Fora da Itália pela primeira vez e em exposição a partir desta sexta-feira (5) em Brasília, a obra "Medusa Murtola", do pintor italiano Michelangelo Caravaggio (1571-1610) tem um seguro de 55 milhões de euros (cerca de R$ 144 milhões) para sua estada no Brasil. Em caso incêndio ou um sumiço, por exemplo, o valor deve ser pago ao dono, o italiano Alberto Zoffli, que veio ao Brasil para acompanhar a famosa pintura. O valor real da obra é considerado "inestimável".
"Medusa Murtola" – pintada em óleo sobre tela de linho aplicado a um escudo de madeira – é a primeira versão de "Medusa", feito com a mesma técnica e exposto em Florença, na Itália. A "nova medusa", no entanto, só foi reconhecida como um autêntico Caravaggio em 2011. Por meio de com radiografias e técnicas de investigações históricas, como infravermelho, especialistas conseguiram identificar todos os rascunhos do artista.
Zoffli conta que seu pai dedicou vários anos de estudos que pudessem atestar a autenticidade da obra. O valor do seguro foi estimado em maio, quando a exposição "Caravaggio e seus seguidores" foi inaugurada em Belo Horizonte. Para a próxima turnê da obra, que passará por Miami e por Washington, nos Estados Unidos, o valor do seguro já foi reavaliado e subiu para 88 milhões de euros.
do Planalto (Foto: Priscilla Mendes/G1)
"O valor está aumentando, a popularidade está aumentando. Todos estão gostando muito da Medusa", brincou o italiano. Enquanto a obra não está viajando, Zoffli a guarda em um cofre de banco. O cuidado é tanto que o dono viaja junto da obra a todos os lugares do mundo onde está exposta. "É melhor assim", disse, rindo.
A exposição "Caravaggio" será inaugurada nesta sexta-feira (5) pela presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em Brasília e encerra a programação do Momento Itália-Brasil 2011-2012, promovido pelas embaixadas dos dois países. Os seis quadros levados a Brasília são os principais da exposição "Caravaggio e seus seguidores", que passou por Belo Horizonte e São Paulo e seguirá ainda para Buenos Aires, na Argentina.
Climatização
A equipe que produz a exposição no Palácio do Planalto tem um cuidado especial com o clima seco capital federal, o que pode prejudicar a conservação de obras antigas e delicadas como as de Caravaggio. Nesta semana, uma das semanas mais secas do ano, a umidade relativa do ar em Brasília chegou a 13%.
Especialistas em conservação e restauração vieram da Universidade Federal de Minas Gerais para acompanhar a manutenção das obras, que datam de 400 anos atrás. A equipe faz monitoramento em tempo real da climatização do espaço que abriga os quadros, o Salão Leste do Palácio do Planalto.
"Os climatizadores mandam informações para diversos computadores que nos permitem ver a temperatura, como está a umidade, se vamos ter que colocar os umidificadores", explicou a museóloga e produtora da exposição, Eugênia Sarturi.
climatização monitorada da obra de Caravaggio
(Foto: Priscilla Mendes/G1)
Devido ao apagão que atingiu grande parte do Distrito Federal nesta quinta-feira, houve um pico de luz no Palácio do Planalto, cujos geradores mantiveram o prédio em pleno funcionamento ao longo do dia.
"A interrupção de energia sempre causa um certo desconforto", disse a produtora. "Se ficar um longo período, pode causar problema. Se é uma queda como acontece em qualquer lugar, o espaço está preparado para segurar a temperatura", afirmou Eugênia.
Todos os quadros, segundo ela, vieram de São Paulo em caixas especialmente preparadas para manter a climatização do local de onde saíram. "As caixas ficaram aqui no Palácio do Planalto dois dias para climatizarem também e se adaptarem ao clima. Não podíamos abrir de repente", contou.
Onde, quando, quanto
A exposição “Caravaggio” estará aberta ao público no Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, das 9h às 19h, todos os dias de 6 a 14 de outubro. A entrada é gratuita.
As obras expostas são: "Medusa Murtola" (coleção particular), de 1597; "Ritratto di Cardinale"(coleção Galleria degli Uffizi), de 1599 a 1600; "San Girolamo che Scrive" (coleção Galleria Borghese), de 1605 a 1606; "San Francesco in Meditazione" (coleção Palazzo Barberini), de 1606; "San Giovanni Battista che Nutre l’Agnello" (coleção particular), do final da primeira década do século XVII, e "San Gennaro Decollato o Sant’Agapito" (Museo Diocesano), de 1610.
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