O Picasso mais caro de sempre

Le Rêve, obra do pintor de Málaga que até aqui pertencia ao empresário de Las Vegas Steve Wynn, está agora nas mãos do gestor de Wall Street Steven A. Cohen, que pagou 120 milhões de euros. É o Picasso mais caro de sempre.

"Le Rêve" foi comprado em 1997 por 38 milhões de euros e vendido agora por 120 milhões
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"Le Rêve" foi comprado em 1997 por 38 milhões de euros e vendido agora por 120 milhões DR
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"Nu au Plateau du Sculpteur" (à dta.), obra de 1932, atingiu os 83 milhões de euros em 2010 Stan Honda/AFP
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"Garçon à la Pipe" foi leiloado pela Sotheby's, em Nova Iorque, em Maio de 2004, chegando aos 81,2 milhões de euros Stan Honda/AFP

Diz quem esteve na sala, recordava terça-feira à noite o diário espanhol El País, que foi “terrível”. A cena passa-se em Outubro de 2006 num escritório em Las Vegas, com o bem-sucedido empresário de casinos a mostrar o seu Picasso favorito a uns convidados.

Steve Wynn preparava-se para vender Le Rêve (O Sonho), de Pablo Picasso, a Steven A. Cohen, milionário de Wall Street, quando acidentalmente o seu cotovelo fez um rasgão de 15 centímetros na tela (o magnata dos casinos de Las Vegas tem um problema de saúde que lhe afecta a visão periférica, explica o jornal inglês The Independent). O negócio foi cancelado mas, ao que parece, não foi esquecido.

Depois de restaurada, numa operação que terá custado 70 mil euros e deixou o dano invisível a olho nu, a pintura de Picasso foi vendida esta semana ao mesmo Cohen por 120 milhões de euros, mais 12,5 milhões do que o acordado em 2006. A informação, avançada terça-feira à noite pela agência de notícias Bloomberg e pelo jornal The New York Post, ainda não foi confirmada nem desmentida.

A confirmar-se a venda, este é o valor mais alto alguma vez pago por um coleccionador americano. E Le Rêve torna-se o Picasso mais caro de sempre. Claro que os 120 milhões de euros gastos pelo financeiro de Wall Street, que segundo o New York Post vale qualquer coisa como sete mil milhões de euros e gere um fundo que ronda os 15 mil milhões, estão ainda longe dos 200 milhões que a família real do Qatar investiu na pintura Os Jogadores de Cartas (1895), de Paul Cézanne. Estes multimilionários dos emirados compraram o óleo do artista francês em Abril de 2011, depois de um longo período de negociações com o magnata grego George Embiricos, o dono do quadro, que morreu no final do mesmo ano.

A pintura de Picasso que agora pertence a Steven A. Cohen é um retrato daquela que era à época a amante do autor de Guernica e de Les Demoiselles d'Avignon, considerado um dos maiores artistas do século XX. Em de 1932, data da obra, Marie-Thérèse Walter tinha 22 anos, Picasso 50.

Para Ben Street, historiador de arte citado pelo Independent, os Picassos dos anos 1930 estão entre os mais procurados pelos coleccionadores privados porque, por regra, “são muito sensuais e atraentes”. “Foi um período muito bom para ele”, acrescentou Street. “São também [obras] muito fáceis de ler. Le Rêve... mexe muito com as pessoas e é por isso que consigo perceber por que razão [o seu valor] sobe tanto.”

Ainda segundo o diário britânico, Le Rêve é o terceiro Picasso a ultrapassar a barreira dos 100 milhões de dólares (quase 80 milhões de euros): Nu au Plateau de Sculpteur (Nu, folhas e busto), outro retrato de Walter, desta vez de 1932, foi vendido em 2010 por 106 milhões (83 milhões de euros); e Garçon à la Pipe (Rapaz com Cachimbo) por 104 milhões (81,2 milhões de euros), em 2004.

Steve Wynn, que faz fortuna no ramo dos casinos e dos hotéis em Las Vegas, comprou Le Rêve em 1997, num leilão em Nova Iorque, por 38 milhões de euros.

Steven A. Cohen tem 56 anos e é o gestor da SAC Capital Advisors, o fundo proprietário de uma grande colecção de arte, que inclui um dos célebres tubarões em formol de Damien Hirst. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

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