O diretor dinamarquês Lars von Trier, de 'Antichrist' (Foto: Divulgação)
A entrevista coletiva com o diretor dinamarquês Lars Von Trier,
na manhã desta segunda-feira (18), em Cannes foi marcada por
provocações entre alguns jornalistas e o cineasta. Na noite
anterior, o diretor de "Dogville" causou polêmica ao
exibir
pela primeira vez seu novo filme, o terror
"Antichrist". Aplaudido por uns e vaiado por
outros, o longa traz cenas de sexo explícito e mutilação
genital.
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O senhor faça o favor de explicar por que fez esse filme?,
disparou um jornalista logo na primeira pergunta. "Não
tenho de me justificar. Não preciso me desculpar por nada. Vocês
são os meus convidados, não o contrário. Eu trabalho para mim
mesmo, não fiz esse filme para você ou para o público",
rebateu, visivelmente nervoso, o dinamarquês.
Von Trier já havia afirmado anteriormente que
'Antichrist' foi realizado como uma espécie de terapia
para se livrar de um processo depressivo recente - ainda que a
atmosfera perturbadora do longa, estrelado por Charlotte
Gainsbourg e Willem Dafoe esteja longe de ser algo
"tranquilizante". "É mais a rotina de fazer um
filme que funciona como terapia. Acordar todo dia e ir
trabalhar. Isso me ajudou com a depressão", explicou.
Ainda insatisfeitos com as respostas de Von Trier, os jornalistas
insistiram em saber por que "Antichrist" foi
realizado. "Nunca tive escolha, é a mão de Deus",
ironizou o diretor, que é ateu, mas revelou sua devoção pelo
cineasta russo Andrei Tarkovsky, em uma dedicatória ao final do
filme. "Tarkovsky é o verdadeiro Deus. Quando vi seu filme
pela primeira vez em um pequeno televisor, fiquei em êxtase.
Para mim, se formos falar de religiao, essa é uma relação
religiosa", defendeu.
Como se não bastasse, Von Trier deixou a falsa
modéstia do lado e, enfim, deu a sua resposta para o porquê de
ter filmado "Antichrist". "Fiz porque eu sou o
melhor diretor de filmes do mundo", cravou. "Tenho
certeza de que outros diretores também pensam assim. Nao estou
certo de que sou, eu apenas sinto que sou, oK?"
Alguns jornalistas aplaudiram, outros continuaram
irriquietos em suas cadeiras e o diretor, conhecido pelas
polêmicas, concluiu satisfeito. "Não me preocupo com as
críticas ou como o filme vai se sair ao redor do mundo. Já
recebi críticas negativas antes, e gosto. É um bom começo de discussão."