getty Center foi finalmente aberto ao público.[7][8] Apesar do custo total estimado em 350 milhões de dólares em 1990, o total ultrapassou 1 bilhão de dólares.[9] Após a inauguração do complexo, a Getty Villa foi fechada para reformas e restauros intensos, sendo reaberta somente em 28 de janeiro de 2006. Como o novo centro passou a abrigar grande parte da coleção Getty, a antiga residência do bilionário foi transformada em um museu de antiguidade clássica.[10] Atualmente, o acervo do Getty Museum é dividido entre as duas localidades.

Em 2005, após uma série de artigos do Los Angeles Times sobre as práticas financeiras do Getty Trust sob seu então presidente, Dr. Barry Munitz, a Procuradoria-geral da Califórnia abriu investigação sobre o instituto.[11] As denúncias foram arquivadas posteriormente sem nenhuma prova contundente de que leis haviam sido quebradas. O órgão concordou em contratar uma auditoria externa para avaliar futuros investimentos. Entre 2008 e 2009, o museu passou por dificuldades financeiras chegando a cortar 1.487 funcionários para reduzir despesas.[12] O orçamento - que alcançou 6.4 bilhões de dólares em 2007 - foi reduzido para 4.5 bilhões em 2009.[13]

O Museu[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Museu J. Paul Getty
Uma das galerias internas do Getty Center, em 2015.

O Museu J. Paul Getty recebe cerca de 1.8 milhão de visitantes anualmente, sendo um dos mais visitados museus dos Estados Unidos.[14] A coleção exposta no museu inclui "pinturas, gravuras, manuscritos, esculturas e artes decorativas da Europa pré-contemporânea; e fotografias americanas e europeias dos séculos XIX e XX".[15] O acervo da instituição abrigas peças distintas, como:

  • Arii Matamoe, de Paul Gauguin (1892). Michael Brand, diretor do museu, afirma que a aquisição desta obra foi "um dos momentos mais importantes da história de nossa coleção".[16] A tradução literal do termo taitiano são "nobre" e "olhos dormentes", o que se traduz comumente como "morte".[17]
  • Lírios, de Vincent van Gogh (1889). A pintura foi readquirida em 1990, após ter sido vendia por 53 milhões de dólares em 1987.[18]
  • Retrato de Alabardeiro, de Pontormo (1528–1530). Em 1989, quando o museu adquiriu a pintura por 35 milhões de dólares em leilão, "o valor mais do que triplicou o recorde anterior de uma pintura de um dos "grandes mestres".[19]
  • Cópia do Retrato de Luís XIV, de Hyacinthe Rigaud (c. 1701).[20]
Pátio entre os pavilhões de exposições do museu.

O prédio que abriga o museu inclui um edifício de três níveis fechado ao público que abriga as instalações administrativas e arquivos da coleção. Cinco torres de dois andares compõem os pavilhões de exibição que, por sua vez, servem como abrigo para obras em exibição temporária ou aquelas que excedem a capacidade dos espaços previamente organizados. A coleção permanente é exibida ao longo de outros quatro pavilhões cronológicos: o pavilhão norte abriga a composição mais antiga do acervo enquanto o pavilhão oeste abriga as exposições de arte moderna e contemporânea.[21]

As galerias do primeiro andar em cada pavilhão abrigam toda forma de arte sensível à luz, como manuscritos, móveis ou fotografias. Um sistema de claraboias controladas por computador nas galerias do segundo andar permitem que pinturas sejam expostas à luz natural. O segundo andar é interligado por uma série de pontes envidraçadas que conduzem a amplos terraços abertos, oferecendo vistas sobre a cidade de Los Angeles e a praça central do complexo. Os jardins que circundam o complexo de prédios são decorados por diversas esculturas que também integram a coleção. O andar mais inferior inclui ainda uma cafeteria pública, um restaurante e galerias de fotografias.[22]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

O Cactus Garden é o limite sul do complexo Getty Center.
O jardim central (Central Garden), projetado por Robert Irwin.
Visão do eixo leste do Getty Center sobre o jardim central.
Escadarias de acesso ao setor expositivo do Getty Center.

Em seu projeto, Meier aproveitou as duas elevações naturais (que divergem em um ângulo de 22,5 graus), sobrepondo duas grandes alas ao longo delas. Essas alas servem para definir o espaço do campus ao separar o impacto dos edifícios sobre ele. Ao longo de um eixo, erguem-se as galerias e ao longo do outro eixo estão os prédios administrativos. Meier enfatizou as duas alas ao construir fortes linhas de visão ao longo de todo o complexo. O eixo principal norte-sul se inicia no heliponto, incluindo uma trilha de pedestres entre o auditório e os prédios administrativos, prosseguindo pelo quiosque elevado até a estação de bondes, passando pela rotunda, os muros e apoiando as pilastras sob os pavilhões de exibições e, por fim, a rampa ao lado do pavilhão oeste e o jardim central. Por sua vez, o eixo leste-oeste inicia nos limites do prédio do Getty Research Institute (GRI) - o centro de pesquisas -, incluindo a passagem entre esta ala e o jardim central, passando pela fonte de azaleias no jardim central e finalmente no pátio externo entre os pavilhões sul e leste.

Vista aérea do Getty Center. O edifício circular à esquerda é o Getty Research Institute, o centro de pesquisas do complexo. Os dois edifícios no topo da imagem compõem a ala administrativa, enquanto as edificações à direita são as galerias de exposições do museu.

O eixo principal do complexo inicia na praça frontal, prosseguindo pela borda das escadarias até a entrada principal do museu, alinhando-se às colunas que sustentam a rotundo assim como o ponto central desta, alinhando-se aos bancos de travertino no pátio central entre os pavilhões, incluindo uma passagem estreita entre os pavilhões leste e sul e, enfim, conduzindo a uma escadaria até o jardim de cactus. O eixo correspondente inicia no jardim da biblioteca do centro de pesquisas (GRI), passando pela entrada da rotunda e alinhando-se ao sul do prédio.

O promontório ao norte é marcado por uma área redonda gramada, que serve de heliporto de emergências, enquanto o promontório ao sul é dominado pelo notório jardim de cactus. O complexo é circundado também por diversas vias de rodagem que conduzem aos pontos de desembarque e recebimento de cargas, ambos nas alas oeste e leste dos prédios. A encosta que circunda o complexo foi reflorestada com espécies de carvalho californiano (Quercus agrifolia).

O museu possui ainda um estacionamento subterrâneo de sete andares que dispõe de 1 200 vagas. A cobertura do museu funciona como um jardim externo de esculturas. O complexo é interligado pelo Getty Center Tram, um sistema próprio de bondes elétricos que transporta visitantes desde os estacionamentos até as galerias do museu.

Jardim Central[editar | editar código-fonte]

Detalhe da cascata formada pelo curso d'água artificial no jardim central do Getty Center, 2005.

O Central Garden (jardim central) de 12 mil m² é obra do artista estadunidense Robert Irwin.[23] Os projetos paisagísticos tiveram início em 1992, sendo que a construção se iniciou em 1996. O jardim central do complexo foi inaugurado em dezembro de 1997.[24]

Segundo Irwin, o jardim central do Getty Center "é uma escultura em forma de jardim, que pretende ser arte."[25] A água desempenha o papel de destaque no conjunto visual dos jardins. Uma fonte próxima ao restaurante jorra em direção ao jardim e simula uma queda d'água sobre uma gruta artificial limitada por um muro. O fluxo de água restante corre em direção a uma sebe de azaleias.[23] Os paisagistas posicionaram rochas e muretas de variadas dimensões para limitar o fluxo de água sobre o jardim. Um pequeno curso d'água segue em direção à praça central do complexo, sendo recortado por diversas trilhas de concreto, estendendo-se até uma mureta de alvenaria e, enfim, uma fonte circular.[23] Um labirinto de azaleias cobre toda a fonte central do jardim. Mais de 500 variedades de plantas foram selecionadas por Irwin e sua equipe para o jardim central, porém a direção do museu mantém a prática de "sempre modificar, nunca o mesmo duas vezes".[23]

Getty Research Institute: o centro de pesquisas[editar | editar código-fonte]

O complexo abriga um centro de pesquisas denominado The Getty Research Institute (GRI), fundado em 1983. O órgão é "dedicado ao profundo conhecimento e compreensão constante das artes visuais".[26] Entre outras instalações, o GRI abriga uma biblioteca de 900 mil volumes cadastrados, periódicos, catálogos de leilões e coleções especiais, além de 2 milhões de arquivos de fotografias e arquitetura.[27] O GRI também desenvolve exibições e mantém publicações e programas universitários. Localizado em um edifício oval a oeste da entrada do complexo, o centro de pesquisas possui também uma galeria de arte própria aberta à visitação pública. Entre julho de 2006 e junho de 2007, o instituto possuía aproximadamente 200 funcionários efetivos e contava com orçamento de 63 milhões de dólares.[28]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Fontevecchia, Agustino (23 de abril de 2015). «The Getty Family: A Cautionary Tale of Oil, Adultery And Death». Forbes. Consultado em 21 de janeiro de 2019 
  2. a b c d Lapatin, Keneth (10 de abril de 2018). «The villa J. Paul Getty built, but never saw». The Iris. Consultado em 21 de janeiro de 2019 
  3. «Getty Museum endowed». HISTORY.com. Consultado em 21 de janeiro de 2019 
  4. Morgenstern, Joe. Getty opens mammoth hilltop center to public. Wall Street Journal (Eastern edition), 16 de dezembro de 1997.
  5. Hardy, Terri. Covering all angles - "preview" a coveted assignment. Daily News of Los Angeles, 10 de dezembro de 1997
  6. «Getty Center». Los Angeles Business Journal. 27 de agosto de 2007. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  7. Cuno, James (14 de dezembro de 2012). «The Getty Center Turns 15». The Iris. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  8. Sterngold, James (14 de dezembro de 1997). «The Getty Center Inaugurated in Los Angeles». The New York Times. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  9. Penny, Nicholas (4 de janeiro de 2007). «On the hilltop». London Review of Books 
  10. «Roman villa is recreated on coast to house Gett Art Collection». The New York Times. 17 de janeiro de 1974. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  11. «Report of the Attorney General's Investigation of the J. Paul Getty Trust» (PDF). Governo do Estado da Califórnia. 2005 
  12. «2009 Annual Report» (PDF). The Getty Trust 
  13. Boehm, Mike (13 de março de 2014). «Getty endowment rises to $6.2 billion for 2013»  Texto "Los Angeles Times" ignorado (ajuda)
  14. «America's most visited museums». Forbes Traveler. 2 de novembro de 2009. Consultado em 22 de janeiro de 2019. Arquivado do original em 2 de novembro de 2009 
  15. «About the J. Paul Getty Museum». Getty.edu. Consultado em 21 de janeiro de 2019 
  16. Wyatt, Edward (12 de março de 2008). «Getty Museum buys a seldom-exhibited Gauguin». The New York Times. Consultado em 21 de janeiro de 2019 
  17. «Arii Matamoe (The Royal End)». Getty.edu 
  18. «Getty buys Van Gogh 'Irises', but won't say price». The New York Times. 22 de março de 1990 
  19. «Old Master auctioned for record $35 million». The New York Times. 1 de junho de 1989. Consultado em 21 de janeiro de 2019 
  20. «Portrait of Louis XIV». Getty.edu. Consultado em 21 de janeiro de 2019 
  21. «Art on View». Getty Trust. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  22. «Map & Guider to the Getty Center» (PDF). Getty Center. 2012. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  23. a b c d «See the gardens». The Getty Center 
  24. «The Central Garden, Getty Center». Getty Press Release 
  25. «Must-See Gardens at the Getty Center». Visit California. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  26. «About the Research Institute». Getty Center 
  27. «Research Library Overview (Research at the Getty)» 
  28. «The J. Paul Getty Trust 2007 Report» (PDF). Getty Trust