Edição do dia 05/03/2014

05/03/2014 08h29 - Atualizado em 05/03/2014 08h29

SP: crianças sofrem com falta de estrutura em conselhos tutelares

Dois meninos esperaram cinco horas para conseguir atendimento.
Além do telefone que não funciona, não há berço, camas ou cozinha.

Na maior cidade do país, dois meninos pequenos - um de 3 e outro de 4 anos de idade - ficaram cinco horas em uma delegacia até que a polícia conseguisse encontrar um conselheiro tutelar. Nem os telefones dos conselhos tutelares de São Paulo funcionavam direito durante o feriado.

As duas crianças estão em um abrigo e vão ficar lá até que a Justiça decida o destino delas. O pai já disse que vai pedir a guarda das crianças.

Os policiais que levaram os dois irmãos para a delegacia não conseguiam falar com a conselheira tutelar por causa do mau funcionamento do telefone. Esse é só um dos problemas de estrutura que os conselhos enfrentam na cidade.

A Justiça ainda vai decidir se os dois irmãos ficam no abrigo ou voltam para a família. Os pais são separados e saíram chorando da delegacia.

A mãe, que é empregada doméstica, tinha ido trabalhar e deixado as crianças com uma vizinha. Ninguém sabe dizer por quanto tempo elas andaram sozinhas pelas ruas até serem levadas pela polícia.

“Elas não sabiam dizer nada além do primeiro nome delas e primeiro nome dos pais”, disse o soldado da PM Rodrigo Ramos.

“Eram duas crianças pequenas, de 3 e 4 anos, que queriam o pai. E o os dois se reuniram e falaram: ‘Vamos procurar meu pai”, contou a conselheira tutelar Nilma da Silva Maia.

Nilma é a conselheira que foi buscar as crianças. A polícia começou a procurar os conselhos tutelares às 14h30, mas só conseguiu contato depois de 17h.

“Os telefones celulares estão sem som. Outros não estão fazendo ligação, outros não estão chamando. Foi essa a dificuldade”, afirmou Nilma.

Além do telefone que não funciona, falta estrutura nos conselhos tutelares. A equipe do Bom Dia Brasil não pôde entrar na sala do conselho por ser feriado, mas lá dentro não há berço, camas ou cozinha. E crianças de todas as idades costumam passar até uma noite inteira esperando por vagas em abrigos.

O coordenador da Secretaria de Direitos Humanos da prefeitura acredita que a situação vai melhorar em abril, quando os conselhos tutelares receberem um kit do governo federal, com geladeiras, computadores e carro para atender as ocorrências. E admite os problemas de comunicação.

A equipe do Bom Dia Brasil ligou nesta terça-feira (4) para oito conselhos e cinco não atenderam.

“Vou conversar com a coordenação e fazer uma orientação geral. De fato, eu não consigo te explicar o que houve em cada um desses telefonemas. Se estão em ocorrência, se não estavam em ocorrência. Não sei te explicar”, reconhece o coordenador da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos, Fábio Silvestre da Silva.

Se a Justiça determinar que os meninos voltem para a família, eles e os pais deverão passar por um acompanhamento feito pelo conselho tutelar.

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