Sangue Verde, obra de David Gonçalves, sintetiza retrato da destruição da maior floresta do mundo

Escritor, presidente da Associação Confraria das Letras, de Joinville, lança em março romance épico sobre conflitos do cerrado e da floresta amazônica

O escritor David Gonçalves mora em Joinville, a quase 3.000 quilômetros da Amazônia. Mas toda essa distância não o impede de criticar o desmatamento e refletir sobre a vida cultural, econômica, política e social da região que abriga a maior floresta do mundo. Para fazer esse debate, ele criou o denso romance “Sangue Verde”, de mais de 400 páginas, que está em fase final de edição e deve lançar no final de março.

Como pede um tema tão cheio de conflitos e marcado pela disputa de forças, Gonçalves se debruçou sobre ele durante os últimos cinco anos, tempo em que se dedicou quase só para essa obra. “Escrevi muito pouco nesse período, somente um livro técnico, algumas crônicas, pois tinha que me dedicar, pelo tamanho do tema”, conta o escritor, fazendo referência a grandes escritores que também precisaram de tempo para escrever.

Rogério Souza Jr./ND

Gonçalves dedicou os últimos cinco anos às pesquisas e à produção da obra em que pretende chamar atenção para a vida, e a devastação, em torno da maior floresta do mundo

O formato de um romance épico foi escolhido pelo autor, que preside a Associação Confraria das Letras, justamente para conseguir dar espaço a todas as nuances que Gonçalves queria incluir na obra, abrangendo grande parte do que se passa pela região amazônica em uma história mais recente. “Fazer uma crônica ou um poema sobre um tema como esse seria apenas uma perfumaria”.

Na história, não há um personagem central, mas vários, com vida própria, sem dependência do narrador, que representam uma população em constante movimentação, que “está o tempo todo se mexendo”, como explica o escritor. Gonçalves diz ter feito uma obra em cima da realidade, no que ele classifica de realismo fantástico, que afirma estar presente e outras de suas obras. A intenção é promover uma análise contemporânea, “mostrando o que está acontecendo”.

A ligação com a causa

Gonçalves passou a dar importância para a causa da Amazônia e do serrado quando conheceu a obra do escritor goiano Hugo de Carvalho Ramos e o livro “Tropas e Boiadas”, em 1974. A partir daí, passou a olhar com atenção para a destruição do serrado. A floresta amazônica veio por consequência, pois é outra região que sofre com o desmatamento. Deste então, fez várias visitas à região e passou um tempo conhecendo.

“Sem deixar passar um”, o autor retrata várias figuras que fazem parte desse contexto, desde o indígena até o produtor que sai do sul do Brasil para ganhar dinheiro na floresta amazônica. O livro promete causar desconforto em muita gente, mas sem fazer crítica apenas pela crítica, mas algo mais profundo, trazendo à tona muitas questões emblemáticas, denunciando a destruição de um dos maiores bens naturais da humanidade.

Lançamento nacional

O lançamento não deve se restringir apenas a Joinville. A pretensão é rodar o país divulgando o livro, com um roteiro que passe por grandes capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. O próprio autor reconhece que a obra é longa, mas, por outro lado, diz que não pode ficar somente focado no marketing, precisa colocar a obra na rua, fazer o que precisa ser feito.

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