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RENTÁVEL
As vísceras da tilápia irão compor os 210 milhões de litros
de biodiesel que o País planeja produzir por ano

Maior produtor nacional de tilápia, o Ceará está prestes a fechar o ano produzindo 30 mil toneladas do peixe, um crescimento de 10% na comparação com 2011. Seria apenas motivo de comemoração, não fossem as cerca de três mil toneladas de vísceras descartadas no solo. Além de gerar mau cheiro, elas contaminam o lençol freático. Esse aspecto poluente da produção de tilápia logo terá fim. Um projeto tem como meta transformar o descarte em combustível limpo.

A Petrobras Biocombustível e o Ministério da Pesca firmaram uma parceria para intensificar os estudos para, a partir das vísceras, extrair o óleo de peixe. A ideia é que o subproduto do pescado passe a integrar o grupo de produtos que o País transforma em biodiesel (leia quadro). A tecnologia para transformar peixe em combustível já começou a ser testada. No Nordeste, a Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec) – em parceria com a empresa Ekipar e o governo do Estado – finaliza a criação de uma máquina capaz de processar a matéria-prima residual do pescado e extrair o óleo. O equipamento será apresentado no próximo dia 19.

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Os idealizadores do projeto esperam atingir três objetivos. “O primeiro, de caráter ambiental, é o fim da poluição dos açudes e rios gerada pelo descarte das vísceras dos peixes. O segundo é a geração de renda extra para as cooperativas de pescadores. E o terceiro é a fabricação de um combustível limpo”, enumera o presidente da Nutec, Lindberg Gonçalves. Matéria-prima para tocar o projeto não vai faltar. Se atingidas as metas estabelecidas no Plano Safra do Ministério da Pesca e Aquicultura, o País terá produzido dois milhões de toneladas de pescado por ano até o final de 2014. Com isso, 210 milhões de litros de biodiesel à base de óleo de peixe irão impulsionar caminhões todos os anos.

Depois de concluir o desenvolvimento logístico e científico do projeto, restará uma última tarefa aos idealizadores: mostrar aos pescadores e criadores que, ao jogar os restos do pescado por aí, estarão perdendo dinheiro, além de prejudicar o ambiente.

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