Vida

As novas confissões de adolescente

As novas confissões de adolescente

Vinte anos depois da série de TV, um filme mostra que tudo mudou. Quem é, o que pensa e como age a geração mais livre e informada da história

MARCELA BUSCATO, COM JÚLIA KORTE
10/01/2014 - 20h05 - Atualizado 10/01/2014 20h28
Capa - Edição 815 (home) (Foto: ÉPOCA)

>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana

Maria Mariana tinha 19 anos quando decidiu abrir seus diários e mostrar o mundo dos adolescentes como ele nunca fora visto. Era 1992, e o universo juvenil – pelo menos, o pedaço feminino – estava trancafiado em agendas escondidas no criado-mudo. Decoradas com figurinhas que vinham no chiclete, imagens de galãs recortadas de revistas e versos da banda Legião Urbana, as agendas guardavam relatos inconfessáveis. Revelavam a angústia de ser preterida pela melhor amiga e o sentimento – revoltante! – de ser incompreendida pelos pais. Eram verdadeiras confissões de adolescente, que Mariana ousou revelar numa peça com o mesmo nome, em montagem acanhada na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro. Seu depoimento ressoou entre meninas e meninos, que se reconheceram naqueles dilemas e inquietações. “Os adolescentes se identificaram com um sentimento que eu achava que era só meu, de inadequação, e perceberam que poderiam ser eles mesmos”, diz Mariana, mais de duas décadas depois.

>> Por que nos sentimos tão feios?

Aos 40 anos, Mariana hoje  é mãe de quatro filhos, preocupa-se com aquilo a que a filha de 6 anos assiste na televisão e se orgulha da maturidade da mais velha, de 13, que já tem namorado. Enquanto ela e os antigos adolescentes de sua geração descobrem como trilhar a vida adulta, novos dramas juvenis continuam a se desenrolar. Agora, em bate-papos do programa de celular WhatsApp, perfis do Facebook e contas do Twitter. Se esses dramas não são idênticos aos vividos pelo pessoal que hoje passou dos 30 anos, guardam estreita semelhança com a intensidade das emoções que só a adolescência é capaz de evocar. É para falar dessa nova geração, nascida num mundo conectado pela internet, que a versão cinematográfica de Confissões de adolescente chegou a 400 salas no fim de semana.

>> 37% dos brasileiros não aceitariam um filho homossexual, diz pesquisa

O filme é dirigido por Daniel Filho, o responsável por transformar a peça em série de sucesso na TV Cultura, em 1994.Foram duas temporadas. A primeira, com 22 episódios, entrou para a memória afetiva daquela geração de adolescentes. A história girava em torno de quatro irmãs de 13 a 19 anos: Diana, Bárbara, Natália e Carol. Elas moravam com o pai mais boa-praça de que se tem notícia, Paulo, num apartamento de classe média, no Rio de Janeiro. Na versão que, agora, chega aos cinemas, as jovens são vividas por atrizes conhecidas do público adolescente. Bella Camero passou pelo seriado Malhação, da TV Globo, assim como Sophia Abrahão, agora na novela Amor à vida. Clara Tiezzi está no ar atualmente em Malhação e Malu Rodrigues participa da série Tapas e beijos. “O Daniel pediu para não assistirmos à série, para não ser influenciadas”, diz Malu, que interpreta Alice (Natália, na série da TV de 1994). Embora as duas tenham idades equivalentes, cor de cabelo igual e passem por situações parecidas, suas personalidades são distintas. Se Natália era uma romântica sonhadora, Alice é decidida e prática. Pode ser um sintoma de como os tempos (e os adolescentes) mudaram em duas décadas.

“Não basta atualizar a gíria ou colocar um celular na mão das pessoas”, diz o roteirista Matheus Souza, de 25 anos, responsável pela adaptação para o cinema – ele é o diretor de Apenas o fim, filme que, como Confissões de adolescente, retrata os dilemas da geração atual. “Há uma mudança comportamental.”

>> Continue lendo este especial em ÉPOCA desta semana

>>Assinante, você pode ler a ÉPOCA digital. Saiba como

>>Você também encontra ÉPOCA na banca da Apple no seu iPad

>>ÉPOCA também pode ser lida nos tablets com sistema Android

>>Abaixo, os conteúdos que você vai encontrar na edição desta semana
 

Sumário
11/01/2014 - Edição 815

Da Redação

Opinião

O Filtro

Personagem da semana
Dennis Rodman, ex-jogador da NBA, pediu desculpas após criticar americano preso pela Coreia do Norte

Caixa Postal

Guilherme Fiuza
Guerra psicológica, fraude real

Bombou na web
Quem parou para olhar o mar quase foi levado pela onda no Porto, Portugal

Dois Pontos

Felipe Patury
Uma pesquisa mostra que a torcida do Flamengo continua sendo a maior do Brasil

Teatro da política
Marina Silva e Eduardo Campos enfrentam as primeiras dificuldades

Cenas brasileiras
Pensionistas do Rio entram na Justiça para elevar benefício de R$ 25 mil para R$ 45 mil

Entrevista
Douglas Martins, o juiz que denunciou a barbárie carcerária no Maranhão

Caso extraordinário
Belo Monte, a maior obra em andamento no Brasil

Ensaio visual
A guerra civil na Síria já obrigou 2 milhões de pessoas a deixar o país

Em memória
Eusébio, o craque português que duelava com Pelé

Observador do erotismo
Os filmes que discutem a sexualidade das mulheres

Destruição criadora
Os estúdios de games são mais vulneráveis aos fracassos comerciais

Entrevista
O economista Mauro Leos analisa a economia brasileira

Dilemas da juventude
O que mudou nos adolescentes 20 anos após
a série Confissões de adolescenteleia trecho

Mente aberta
Barbara Heliodora, a maior crítica de teatro
do Brasil, sai de cena

Vida útil
As praias de água doce que oferecem natureza exuberante

Jairo Bouer
Falta educação sexual na escola e em casa

Bruno Astuto
Silvia Pfeifer faz aulas de canto para encarnar Maria Callas

Walcyr Carrasco
O preconceito vive

12 horas

Ruth de Aquino
Você está “nervosinho”?








especiais