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VARIEDADE
Britto tem mais de mil produtos licenciados com suas obras,
entre bolsas, canetas, canecas e guarda-chuvas

O tempo dos dribles e passes surrealistas dos jogadores de futebol brasileiros ficou para trás, mas o futebol-arte não morreu. Ele ressurgirá na Copa do Mundo de 2014 com outra roupagem, pelas mãos do artista plástico pernambucano Romero Britto, 48 anos. Reconheciso internacionalmente, ele tem obras espalhadas por galerias nos EUA e na Europa e foi escolhido pela Fifa para representar o País como embaixador da Copa do Mundo. “Foi o máximo receber esse convite do Jérôme Valcke (secretário-geral da Fifa) e é muito bacana essa mensagem que ele quer passar, de que o Brasil tem futebol, mas também tem arte e muitas outras coisas, como criatividade, determinação e disciplina”, diz o artista.

Com a nomeação, Britto deverá desenvolver uma série de atividades no País até 2014. “Como um artista brasileiro renomado e embaixador, Romero Britto vai ajudar a entidade e o Comitê Organizador Local da Copa (COL) a promover, também, a Copa das Confederações, no ano que vem”, diz nota enviada pela Fifa. Uma das primeiras missões que a entidade deveria dar ao artista poderia ser o design da bola do mundial, principal objeto de desejo do evento. Na Copa da África, a jabulani foi a maior marca da competição. Com seu traço muito próprio e criativo, Britto poderá fazer uma bola que represente a alegria dos brasileiros com o esporte.

A expectativa é de que Britto ajude ainda a inspirar os jovens de comunidades desfavorecidas por meio das atividades do projeto Football for Hope (Futebol pela Esperança, movimento global que usa o futebol para atingir o desenvolvimento social sustentável) para que acreditem em seus sonhos e lutem por seus objetivos. “Essas atividades já estão sendo pensadas e serão desenvolvidas em conjunto com o próprio Britto”, conclui o documento da Fifa. A escolha do artista não foi feita ao acaso. Britto é uma das personalidades nacionais que mais fazem sucesso no Exterior. “Ele levou a nossa arte para todos os cantos do planeta e divulgou um pouco da criatividade brasileira. Futebol é esporte e arte”, defende o tetracampeão Bebeto, ex-jogador e hoje deputado estadual (PDT-RJ) e integrante do COL.

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PARCERIA
Britto e o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke,
visitam obras em estádio brasileiro 

Entre as pessoas ilustres que possuem obras de Britto – ele mora nos Estados Unidos desde 1988 – estão a presidenta Dilma Rousseff, o ator Arnold Schwarzenegger, a cantora Madonna, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente americano George Bush. Além de pintar, esculpir e fazer instalações, ele tem mais de mil produtos licenciados com suas obras, entre bolsas, canetas, canecas, guarda-chuvas, entre outros. O cargo de embaixador da Copa consolida uma troca de passes antiga entre Britto e o mundo dos esportes. “Cresci com seis irmãos, então, claro que sempre tinha bola na minha casa. Eu até jogava, mas estava sempre pintando”, conta o torcedor do Sport, que teve uma infância pobre no Recife e hoje também é fã do paulistano Corinthians. “Admiro muito a disciplina que o esporte dá. Ele foca as crianças em alguma coisa positiva e as ensina a ganhar e a perder. O futebol dialoga com todas as classes sociais.”

Britto também pretende deixar seu nome gravado na história de um dos estádios mais conhecidos do mundo: o Maracanã, no Rio de Janeiro. Ele esteve na cidade, em junho, e promoveu, em parceria com a Secretaria Estadual de Esportes, uma atividade que reuniu 40 crianças das comunidades pobres do Borel e da Chácara do Céu para comemorar os 62 anos do estádio. “Algumas dessas peças serão reproduzidas em ladrilhos nas rampas do Maracanã. Nossa ideia é retratar a esperança no futuro daquelas crianças que viviam em um lugar onde não havia paz”, antecipa o artista.

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